8 de janeiro de 2025

Caverna do Diabo, incêndio e reforma: conheça curiosidades da história do Theatro Pedro II

Prédio no coração de Ribeirão Preto, SP, é considerado o terceiro maior teatro de ópera do Brasil em capacidade de público e foi tombado como patrimônio cultural em 1982. O Theatro Pedro II no Centro de Ribeirão Preto, SP
Érico Andrade/g1
É difícil encontrar uma pessoa que mora em Ribeirão Preto (SP) ou já passou pela cidade que não tenha ouvido falar do Theatro Pedro II. A estrutura, tombada como patrimônio cultural, é considerada o terceiro maior teatro de ópera do país em capacidade de público, mas sua importância vai além de quantas pessoas consegue abrigar.
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Desde sua inauguração em 1930, o teatro passou por inúmeros momentos e transformações, como o período em que o subsolo era chamado de “Caverna do Diabo”, o incêndio em 1980 que comprometeu a estrutura do local e uma reforma que permitiu a criação de dois níveis com espaço para serviços de apoio artístico e carpintaria.
”Além de ser uma importante referência cultural, não apenas ribeirãopretana, como também, paulista, o trabalho cultural que a Fundação Dom Pedro II realiza, torna o Theatro um dos mais importantes polos culturais do país”, conta a historiadora Lilian Rodrigues de Oliveira Rosa.
Nesta quarta-feira (27), quando é celebrado o Dia Mundial do Teatro, o g1 foi em busca de curiosidades sobre o prédio cultural que é palco de grandes espetáculos. Acompanhe.
Theatro Pedro II anunciava peça “A tragédia do fim do mundo” na década de 1930 em Ribeirão Preto
Arquivo Público de Ribeirão Preto
🎞Inauguração com sessão de cinema
O teatro foi criado pela Cervejaria Paulista na Rua Álvares Cabral entre o Edifício Meira Júnior e o Palace Hotel, atualmente, o Centro Cultural. O prédio, no Centro de Ribeirão Preto, faz parte do projeto do Quarteirão Paulista que foi acompanhado por João Alves Meira Júnior, presidente da companhia.
Em 8 de outubro de 1930, época dos barões do café, o Theatro Pedro II foi inaugurado, dois anos após sua planta, com referências da arquitetura europeia, ser aprovada pela prefeitura.
O evento reuniu centenas de pessoas para assistir ao filme “Alvorada do Amor”, de 1929, uma comédia musical norte-americana dirigida por Ernest Lubitsch.
😈Caverna do Diabo
Nos anos seguintes, entre as décadas de 1950 e 1970, o subsolo do teatro foi transformado em um salão de bailes carnavalescos e ficou conhecido como Caverna do Diabo. A historiadora explica que o local era ponto de encontro dos moradores da cidade, movimentando a vida noturna.
“Nos anos 1960, ocorria o carnaval de salão chamado de “Carnaval do Caverna”. Algumas das pessoas que viveram na época lembram que no local existia bar e sinuca. No carnaval essas mesas eram retiradas para realização dos bailes”, conta.
Veja a galeria de fotos:
Theatro Pedro II teve estrutura danificada em incêndio em 1980 e reabriu em 1996
🔥Incêndio durante filme
Foi depois de ser comprada pela Cervejaria Antarctica, que a estrutura sofreu um incêndio. A historiadora explica que acredita-se que o fogo começou por conta de um curto-circuito, causado pela má conservação do prédio.
Assim, em 15 de julho de 1980, quem estava no Theatro à noite para assistir ao filme “Os Três Mosqueteiros Trapalhões” viu o incêndio destruir a cobertura, o forro do palco e grande parte do interior, o que fez com que a estrutura fosse comprometida e o teatro, fechado.
🎭Patrimônio cultural e reforma
Em 7 de maio de 1982, o Theatro Pedro II foi tombado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico Artístico, Arqueológico e Turístico do Estado de São Paulo (Condephaat), para não ser demolido.
Artistas, intelectuais, atletas, cidadãos e políticos realizaram campanhas pela preservação do prédio e pelo resgate de sua função cultural.
No total, apesar de ter sua importância reconhecida, o teatro ficou 16 anos fechado até voltar a receber espetáculos em junho de 1996. A estrutura passou pelas etapas de restauração e reconstrução que foram iniciadas em 1991, bancadas com recursos municipais e da iniciativa privada.
Na reforma, que durou cinco anos, as características arquitetônicas originais foram mantidas. A cúpula metálica da plateia principal foi reconstruída, projeto assinado pela artista plástica Tomie Ohtake, e a caixa cênica foi rebaixada em seis metros. Além disso, foi criado um subsolo com mais dois níveis de espaços para serviços de apoio artístico, oficina de cenário, carpintaria e almoxarifado técnico.
Durante o mês de janeiro, o teatro fecha as portas ao público e passa por uma série de manutenções. Inclusive o lustre em forma de gota, que orna o teto desenhado por Tomie Ohtake, passa por limpeza e troca de lâmpadas.
Cúpula do Theatro Pedro II em Ribeirão Preto
Reprodução/ Acervo EP
🎤Quem já esteve nos palcos do Theatro
Em mais de 90 anos de história, várias personalidades passaram pelo Theatro Pedro II, como o bailarino Mikhail Baryshnikov, os maestros Zubin Mehta e João Carlos Martins, cantores como Milton Nascimento, Maria Betânia, Oswaldo Montenegro e Almir Sater, e atores como Tônia Carreiro, Raul Cortez, Paulo Autran, Antônio Fagundes, Vera Holtz e Marcos Caruso.
O rei Roberto Carlos, um dos maiores artistas brasileiros, esteve no final de 2023 no palco e encantou os fãs com sucessos que marcaram gerações, como “Emoções”, “Como é Grande o Meu Amor Por Você” e “Esse Cara Sou Eu”.
Roberto Carlos já esteve nos palcos do Theatro Pedro II
Alexandre Lago
Uma das maiores cantoras da Música Popular Brasileira (MPB), Gal Costa se apresentou duas vezes em julho de 2022, com a turnê “As Várias Pontas de uma Estrela”. Em novembro do mesmo ano, a artista faleceu e alguns fãs que estiveram presentes no show relembraram a última passagem dela na cidade.
A cantora Sandy, que conquistou o Brasil desde criança junto com seu irmão Júnior, passou, já em sua carreira solo, por Ribeirão Preto com sua turnê “Meu Canto” em 2017. Ela revistou, com o público, trabalhos como “Manuscrito”, “Sim” e até mesmo “Sandy & Junior”.
Gal Costa já esteve nos palcos do Theatro Pedro II
Marcos Hermes / Divulgação
*Sob supervisão de Rodolfo Tiengo e Thaisa Figueiredo
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