1 de janeiro de 2025

Casos de estelionato pela Internet disparam no Rio; só este ano já são 25 mil golpes

Em 2017, foram registrados 17.305 estelionatos na capital. Os números chegaram a 62.829 no ano passado. E só esse ano, até abril, já foram 24.712 casos. Casos de estelionato pela Internet disparam no Rio
O número de estelionatos vem crescendo no Rio de Janeiro e muitos golpes são praticados pela internet. Este ano, já foram registrados quase 25 mil casos só na capital.
As vítimas acabando sendo iludidas por sites ou redes sociais dos criminosos. Após quatro dias desaparecido, o aposentado Jorge Alexandre Passos voltou para casa com feridas no rosto e nos braços. Ele diz que foi enganado por uma mulher que conheceu na internet.
O aposentado conta que saiu da casa dele em Campo Grande, na Zona Oeste, e foi encontrar a mulher em Seropédica, na Baixada Fluminense. Ele acredita que ficou pelo menos 4 dias desacordado.
“Eu fui numa quinta-feira, como meus filhos, falaram. Só voltei numa segunda. Só fui me lembrar de alguma coisa quando cheguei em casa.”
O prejuízo, segundo ele, ficou na faixa dos R$ 17 ou 18 mil. “Ela pegou meu cartão, de crédito, débito, foi depenando o que ela podia fazer.”
Os filhos do aposentado dizem que o pai voltou para casa num carro de aplicativo. “É um sentimento de impotência, você saber que o cara que te criou, você vê naquele estado, sangrando, grogue”, diz Alexandre Jorge.
“Muitas compras em supermercado, compras em lojas de roupa, em lanchonete, eletrodoméstico.”
As redes sociais e aplicativos de mensagens e relacionamento facilitam a ação dos bandidos. Pela internet as vítimas são atraídas para lugares onde são roubadas ou agredidas, como aconteceu com Jorge. Ou então, são alvos de golpes que acontecem dentro do ambiente virtual.
Dados do ISP
Um levantamento do RJ2 feito com base em dados do Instituto de Segurança Pública mostra que o número de estelionatos no Rio disparou nos últimos anos.
O artigo 171 do Código Penal diz que o estelionato consiste no ato de “obter, para si ou para outro, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento.”
Em 2017, foram registrados 17.305 estelionatos na capital. Os números chegaram a 62.829 no ano passado. E só esse ano, até abril, já foram 24.712 casos.
As estatísticas estaduais mostram que os golpes cometidos na internet também deram um salto: passaram de 3.787, em 2019, para 11.483 no ano passado.
Crimes, aliás, que o RJ2 tem mostrado com frequência. Interagindo com as próprias vítimas por redes sociais ou telefone criminosos têm acesso a dados pessoais (nome, endereço, e-mail e CPF) e assim conseguem roubar dinheiro de clientes de concessionárias de água e energia, por exemplo.
Carla Cardoso ficou no prejuízo quando descobriu que tinha pagado um boleto falsificado.
“Eu fiz a solicitação ao Google da segunda via da conta da Águas do Rio no valor de R$ 218,17 e efetuei o pagamento. Pouco mais de quinze dias a empresa começou a me mandar mensagem dizendo que a conta não tinha sido paga.”
O professor de direito digital e diretor do Instituto Tecnologia e Sociedade aconselha: na internet é preciso criar o hábito de desconfiar.
“É importante sempre pesquisar. Será que aquele boleto foi realmente emitido? Será que a instituição financeira responde por aquela informação? Será que o site que oferece aquele produto é um site que é confiável?”, diz Carlos Affonso Souza, professor da Uerj.
“Uma saudável desconfiança na internet é uma medida de sobrevivência para não cair em golpes. Isso vale desde aplicativos de namoro a comércio eletrônico. Se um determinado produto está muito abaixo do que é vendido em outros sites, desconfie.”
O que dizem os citados
A Águas do Rio informou que costuma fazer busca de endereços falsos na internet para que eles sejam retirados do ar e pede que os clientes entrem apenas no site oficial da empresa.
A Polícia Civil afirma que investiga golpes pela internet e que a delegacia de Seropédica está tentando identificar e prender a mulher que enganou o aposentado Jorge.

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