12 de janeiro de 2025

Com Ney, 14 Bis, Novos Baianos e Djavan, João Rock tem passeio pela história da MPB

Time seleto abrilhantou o palco Brasil do festival em Ribeirão Preto, SP, neste sábado (8) e foi aclamado por um público apaixonado por legado que é verdadeiro patrimônio cultural. Veja momentos do palco Brasil no João Rock 2024
Valorizar a riqueza da música popular brasileira é o objetivo do palco Brasil do festival João Rock, em Ribeirão Preto (SP). Na noite deste sábado (8), a edição “Lendas – Vol.2” do espaço emocionou um público que estava ali para ver, exclusivamente, os shows de 14 Bis, Novos Baianos, Ney Matogrosso e Djavan, nomes incontestáveis na produção cultural do país.
Pela envergadura do time escalado para o palco Brasil, entende-se o nome dado à edição 2024 do espaço. As canções dos artistas atravessam gerações, o que garante a permanência longeva de um legado brilhante.
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A noite só não foi mais completa porque Lulu Santos, que integrava o line-up, precisou cancelar a apresentação de última hora em razão de um mal-estar. O cantor foi internado em um hospital no Rio de Janeiro (RJ), e, felizmente, passa bem, segundo a assessoria dele.
Os fãs, claro, lamentaram a ausência do ídolo de “Tempos Modernos”, “Toda Forma de Amor” e “O Último Romântico”, hits atemporais que nasceram nos anos 1980.
Mas, por outro lado, foram agraciados com um passeio pelo rock progressivo, uma festa do tropicalismo e pela MPB de primeira qualidade.
Abaixo, o g1 mostra o que rolou no palco Brasil do João Rock 2024.
14 Bis
Recebidos com muitos gritos por um público já cativo, a banda 14 Bis assumiu o Palco Brasil já ao pôr do sol. Na estrada com a turnê “Acústico Ao Vivo”, o grupo selecionou as músicas mais aplaudidas do repertório de 45 anos de estrada para apresentar no João Rock, começando com “Além Paraíso”, que dá nome ao 4º disco da carreira.
Banda 14 Bis durante apresentação no João Rock 2024 em Ribeirão Preto (SP)
Érico Andrade/g1
Sem perder tempo, o grupo emendou uma homenagem ao amigo Milton Nascimento na “Canção da América”, entoada em coro por fãs de diferentes gerações.
“Essa música do meu grande amigo é mais conhecida pelos fãs como ‘Canção da Amizade'”, lembrou o vocalista Cláudio Venturini.
Também na guitarra, no violão e na viola, ele assumiu os vocais desde que o irmão, Flávio Venturini, deixou a banda. Ao lado dele, estavam Sérgio Magrão (vocal e baixo), Vermelho (vocal e teclados) e Christiano Caldas (teclados).
📸 Veja fotos do 14 Bis no João Rock:
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Sucesso atrás de sucesso. Esse foi o ritmo do show, que teve poucos momentos de interação direta com a plateia. Isso não pareceu incomodar quem assistia, especialmente diante de hits como “Bola de Gude, Bola de Meia” e “Natural”.
O romantismo também teve seu espaço, com os sucessos “Mesmo de Brincadeira” e “Espanhola”, que estava na ponta da língua do público quando Venturini pediu para ver quem conhecia a letra.
Em vários momentos, o 14 Bis abriu espaço para nomes de amigos famosos, reconhecendo as tantas parcerias que foram muito importantes nos 45 anos de banda. Em “Sonhando o Futuro”, o vocalista lembrou da colaboração de Lô Borges, enquanto com “Sal da Terra” evocou mais uma vez o nome de Milton Nascimento, que emprestou a voz à canção e a fez famosa.
Banda 14 Bis durante apresentação no João Rock 2024 em Ribeirão Preto (SP)
Érico Andrade/g1
Para fechar o rico repertório, o grupo escolheu uma sequência que arrebatou o público, com “Nos Bailes da Vida”, “Todo Azul do Mar”, “Linda Juventude” e “Planeta Sonho”.
Novos Baianos
A simples projeção de imagens de uma carreira que começou em 1969 já foi o suficiente para colocar os fãs da banda Novos Baianos em polvorosa. O grupo foi o segundo a se apresentar e escolheu celebrar a indicação do álbum “Acabou Chorare” com um dos 300 discos mais icônicos da história da música mundial, pela publicação especializada “Paste Magazine”.
“Eu acho que quem mais ganha com isso é o nosso público, já que a gente está deixando aí um legado ‘0800’ para quem quiser aproveitar. Quer ser músico brasileiro? Mergulhe na música dos novos baianos, mergulhe nas raízes brasileiras”, definiu o guitarrista Pepeu Gomes, nos bastidores do festival.
Paulinho Boca de Cantor, Baby do Brasil e Pepeu Gomes no palco Brasil do João Rock 2024 em Ribeirão Preto, SP
Igor do Vale/g1
Ao lado dele, Baby do Brasil disse sentir que o reconhecimento mostra que “vale a pena fazer música de qualidade”, bem como se entregar de corpo e alma. “Vale a pena se doar, andar junto, pagar o preço, não pensar só na grana, dividir tudo, para conseguir um super resultado, como aconteceu com a gente. Juntou tudo e aí somou para multiplicar”.
Completando o trio, Paulinho Boca de Cantor foi taxativo. “Não se gosta de uma música dos Novos Baianos, o povo gosta da nossa vida, do que construimos”, definiu.
