16 de janeiro de 2025

Cientistas clonam um tumor para pesquisar tratamentos contra o câncer cerebral

O grande avanço do estudo é a possibilidade de tratar o câncer no mundo real, pesquisando novas formas de tratamento sem risco nenhum para os pacientes. Instituto Estadual do Câncer faz pesquisas com clones de tumores cerebrais
Um instituto público do Rio de Janeiro está usando técnicas de ponta para pesquisar tratamentos contra o câncer no cérebro.
O laboratório se dedica a um dos maiores desafios da medicina: a cura do glioblastoma, o tipo mais maligno de tumor cerebral. O Instituto Estadual do Cérebro, no Rio de Janeiro, faz parte de um experimento que ainda é recente no mundo científico. Lá, os pesquisadores conseguiram clonar células vivas de tumores.
A técnica permite simular as condições da doença fora do organismo. Células retiradas de biópsias dos pacientes são preservadas para estudo. Depois de preparadas, ficam duas semanas girando em uma máquina. O tecido cerebral volta a se formar. Os clones são pontinhos minúsculos, visíveis a olho nu. As bolinhas são um tesouro para os cientistas, já que elas reproduzem toda a complexidade dos tumores mais agressivos e das células saudáveis ao redor.
A célula que é vista pelas lentes do microscópio atinge o ser humano em uma escala muito maior. O grande avanço desse estudo é a possibilidade de tratar o câncer no mundo real, pesquisando novas formas de tratamento sem risco nenhum para os pacientes.
Cada clone funciona como um modelo vivo do cérebro do paciente. De acordo com as características do tumor, os cientistas podem testar medicamentos específicos. O objetivo é identificar os remédios que combatem melhor as células do câncer e que preservam as células saudáveis ao redor.
“A importância disso é que eu posso ter um tumor ali nas minhas mãos, e eu posso ensaiar ali medicamentos, gerar medicamentos novos ou mesmo medicamentos que já existem para tumor. Eu posso ensaiar isso naquele fragmento que está na minha mão”, explica Vivaldo Moura Neto, diretor de pesquisa do Instituto Estadual do Cérebro.
No mundo, são diversas frentes de pesquisa com essa mesma técnica. Os cientistas brasileiros têm um papel importante. Além de remédios, os pesquisadores pretendem injetar nos clones o vírus da Zika. Já existem indícios de que esse vírus prefere atacar as células do tumor para se reproduzir. Assim, nos pacientes com câncer, a capacidade destrutiva do vírus seria usada a favor do ser humano.
Com uma réplica exata da doença construída em laboratório, é possível imaginar uma medicina capaz de desenhar para cada paciente a sua própria cura.
“Eu gostaria de ver nos próximos dez anos uma progressão de que eu pudesse personalizar o ataque a esse câncer, a essa célula, e conseguir controlar a vida do paciente”, diz Vivaldo Moura Neto, diretor de Pesquisa do Instituto Estadual do Cérebro.

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