15 de janeiro de 2025

Com ‘explosão’ de casos de dengue, pacientes enfrentam atendimento com fila de espera de até oito horas na rede pública em Rio Preto


Com mais de 500 casos em apenas 15 dias, unidades de urgência e emergência registraram superlotação; cidade vive crise na saúde, após novo prefeito registrar B.O. em denúncia contra sindicato por estimular médicos a demorar no atendimento de pacientes; duas profissionais foram exoneradas. Pacientes reclamam da demora no atendimento com filas de espera de até oito horas na UPA em Rio Preto (SP)
Rogério Pedrozo/TV TEM
Moradores de São José do Rio Preto (SP) começaram 2025 vivenciando uma crise na saúde. Além da “explosão” de dengue, que já contabiliza mais de 500 casos em 15 dias, problemas no setor viraram até caso de polícia, depois que o novo prefeito Coronel Fábio (PL) registrou boletim de ocorrência em denúncia contra o sindicato por estimular médicos a demorar no atendimento de pacientes. Duas profissionais foram exoneradas.
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Os pacientes que procuraram a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Jaguaré reclamaram da demora no atendimento, relatando filas de espera de até oito horas, na terça-feira (14).
Em meio a uma epidemia de dengue, as unidades de urgência e emergência registraram superlotação. Conforme o estado, os casos da doença na cidade passaram de 32 mil no ano passado. Nos primeiros dias de 2025, Rio Preto soma 522 casos.
A prefeitura informou que o atendimento das Unidades de Urgência (UPAs) segue o critério de risco de prioridade, sendo que casos graves são imediatamente atendidos. Para casos leves de doenças, a administração orientou que a população procure atendimentos nas Unidades Básicas de Sáude (UBSs) e na telemedicina.
Epidemia de dengue provoca superlotação em Unidades de Pronto Atendimento de Rio Preto
O problema gerou indignação nos pacientes que aguardavam por atendimento com sintomas da dengue, como dor no corpo, ânsia de vômito, e diarreia.
A paciente Alessandra Angeline, que trabalha como cuidadora de idosos, conta que chegou à unidade às 10h e esperou no local por pelo menos oito horas.
“Não chama nunca . Aí a gente vai reclamar, a gente é chato, louco. A gente fica aqui nessa espera e estou aqui quase desmaiando”, reclama a mulher.
Embora a Secretaria de Saúde tenha anunciado medidas como a criação de um centro de hidratação na UPA Jaguaré, com funcionamento 24 horas por dia, e ampliado o horário de atendimento das Unidades Básicas de Saúde, o cenário da saúde é crítico em Rio Preto.
Médicas dispensadas
Duas médicas que trabalhavam em UPAs do município foram exoneradas após um áudio ser compartilhado em um grupo nas redes sociais. No arquivo, elas expõem um suposto esquema de demora no tempo de atendimento dos pacientes.
Prefeitura de Rio Preto desliga duas médicas que trabalham em UPAs após vazamento de áudio
As possíveis irregularidades na jornada de trabalho dos médicos são investigadas em uma sindicância que foi aberta pela prefeitura. O prefeito chegou a levar o caso à polícia, registrando um boletim de ocorrência.
Em um trecho, as profissionais investigadas chegam a reforçar a prática para “acumular pacientes”.
“É só todo mundo atender três (pacientes) por hora, independente se está no ‘corujão’, se está cedo, se está no apoio, vai deixando acumular. Deixa acumular, vira uma bola de neve, porque se o diurno atender só três (pacientes) por hora e chegar o noturno e atender 20 (pacientes) por hora, daí não vai compensar, não vai valer de nada o que a gente tá tentando fazer, entendeu?”, diz a médica no áudio.
Segundo as médicas, elas foram demitidas após profissionais que comandam as apurações terem acesso à mensagem de voz. As médicas, que não tiveram o nome divulgado, foram contratadas por meio de um convênio da saúde pública com a Fundação Faculdade Regional de Medicina (Funfarme).
Coordenadora deixa o cargo
A presidente do Sindicato dos Médicos, Merabe Muniz, deixou o cargo de coordenadora da urgência e emergência da cidade após rebater denúncias feitas pelo prefeito contra o sindicato, que, segundo o Coronel Fábio Cândido, estaria estimulando os médicos a demorarem no atendimento de pacientes.
Coordenadora de urgência e emergência de Rio Preto é demitida após rebater acusações
Segundo Merabe, os médicos, entretanto, têm atendido um número acima da média estabelecida na resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM) de três pacientes por hora nos serviços de emergência.
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