20 de setembro de 2024

‘Casuísmo’, diz relator no Senado sobre pressão de deputados da oposição para aprovar PEC que limita foro

Líder do governo no Congresso, Randolfe lembra que proposta está parada desde 2018 na Câmara. Texto ganhou força com operações em gabinetes e julgamento no STF sobre o tema. Líder do governo no Congresso Nacional, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP).
Pedro França/Agência Senado
Relator no Senado da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que limita o foro privilegiado, o senador Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), disse nesta quarta-feira (3) que os deputados da oposição que hoje defendem o avanço da proposta o fazem por “casuísmo”.
A favor do texto, Randolfe lembra que a PEC foi aprovada em 2017 pelo Senado e, desde 2018, está parada na Câmara – ano em que foi aprovada pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e pela comissão especial.
“Sou a favor do fim do foro privilegiado por princípio, não por casuísmo. A PEC passou anos parada na Câmara dos Deputados. Agora, porque deputados criminosos estão sendo investigados pelo Supremo, querem casuisticamente aprovar”, disse o líder do governo no Congresso à GloboNews.
A PEC em discussão restringe a prerrogativa foro privilegiado aos presidentes dos Três Poderes – da República, da Câmara e do Senado e do Supremo Tribunal Federal (STF).
À época, a estimativa era de que a promulgação da proposta deixaria até 30 mil pessoas sem foro, que passariam a ser julgadas pela justiça nos estados e não mais pelo STF.
A PEC foi aprovada no Senado na esteira da Operação Lava Jato, em resposta a um apelo popular para que políticos que, eventualmente, perdessem o foro pudessem ser investigados pela 13ª Vara Federal de Curitiba, que tinha Sergio Moro como juiz titular.
Foro privilegiado: tema opõe legislativo e judiciário
Assunto retornou ao debate nas últimas semanas
O tema voltou à tona nas últimas semanas em Brasília, desde que foram feitas operações autorizadas pelo STF nos gabinetes de parlamentares.
Deputados e senadores da oposição criticam a atuação do ministro Alexandre de Moraes nos processos.
E o julgamento do Supremo que pode ampliar o alcance do foro privilegiado deu ainda mais força à proposta no Congresso.
O relator do caso, ministro Gilmar Mendes, defende a manutenção do foro mesmo se a autoridade deixar o cargo – o que pode ter impacto, por exemplo, em ações que envolvem o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o deputado Chiquinho Brazão (sem partido-RJ), acusado de ser um dos mandantes do assassinato de Marielle Franco.
Pressão para votação
A PEC já pode ser votada diretamente no plenário da Câmara e, se não sofrer alterações, será promulgada.
Parlamentares da oposição têm pedido ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), para que paute a proposta. O assunto deve fazer parte da próxima reunião de líderes em Brasília, na terça-feira (9).
“Tema prioritário. Vamos trabalhar para que seja pautada”, disse a líder da Minoria, Bia Kicis (PL-DF).
Reservadamente, deputados do Centrão dizem que o tema é um movimento da oposição e que Lira não demonstrou pressa nem boa vontade para votá-lo. Porém, alguns desses parlamentares avaliam que, havendo consenso, a proposta pode ser pautada.
Segundo esses deputados, há um movimento incipiente para livrar da prisão o deputado Chiquinho Brazao (sem partido-RJ).
Lideranças da Casa avaliam que essa medida seria muito ruim para a imagem da Câmara. E que a votação da PEC seria uma “moeda de troca” para garantir a manutenção da prisão do parlamentar.
Presidente do STF libera a retomada do julgamento sobre foro privilegiado de políticos

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