Em um sistema semipresidencialista, não basta ganhar. O que vale é a composição do Parlamento para formar o governo e escolher o primeiro-ministro – quem, de fato, governa. Centro-direita vence eleição em Portugal, mas fica sem maioria no Parlamento
A coalizão de centro-direita venceu a eleição de Portugal, mas não conseguiu maioria no Parlamento.
A vitória da Aliança Democrática foi por uma margem de apenas 0,8 ponto percentual. O suficiente para tirar do poder o Partido Socialista, de centro-esquerda, que ficou em segundo lugar.
Mas em um sistema semipresidencialista, não basta só ganhar. O que vale é a composição do Parlamento para formar o governo e escolher o primeiro-ministro – quem, de fato, governa.
A Aliança Democrática, coalizão da centro-direita, elegeu 79 deputados, menos que o número mínimo de 116 para ter maioria absoluta. O resultado da votação de domingo (10) foi de um Parlamento bem diferente do eleito em 2022.
Naquele ano, o Assembleia da República ficou sob controle da esquerda. Agora, quase dois terços do Parlamento português está com a direita. Nessa nova composição, o Chega, partido de extrema-direita, subiu de 12 para 48 deputados.
Entre os eleitos está um brasileiro. Marcus Santos, de 45 anos, se mudou para Portugal em 2009 e, hoje, mora na cidade do Porto. Ele é ex-atleta e dono de uma escola de artes marciais no país.
Pode parecer simples uma articulação de toda a direita para governar Portugal, mas a coligação vencedora prometeu não se aliar à extrema-direita, que é contra a imigração e a favor de mais independência em relação à União Europeia.
O Presidente da República começa na terça-feira (12) a consultar os partidos. Até o dia 20 de março, Marcelo Rebelo de Sousa deve decidir quem será empossado como primeiro-ministro.
Diante dos impasses, a coligação de centro-direita pode acabar governando, mas com minoria no Parlamento. Se isso se confirmar, o grupo terá uma base parlamentar frágil e o governo pode cair em pouco tempo, sendo necessárias novas eleições. Há, ainda, a possibilidade da formação de um bloco central, com apoio do derrotado Partido Socialista, para viabilizar um governo mais sólido. Tudo isso com um único objetivo: excluir a extrema-direita do poder.
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