📸 Veja fotos do show dos Novos Baianos:
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Simplesmente Ney
Como nos momentos que antecedem uma peça de teatro, uma voz nos alto-falantes anunciou todo o elenco e a produção do show “Eu Quero é Botar Meu Bloco Na Rua”, antes da entrada triunfal de Ney Matogrosso.
Vestindo um figurino dourado brilhante, reflexo da sua personalidade, o artista começou justamente pela música que dá nome à atual turnê, levada ao João Rock em uma versão resumida.
Ney Matogrosso no palco Brasil do João Rock 2024 em Ribeirão Preto, SP
Érico Andrade/g1
Se a primeira aqueceu o público, “Babilônia” cravou o tom da sequência de sucessos, sem momentos para qualquer conversa.
Acompanhado de uma banda multi-instrumentista, com trombone e trompete, Ney continuou brilhando com “O Beco” e “Já Sei”, nas quais sua voz dividiu os holofotes com seu corpo, sempre em movimento harmônico.
Nos primeiros acordes de “Pavão Mysteriozo”, os gritos dos fãs, ansiosos, anteciparam o sucesso da canção. Depois, puxando um banquinho que usou como objeto cênico, o artista emendou “Tua Cantiga” e “A Maçã”.
📸 Veja fotos do show de Ney Matogrosso:
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Ao longo da apresentação, imagens provocativas foram exibidas em consonância com as canções. Mas a conexão também se deu por meio de “Iolanda”, que rendeu olhares sedutores do cantor para a plateia, enquanto “Postal de Amor” foi a chance de os fãs declararem seu amor em coro de “Ney, Eu Te Amo”.
O bloco de Ney Matogrosso no João Rock seguiu com as performances de “Ponta do Lápis”, “Corista de Rock” e “Já Que Tem Que”, nas quais o tom de carnaval foi progredindo a cada acorde.
O fim do show que seria com “O Último Dia” e “Sangue Latino” aconteceu só depois de “Poema”, que veio em resposta aos gritos de “mais um” de um público que se recusava a ir embora.
Inclusive, quando Ney Matogrosso entregava essas últimas performances, uma presença ilustre na frente do palco surpreendeu quem se aglomerava na grade: a cantora Maria Gadú se juntou aos fãs logo após a sua própria apresentação no festival. Correndo para pegar os últimos minutos, ela ficou visivelmente emocionada com a apresentação.
Ney deixou o palco aclamado.
Ney Matogrosso encanta multidão com performance no palco Brasil do João Rock 2024 em Ribeirão Preto, SP
Érico Andrade/g1
Djavan pelas minorias
“Djavan, cadê você, eu vim aqui só pra te ver”, já intimavam os fãs, quando o artista atrasou poucos minutos do horário previsto. Mas bastou seu nome aparecer no telão para a ansiedade dar lugar a agitação.
As imagens, então, passaram a mostrar a cultura indígena, acompanhadas de uma voz falando sobre a potência da ancestralidade e dos saberes dos índios – sendo essa a deixa para Djavan aparecer cantando “Curumim”.
O tom sério dos primeiros minutos logo foi substituído pela dançante “Boa Noite”, quando o cantor aproveitou para cumprimentar o público.
Djavan emociona fãs no palco Brasil do João Rock 2024 em Ribeirão Preto, SP
Igor do Vale/g1
“É um prazer estar nesse palco pela primeira vez. Quero ver se eu e a banda conseguimos fazer essa noite valer a pena e que esse show seja inesquecível”, antecipou o alagoano, já puxando o sucesso “Eu Te Devoro”. Nesse hit, sua voz foi praticamente dividida com fãs, que logo mudaram os gritos para “Djavan, eu te amo”.
Assim como Ney Matogrosso, ele se apoiou em vários instrumentos para entregar o melhor do repertório e assumiu o violão para a execução de “Oceano” e “Flor de Lis”.
Depois de garantir gritos e aplausos com “Avião”, “Num Mundo de Paz” e “Cigano”, Djavan passou a mão mais uma vez no violão para tocar as clássicas “Meu Bem Querer”, e “Um Amor Puro”. Mas, antes, revelou que a voz do começo do show era da ministra Sônia Guajajara, a quem agradeceu, junto com os artistas indígenas e urbanos que fizeram as imagens que ilustraram o show.
📸 Veja fotos do show de Djavan no João Rock:
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Dedicando o show a todas as minorias, contou um pouco sobre a canção “Iluminado”. “Em 2022, estávamos vivendo tempo de obscurantismo. A esperança tinha se apartado de nós e eu quis escrever uma canção simples, que resgatasse a esperança. Por isso compus ‘Iluminado’”, lembrou, pedindo para ser acompanhado pelas luzes dos celulares.
Mais tarde, livre pelo palco e com ritmos mais animados, ele emendou “Azul” e deixou o palco em seguida, criando um suspense. Mas o cantor não podia ir embora sem apresentar a banda e presentear os fãs com “Tanta Saudade”, “Se” e “Samurai”.
“Adorei cantar para vocês. Quero sempre”, afirmou antes de cantar as derradeiras – e grandes marcos de sua carreira – “Sina” e “Lilás”.
“Eu quero que vocês saibam que para estar aqui hoje eu fiz de tudo, porque queria estar com vocês e saio com as minhas expectativas superadas”, disse ao se despedir, novamente ao som de gritos de “Djavan, eu te amo”.
Djavan emociona fãs no palco Brasil do João Rock 2024 em Ribeirão Preto, SP
Igor do Vale/g1
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