Padrasto chegou a ser indiciado por matar e esconder o corpo do menino. Mas Ministério Público pediu mais investigações, pois considerou as provas pouco concretas. Pedro Lucas Santos desapareceu em Rio Verde, Goiás
Divulgação/Polícia Civil
O desaparecimento de Pedro Lucas Silva Santos completa 1 ano sem respostas nesta sexta-feira (1º). A criança negra, de bermuda e camiseta azul andava pelas ruas de Rio Verde, no sudoeste goiano, sem chamar atenção. Segundo as investigações, era rotina deixar o irmão caçula na escola e seguir para outra instituição de ensino, onde estudava. Naquele dia, ele chegou a assistir às aulas, mas depois seguiu um destino até hoje desconhecido. O menino, na época com 8 anos, não foi mais visto.
“O desejo é que encontrem o Pedro Lucas, vivo ou morto, mas que o encontrem”, declarou a defesa do padrasto sobre como a família se sente com a marca de 1 ano sem respostas.
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O padrasto José Domingos Silva Santos chegou a ser preso no dia 8 de janeiro deste ano suspeito de matar e ocultar o corpo do menino. Mas foi solto dois meses depois, no dia 8 de março, porque o Ministério Público de Goiás (MPGO) considerou que não existem provas concretas de que ele tenha feito isso. O homem sempre disse ser inocente (leia abaixo motivos que levaram a polícia a culpá-lo).
“No inquérito e no próprio processo não existem provas contundentes de que seja o José Domingos. A Polícia Civil tinha até seis meses atrás a convicção de que era ele, mas a promotoria e a defesa entendem que não existem provas suficientes para indicar se quer que o Pedro Lucas esteja morto”, declararam os advogados do padrasto, Felipe Mendes Vilela e Lindomberto Moraes da Silva ao g1.
Sem evidências, a 11ª Promotoria de Justiça de Rio Verde mandou o caso voltar para a Polícia Civil, que fica com o dever de fazer novas buscas e ouvir outras testemunhas, com possíveis novidades do caso. Mas até o momento, não há atualizações. O g1 entrou em contato com o delegado responsável, mas não houve retorno até a última atualização da matéria.
Ao portal, o Ministério Público fez um apelo: “Qualquer informação, mesmo que mínima, pode ser útil para investigação, pedimos que a população entre em contato com a delegacia ou com o MP caso possua alguma informação sobre o caso”.
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O g1 não conseguiu contato direto com o padrasto e nem com a mãe do menino, Elisângela Pereira dos Santos, para um entrevista. Na época do desaparecimento do filho, Elisângela deu declarações emocionadas, dizendo que sonhava diariamente com o menino. Pedro Lucas completou 9 anos em 21 de novembro do ano passado, vinte dias depois de sumir.
Padrasto virou suspeito
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No ano passado, o padrasto de Pedro Lucas foi indiciado pela Polícia Civil como suspeito do crime. Na época, o delegado Adelson Candeo explicou ao g1 os motivos. Veja lista abaixo:
Demora para registrar ocorrência: Pedro Lucas desapareceu no dia 1º de novembro, mas o sumiço só chegou ao conhecimento da polícia quatro dias depois, após uma denúncia anônima chegar ao Conselho Tutelar.
Mentira no depoimento: A mãe e o padrasto mentiram no primeiro depoimento após serem questionados sobre a demora. Eles alegaram que imaginavam que Pedro Lucas estivesse com a avó, quando, na verdade, a avó estava em casa, na presença dos outros familiares, no momento do desaparecimento. Depois, a mãe do menino confirmou ter mentido e disse que ficou com medo de seus outros filhos menores serem acolhidos pelo Conselho Tutelar.
Padrasto buscou irmão caçula na escola: O padrasto, que nunca buscou o irmão mais novo de Pedro Lucas na escola, foi buscá-lo no dia do desaparecimento. Normalmente, era Pedro Lucas quem buscava o irmão. Para o delegado, o fato indica que o padrasto sabia que o enteado não poderia ir até a escola no horário.
O que fez depois: Foram constatadas inconsistências sobre o que o padrasto teria feito depois de retornar com o irmão mais novo de Pedro Lucas para casa. José alegou ter ido rapidamente ao comércio ao lado para comprar um sabonete. Para o irmão de Pedro Lucas, ele afirmou que iria à casa de um amigo, pegou o celular e saiu. Elisângela disse que chegou em casa e o irmão de Pedro Lucas estava sozinho e que não se lembrava que horas o companheiro chegou em casa. Para a polícia, isso sugere que um fato não relatado ocorreu naquele momento.
Contradições: Inicialmente, José afirmou que ele e Elisângela ligaram para a avó de Pedro Lucas para saber dele.
Depois, disse que só souberam do desaparecimento no dia seguinte. Mas às 16h47 do dia do desaparecimento já havia mensagens trocadas com a avó do garoto sobre o desaparecimento dele.
O padrasto mencionou ter ido pessoalmente à casa da avó de Pedro Lucas para saber dele no dia 1º de novembro. Contraditoriamente, Elisângela afirmou que ninguém saiu de casa naquela noite.
Relação entre padrasto e enteado: Uma amiga próxima de Pedro Lucas, contou à polícia sobre agressões físicas e psicológicas do padrasto. A menina de 11 anos disse que José odiava o enteado e que Pedro Lucas já havia dito que “nunca queria ter ele em sua vida”. Segundo ela, em várias ocasiões Pedro Lucas chorava no quarto e que ela chegou a ver marcas de agressões nele.
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Pedro Lucas Santos desapareceu em Rio Verde
Reprodução/TV Anhanguera
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Quem tiver informações sobre o paradeiro de Pedro Lucas ou sobre qualquer outra pessoa desaparecida pode ajudar ligando para a Polícia Civil pelos números 197, (62) 3201-4826 ou (62) 3201-4834. Sua ajuda faz diferença.
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