Temporais atingiram 77 cidades, muitas delas no Vale do Taquari, região destruída por um ciclone no fim de 2023. Vinte estradas estão bloqueadas. Chuva provoca a morte de 5 pessoas e deixa 18 desaparecidas no RS
A chuva provocou a morte de cinco pessoas e deixou 18 desaparecidas no Rio Grande do Sul. Os temporais atingiram 77 cidades, muitas delas no Vale do Taquari, região destruída por um ciclone no fim de 2023.
Os moradores de Sinimbu acordaram de madrugada com as sirenes da polícia e do Samu e a orientação para que procurassem abrigo. Metade da cidade está embaixo d’água, na maior enchente em mais de 80 anos.
“O nosso Rio Pardinho aqui ele transbordou e fez um monte de prejuízo aqui dentro da nossa cidade. Estamos vivendo um pesadelo aqui no nosso município”, diz Sandra Backes, prefeita de Sinimbu.
Em Candelária, moradores esperam por resgate no telhado.
“Nós estamos dentro do forro da casa. A casa está se mexendo. Meu marido está ali, meu sobrinho está ali. Nós estamos pedindo ajuda em cima da casa, e até agora nada”, relatou uma mulher durante o ocorrido.
Em Cachoeirinha, o resgate chegou ainda de madrugada, quando a água começou a invadir as casas. Um homem emprestou o trator para salvar os pertences dos vizinhos, em Esteio.
“É isso que a gente precisa, todo mundo se unindo, fica melhor as coisas, né? Um ajudando o outro”, diz ele.
Pelo menos 20 estradas estão bloqueadas no Rio Grande do Sul. A correnteza de um arroio destruiu a galeria que passava por baixo da BR-290 e abriu uma cratera em Charqueadas.
“Primeira indicação é não viajar, porque até nos locais que a gente está indicando para desviar a qualquer momento pode aumentar algum nível de agua, ceder alguma rodovia e ser interrompido a qualquer momento”, afirma Felipe Barth, da PRF.
Foi o que aconteceu com uma ponte de concreto, que desabou no momento em que a prefeita de Santa Tereza gravava um vídeo para alertar a população. Uma outra ponte na RSC-287, em Santa Maria, também não suportou a correnteza.
Na cidade de Paverama, duas pessoas morreram em um carro arrastado pela enxurrada. A terceira vítima é um homem que morreu eletrocutado em Pantano Grande. Em Roca Sales, um deslizamento de terra destruiu duas casas. Mãe e filho saíram com vida, mas o pai está desaparecido.
O Vale do Taquari, que foi castigado pelas enchentes de setembro e novembro de 2023, voltou a sofrer inundações. Cidades estão isoladas. Uma rodovia, que dá acesso aos municípios de Roca Sales e Muçum, não tem como passar. O governo do estado já solicitou ajuda ao Exército para auxiliar na remoção das famílias.
O Rio Taquari está subindo, em média, 50 cm por hora. Ele recebe água de outros rios, como um que arrasta casas, plantações e criações de animais.
“Nosso vizinho está bem desesperado, cara, está atrás, a procura dos bichos dele”, conta um homem.
Os resgates devem se estender pela madrugada.
“Conseguimos resgatar em torno de 15 pessoas nos telhados e tem mais gente lá para dentro”, diz o bombeiro voluntário Marcos Hinnah.
Cerca de 150 pessoas estão em abrigos, como um montado em São Sebastião do Caí.
“Eu queria estar na minha casa, eu não queria sair, mas com esse tempo que está, não tem condição de ficar”, relata a aposentada Silvia Maria de Azevedo Pereira.
LEIA TAMBÉM
Temporais causam estragos em 77 cidades do RS; cinco pessoas morreram
VÍDEO: ponte é levada pela água durante gravação de prefeita alertando sobre temporal no RS