Maio tem ainda chances de bater mais recordes de máximas; meteorologista do ClimaTempo explica que as altas temperaturas são causadas pela junção do bloqueio atmosférico – que não permite a troca de ar quente com o ar frio -, a chamada “condição pré-frontal” e o El Niño. Calor deve ir até segunda quinzena do mês Público se refresca em chafariz no Vale do Anhangabaú, no Centro de SP
RENATO S. CERQUEIRA/ATO PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
A cidade de São Paulo registrou máxima de 31,5ºC, nesta quinta-feira (2), e teve o segundo dia mais quente da história em um mês de maio. A temperatura quase chegou aos 31,7ºC, a maior desde 1943 – quando começaram as medições meteorológicas regulares no Mirante de Santana, na Zona Norte.
A previsão para o dia era de máxima de 33ºC e, por isso, já havia a expectativa que o recorde seria superado, o que deve ocorrer nos próximos dias devido a forte massa de ar quente e seco presente na cidade.
Na quarta-feira (1º), a cidade já tinha igualado a terceira maior temperatura para o mês de maio, com 31,3ºC.
As maiores temperaturas do mês de maio, segundo o Inmet:
31,7ºC – 03/05/2001
31,5ºC – 01/05/2024
31,3ºC – 07/05/2010
31,3ºC – 01/05/2024
30,7ºC – 02/05/2001
30,1ºC – 01/05/2003
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O g1 ouviu Cesar Soares, especialista da ClimaTempo, que explicou o que tem causado essas altas temperaturas no outono. Segundo ele, a condição é o resultado de três fatores:
Bloqueio Atmosférico
Frente Fria no Sul
El Niño
Soares comenta a relação entre eles.
“Primeiro estamos sob influência de um forte bloqueio atmosférico – que é uma forte massa de ar seco e quente que fica por dias nas áreas centrais do país e não permite a troca com o ar frio vindo do polo sul”, afirma.
“Além disso, temos uma frente fria no Sul do país, que reforça o calor no Sudeste pelo que a gente chama de condição pré-frontal. Devido a presença da frente, os ventos nas áreas centrais do país passam a transportar mais ar quente vindo do interior, por isso a temperatura sobe ainda mais”, complementa.
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O El Niño – fenômeno caracterizado pelo aquecimento maior ou igual a 0,5°C das águas do Oceano Pacífico – ainda interfere na situação, segundo Soares, mesmo que esteja fraco nessa época do ano.
O especialista explica, ainda, que o calorão fora de época deve durar até o final da primeira quinzena de maio na capital.
Quanto a recordes mensais, só será possível saber, de fato, quando junho chegar. Mas Soares é categórico: “Podemos dizer, sim, que este mês de maio tem potencial para ser um dos mais quentes no país”, afirma.
Ainda de acordo com dados do Inmet, abril foi o mês mais quente desde 2016 no Brasil.
*Sob supervisão de Cíntia Acayaba