9 de janeiro de 2025

CEI dos ataques hackers define membros e data da 1ª reunião para apurar suposta invasão a redes sociais de políticos de Bauru

Criminoso teria sido contratado por Walmir Braga, ex-assessor do deputado estadual Paulo Corrêa Júnior (PSD) e cunhado de Suéllen Rosim (PSD). Alvos seriam adversários políticos da prefeita da cidade. Câmara de Bauru (SP) irá apurar suposto ataque cibernético a políticos da cidade
Divulgação
Os vereadores de Bauru (SP) definiram oficialmente os membros da Comissão Especial de Inquérito (CEI) criada para investigar a suposta contratação de um hacker para monitorar políticos e adversários políticos da prefeita da cidade, Suéllen Rosim (PSD), e marcaram a primeira reunião do colegiado para esta quarta-feira (5).
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A CEI dos ataques hackers, como ficou conhecida na Câmara de Bauru, será presidida pelo vereador José Roberto Segalla (União Brasil) e tem Markinho Souza (MDB) como relator. Também são membros Pastor Edson Miguel (Republicanos), Marcelo Afonso (PSD) e Eduardo Borgo (Novo). A definição foi feita na segunda-feira (3), durante a 18ª sessão ordinária.
Vereadores da CEI dos ataques hackers têm 90 dias para entrega do relatório final
Câmara de Bauru/Divulgação
O grupo fará a primeira reunião para a definição de cronogramas dos trabalhos nesta quarta-feira, às 10h. As atividades são públicas e serão realizadas no plenário da Casa de Leis.
Os vereadores têm, a princípio, 90 dias desde a instauração da CEI para a entrega do relatório final, devendo ocorrer até 2 de setembro. O colegiado ainda poderá prorrogar os trabalhos da comissão por mais 30 dias.
Ataque a adversários políticos
O ataque, supostamente ordenado por Walmir Braga, ex-assessor do deputado estadual Paulo Corrêa Júnior (PSD) e cunhado da prefeita da cidade, teria tido como alvos a vereadora de Bauru Estela Almagro (PT) e o jornalista da cidade Nelson Itaberá. O caso também é investigado na esfera criminal pela Polícia Federal (PF).
Walmir é assessor do deputado estadual Paulo Corrêa Júnior (PSD) e cunhado da prefeita de Bauru, Suéllen Rosim (PSD)
Arquivo pessoal
Na esfera política, a CEI, composta pelos vereadores Marcelo Afonso, José Roberto Segalla, Eduardo Borgo, Edson Miguel e Markinho Souza, irá apurar o caso e o possível envolvimento da chefe do Executivo.
Uma Comissão Temporária (CT) já foi aberta pela Câmara de Bauru para apurar o suposto ataque cibernético. Durante os trabalhos, o hacker Patrick César da Silva Brito, o assessor do gabinete da prefeita, Leonardo Marcari, e as supostas vítimas do ataque cibernético prestaram depoimentos.
A prefeita Suéllen Rosim e o cunhado dela, Walmir Braga, foram convocados a depor, mas não compareceram.
Hacker assumiu invasão durante em depoimento à Câmara Municipal de Bauru (SP) durante uma sessão da Comissão Temporária (CT)
Reprodução/TV TEM
Em depoimento à Câmara de Vereadores de Bauru, o hacker confirmou ter invadido as redes sociais da Vereadora Estela Almagro (PT) e do jornalista Nelson Itaberá, a mando de Walmir Braga.
“O Walmir entrou em contato comigo, explicou que era cunhado da prefeita de Bauru e que tinha mostrado o material que eu tinha enviado para ele por e-mail para a prefeita e que ela tinha gostado muito. E ele pediu para que eu hackeasse a Estela [vereadora]”, disse Patrick durante o depoimento.
Hacker confirma invasão de redes sociais de vereadora a mando de cunhado da prefeita
Ele confirmou que derrubou as redes sociais da parlamentar e que chegou a especular com Walmir sobre fazer o mesmo com outros vereadores e até com o vice-prefeito Orlando Costas Dias, mas que não prosseguiu com a invasão.
Em nota ao g1, Walmir contou que foi procurado por Patrick após ataques sofridos nas redes sociais pela esposa, irmã da prefeita de Bauru. Ele contou que o hacker ofereceu serviços cibernéticos para apurar os ataques contra ela.
Walmir afirmou, ainda, que achava que era um serviço legal, que não teria nenhum problema, mas que depois descobriu que o hacker tinha métodos ilegais para realizar esse trabalho e encerrou a negociação. Ele reitera a inocência com relação a todas as acusações.
Walmir Braga é ex-assessor parlamentar do deputado estadual Paulo Corrêa Júnior (PSD)
Reprodução
Em nota, a prefeita Suéllen Rosim disse que não possui ligação alguma com o assunto, e não tem o que manifestar a respeito.
Hacker contratado?
A investigação apura se, em 2021, Walmir teria contratado o hacker Patrick César da Silva Brito, que chegou a ser preso na Sérvia após ter sido detido pela Interpol, mas foi solto no fim do ano passado.
Patrick passou a ser investigado depois que o e-mail de Dilador Borges (PSDB), prefeito de Araçatuba, foi invadido, em dezembro de 2020.
Hacker Patrick César da Silva Brito, de Araçatuba (SP), foi preso na Sérvia
Reprodução
A Polícia Civil de Araçatuba (SP), por meio da 10ª Corregedoria Auxiliar, investiga a conduta de um policial civil, que teria apresentado o hacker a possíveis contratantes do serviço ilegal. O agente é irmão de Walmir Braga.
Outras investigações
A Comissão de Fiscalização e Justiça da Câmara de Vereadores de Bauru protocolou, em outubro de 2023, um pedido de apuração da conduta do até então assessor parlamentar Walmir Braga.
O caso também está sendo investigado pelo Ministério Público, mas corre em segredo de Justiça. Walmir foi exonerado após as denúncias.
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