21 de setembro de 2024

Centro Histórico de SP volta a ficar sem energia; Enel alega furto de cabos na rede subterrânea

Problema começou por volta das 16h desta quinta (5) e segue ainda sem prazo para ser normalizado. Moradores dizem que apagões já se tornaram rotina. Comerciantes chegam a gastar R$10 mil com geradores. Falta de energia elétrica no centro de São Paulo
Moradores e comerciantes de vias próximas ao Mercadão Municipal, no Centro de São Paulo, voltaram a ficar sem energia. O problema atinge estabelecimentos das ruas Cantareira, Miguel Carlos e Comendador Afonso desde as 16h de quinta-feira (4).
Questionada, a Enel alegou que a interrupção foi provocada por um furto de cabos da rede subterrânea, o que impossibilitou que o restabelecimento fosse feito de forma automática. A companhia diz ainda trabalhar para restabelecer o fornecimento no menor prazo possível.
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No entanto, quem vive na região relata que os apagões já se tornaram rotina e que tem sido frequente a presença de funcionários da Enel.
“São dois anos que a gente está passando por isso. Sou da Rua Miguel Carlos, e há dois anos a gente está passando por esse problema. (…) Às vezes, chega a ficar 24 horas, chega a ficar sete dias sem energia”, contou Natanael Ramos de Lima.
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O Mercadão continua funcionando por causa dos geradores. Mas as lojas em volta ficam abertas, funcionando sem luz, sem gerador e com pagamento apenas por pix, dinheiro ou enquanto durar a bateria da maquininha de cartão. Os funcionários reclamam que o apagão tem afastado os clientes, que não entram nos estabelecimentos sem luz.
Para conseguir manter os produtos e minimizar os prejuízos, comerciantes têm investido semanalmente na contratação de geradores.
“Já é a segunda vez. Faz dez dias que acabou também. Ficou um dia e meio. Aí aluguei. Paguei R$ 6 mil por 12 horas. E ontem acabou de novo e tive que alugar, porque estava derretendo sorvete, derretendo tudo. Em dez dias, dez mil reais”, contou Antônio Gomes, proprietário de mercado e padaria na região.
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Segundo o professor de Engenharia Elétrica no Instituto Mauá de Tecnologia, Edval Delbone, o aumento no número de ocorrências de interrupção de energia elétrica pode estar ligado à falta de manutenção da rede de energia. Para ele, a resposta está em fazer uma vistoria periódica e uma manutenção preventiva.
“Você não pode fazer manutenção corretiva, deixar o problema acontecer para ir lá consertar. Você tem que fazer um acompanhamento antes de acontecer”, afirmou.
Reincidência
O Mercado Municipal e o entorno sofrem com as quedas de energia desde outubro do ano passado.
A Enel se tornou responsável pelo fornecimento de energia da capital de SP e outros 24 municípios da região metropolitana em junho de 2018, quando comprou parte das ações legais da Eletropaulo.
Desde então o número de ocorrências de interrupções de energia passou a crescer. Em 2023, chegou a 284 mil, segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica _28% a mais do que em 2019. O tempo médio de atendimento aumentou cerca de 60%.
2019 – média de 7 horas
2023 – média de 11 horas
2024 (jan/fev) – média de 12 horas

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