22 de outubro de 2024

Com crise imobiliária, irmãos brasileiros criam serviço para ajudar estrangeiros a encontrar moradia em Dublin: ‘Mercado muito competitivo’

George Lucas Ribeiro Souza e Nicolas Ribeiro Souza, naturais de Sorocaba, no interior de São Paulo, montaram uma ferramenta que envia alertas diários de moradias disponíveis via WhatsApp. Brasileiros criam serviço para ajudar estrangeiros a encontrar moradia em Dublin
Arquivo pessoal
Falta de imóveis e altos valores de aluguel. Foi este cenário que o barista Henrique Fraidewoks de Sales, de 29 anos, encontrou quando se mudou sozinho para Dublin, há um ano e meio, em busca de novas oportunidades.
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Pensando nesta crise imobiliária que ele e outros brasileiros que vivem na capital da Irlanda enfrentam, os irmãos George Lucas Ribeiro Souza e Nicolas Ribeiro Souza, naturais de Sorocaba, no interior de São Paulo, decidiram criar uma ferramenta para ajudar os conterrâneos e outros estrangeiros a encontrar moradia no país europeu.
George é analista de negócios, tem 29 anos e mora em Dublin desde 2020. Já Nicolas é estudante, tem 24 anos e se mudou para a capital irlandesa há quatro meses para fazer um intercâmbio. Assim como Henrique, ele também encontrou dificuldades para alugar uma acomodação na cidade.
“Decidimos investigar se esse era um problema real. Fizemos uma pesquisa com 30 alunos da mesma escola, que também relataram dificuldades em encontrar moradia. Estudantes e imigrantes geralmente pagam entre € 500 e € 700 por um quarto em uma casa compartilhada, mas os valores podem chegar a € 1.200 para um casal em uma suíte privativa de uma casa compartilhada”, relata George.
Estrangeiros se cadastram no site para receber alertas de moradias via WhatsApp
Reprodução/Flaterz
Foi então que, em agosto deste ano, nasceu o Flaterz, um site no qual os brasileiros (e outros estrangeiros) podem se cadastrar para receber alertas diários de moradias disponíveis via WhatsApp. Para colocá-lo no ar, os irmãos se associaram a uma comunidade de startups de Manchester, na Inglaterra, que ofereceu suporte a eles no desenvolvimento do negócio.
“O cliente preenche o cadastro com o nome completo, o e-mail e o número de WhatsApp no qual deseja receber os alertas. Nos bastidores, temos um processo que envolve coleta de dados de diversas fontes e utilizamos Inteligência Artificial para organizar e classificar esses dados”, explica o analista de negócios.
Feito o cadastro, são oferecidos três dias de uso gratuito. Depois deste período, é necessário assinar um pacote mensal, que custa € 3,97, para continuar utilizando o site.
“A principal vantagem é que o cliente não precisa dedicar de uma a três horas do seu dia para buscar moradia. Nós fazemos essa pesquisa e enviamos as propriedades disponíveis diretamente no WhatsApp dele, incluindo detalhes como localização, preço do aluguel, benefícios e contato do locador. Embora pareça simples, isso oferece uma grande vantagem em um mercado muito competitivo, pois muitas pessoas também estão procurando moradia.”
Além de George e Nicolas, a equipe conta com mais duas pessoas: uma responsável pelas redes sociais e outra pela criação de conteúdo para o blog da ferramenta.
Dublin enfrenta crise imobiliária, com falta de imóveis e altos valores de aluguel
Pixabay
Expansão no futuro
Segundo os fundadores, em um mês, o site recebeu 1.064 usuários únicos, além de mais de cinco mil visualizações no Instagram.
Os irmãos ainda estão em processo de validação do público ideal da plataforma, mas, por enquanto, seguem focados em estudantes internacionais, grupo no qual identificaram que o problema de moradia é mais evidente.
George e Nicolas pretendem expandir o projeto para Londres, na Inglaterra, até o fim de 2024
Arquivo pessoal
A princípio, o serviço está disponível apenas em Dublin, mas deve ser expandido para Londres, na Inglaterra, até o fim de 2024.
“Começamos com um serviço simples para ganhar tempo e entender melhor as dores do mercado. A visão de longo prazo é a criação de uma comunidade na qual estudantes internacionais e imigrantes possam acessar um co-living com preço justo, qualidade e segurança”, finaliza George.
Praticidade
Henrique se mudou sozinho para Dublin, há um ano e meio, em busca de novas oportunidades
Arquivo pessoal
Foram os alertas no WhatsApp que ajudaram Henrique a encontrar uma acomodação no bairro The Liberties. Hoje, o brasileiro, que nasceu no interior de Minas Gerais, paga € 600 de aluguel por mês por um quarto single, em uma casa compartilhada.
O barista conheceu o serviço quando Nicolas fez uma pesquisa na escola onde ele estuda e apresentou a ferramenta para todos os alunos.
“Eu me cadastrei e consegui receber vários anúncios de propriedades nas quais eu estava interessado. O mercado está muito competitivo e, como eu trabalho e estudo, não tenho muito tempo para ficar pesquisando as acomodações disponíveis. Então, preferi receber os anúncios todos os dias no meu WhatsApp”, conta.
Assim que recebeu oportunidades que se encaixavam às necessidades dele, Henrique entrou em contato diretamente com os proprietários dos imóveis para pedir detalhes das moradias. Feito isso, foi só escolher a melhor opção para a realidade dele.
Victor mora em Dublin sozinho há quatro meses
Arquivo pessoal
O mesmo aconteceu com o housekeeper (espécie de empregado doméstico) Victor Henrique Pinto da Silva, de 24 anos, natural de Taquaritinga, no interior de São Paulo.
O jovem se mudou para Dublin sozinho há quatro meses, atrás de fluência na língua inglesa e de novas oportunidades profissionais, mas esbarrou na crise imobiliária que vive a capital irlandesa. “Já enfrentei problemas em encontrar um lugar para morar aqui, cheguei até a procurar um hostel como alternativa”, explica.
“Eu sempre procurei propriedades em grupos do Facebook e WhatsApp, mas o mercado é muito competitivo, e, como não tenho muito tempo durante o dia, decidi que seria mais fácil receber todas as oportunidades direto no meu número, incluindo todos os detalhes das acomodações.”
Logo que se inscreveu no site, Victor conseguiu agendar três visitas com proprietários de imóveis em uma semana. “Achei super prático e confiável. Ao invés de gastar tempo olhando vários lugares diferentes, hoje recebo tudo em meu WhatsApp”, continua.
No momento, o housekeeper mora em Dublin 3, região próxima ao Centro. Ele vive em um quarto compartilhado e paga € 500 por mês de aluguel.
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