16 de novembro de 2024

Catálogo de garotas de programa para presos e rebeliões: ex-diretor revela corrupção em presídios do ES

Rafael Lopes Cavalcanti Ribeiro apontou ao Ministério Público que servidores, ex-servidores e até membros de gestão, como secretarias, advogados e presos, estariam envolvidos no suposto esquema. Ex-diretor adjunto de penitenciária revela detalhes de corrupção em presídios do estado
Um forte esquema de corrupção em presídios do Espírito Santo foi revelado pelo ex-diretor adjunto da Penitenciária de Segurança Máxima 1, que fica em Viana, na Região Metropolitana de Vitória. Rafael Lopes Cavalcanti Ribeiro foi preso em fevereiro deste ano em uma operação do Ministério Público que investigava o esquema, mas está em liberdade desde o último dia 12.
Em delação, ele deu detalhes sobre a transferência irregular de presos, vendas de postos de trabalho, planejamento de rebeliões. Até mesmo um catálogo com garotas de programa era oferecido para os detentos terem visitas íntimas.
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Segundo o MP, um grupo criminoso instaurado no sistema penitenciário garantia vantagens indevidas aos presos. Quatro pessoas foram alvo das investigações do Ministério Público. E o ex-diretor foi apontado como mentor do esquema.
Rafael apontou ao Ministério Público que servidores, ex-servidores, algumas pessoas que ocuparam cargos de gestão, como secretarias, advogados e presos, também estariam envolvidos no suposto esquema.
As informações iniciais foram repassadas pela colunista de A Gazeta, Vilmara Fernandes.
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Entre os outros envolvidos estavam o detento Leonardo Pessigatt Rodrigues, que era o responsável por fazer a negociação dos benefícios com os demais presos; Jairo Gonçalves Rodrigues, aposentado que se apresentava como assessor parlamentar e é pai do detento Leonardo; e a advogada Mariana de Sousa Loyola Belmont, casada com um preso, era a responsável por fazer a coleta do dinheiro.
A decisão judicial relatou que Jairo chegou a ter acesso à parte administrativa do presídio para oferecer as vantagens indevidas.
O ex-diretor responde ao processo em liberdade. Na época em que foi preso, a reportagem da TV Gazeta apurou que um carro de luxo apreendido seria do ex-diretor do presídio, mas não estava registrado no nome dele para não levantar suspeitas.
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A Secretaria da Justiça (Sejus) informou que segue colaborando com as investigações deflagradas pelo Ministério Público. Enfatizou, ainda, que não compactua com atos ilícitos que comprometam a boa gestão e transparência nas ações do sistema penitenciário capixaba.
Carro de luxo foi apreendido em operação no Espírito Santo. Ele seria do ex-diretor adjunto, Rafael Lopes Cavalcanti Ribeiro.
Reprodução/TV Gazeta
A Polícia Penal disse que o servidor mencionado recebeu alvará de soltura em 12 de agosto e responde ao processo em liberdade.
Não há determinação judicial para afastamento ao trabalho. Atualmente, o servidor encontra-se de atestado médico e, se retornar ao trabalho, será realocado fora das unidades prisionais em atividade administrativa. Informamos ainda que foi aberta uma sindicância na corregedoria da Polícia Penal.
O advogado de Rafael Cavalcanti, Fábio Marçal, se recusou a falar sobre o assunto. Disse que o processo tramita em sigilo e que as informações sobre a delação são mera suposição.
A reportagem não conseguiu contato com as defesas dos demais citados.
Detalhes
Os detentos eram transferidos de forma irregular para outras unidades, até mesmo fora do estado. Postos de trabalho em um projeto social de bonecos de crochê eram vendidos por até R$ 4 mil. Essas negociações podem ter movimentado até R$ 400 mil por mês.
Penitenciária de Segurança Máxima I em Viana, Espírito Santo
Reprodução/TV Gazeta
Ainda segundo as investigações, houve o planejamento de rebeliões e greve de fome para derrubar o diretor da Penitenciária de Segurança Máxima 1, a quem Rafael substituiu no período de férias entre novembro e dezembro de 2022.
As investigações mostraram ainda que o grupo criminoso permitia a entrada de ex detentos que faziam parte de organizações criminosas na penitenciária.
As visitas íntimas também eram liberadas para os detentos que não tinham direito. Até um catálogo com garotas de programa era oferecido, e eles precisavam pagar entre R$ 2,5 mil e R$ 4 mil para poder receber as visitas.
Essa situação provocou a indignação dos familiares de outros presos, que passam por um rigoroso sistema de segurança para entrar na unidade.
Penitenciária de Segurança Máxima I em Viana, Espírito Santo
Reprodução/TV Gazeta
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