18 de janeiro de 2025

Com novo disco, Dona Onete chega aos 85 anos em festa: ‘Você dança, o sol nasce e a bagaceira ainda não terminou’

No dia de seu aniversário, Dona Onete lança quarto álbum que celebra as festas de interior do Pará e combina ritmos do Norte, como brega, lambada e carimbó. Dona Onete celebra os 85 anos com novo disco
Divulgação
Dona Onete chega aos 85 anos no auge. A artista paraense que ganhou reconhecimento internacional com seu carimbo chamegado lança nesta terça-feira (18) o quarto disco da carreira. Intitulado “Bagaceira”, o álbum celebra a vida e também toda a riqueza e diversidade da cultura da Amazônia.
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Em ritmo de festa, Dona Onete conta que o disco combina ritmos do Norte, como brega, lambada e carimbó. O disco inteiro nasceu da faixa-título, “Bagaceira”, uma homenagem às festas do interior e à vida na região rural. A própria Dona Onete explica de onde veio a inspiração.
“É algo mais profundo do que apenas a festa pela festa. Nos tempos antigos dos engenhos de cana-de-açúcar em Igarapé-Miri, no Pará, a ‘bagaceira’ era uma expressão usada pelos caboclos. Era sobre aquelas festas depois do baile oficial, longe dos olhares críticos da sociedade, sabem? O povo dançava descalço, com a sua curtição, à sua maneira. Era uma festa sem os refinamentos da alta sociedade”, conta.
Cada faixa é uma história viva, uma narrativa que ecoa as experiências de vida da cantora, refletindo a essência dos locais onde nasceu e viveu. Desde o envolvente Banguê da faixa-título “Bagaceira” até a atmosfera festiva do Carimbó em “Curió Cantador” e “Festa no Ver-O-Peso”, o disco é uma grande celebração da música paraense.
“A bagaceira é a festa depois da festa, comum no interior do Pará. É onde o povo se mistura. Você chega, dança, come, bebe, pensa que acabou, volta pro salão, dança, o sol nasce e a festa ainda não terminou. E, quando parece que vai terminar, os ribeirinhos pegam o barco e continuam a festa no Ver-o-Peso”, diz.
Dona Onete sempre teve em mente criar um disco que pudesse ser desfrutado em festas de interior, festas de aparelhagem e à beira do rio, conectando-se profundamente com seu público e suas raízes culturais.
Com músicas como “Lunlambumbarimbó”, que tem participação de Félix Robatto, a Rainha do Carimbó Chamegado demonstra seu compromisso com a dança e a diversão, criando melodias e sons que convidam o ouvinte a se entregar ao ritmo contagiante da música paraense.
“Bagaceira” tem o patrocínio do Natura Musical através da Lei Semear, Fundação Cultural do Pará e Governo do Estado do Pará.
Dona Onete em gravação do disco “Bagaceira”
Divulgação
Carreira
Dona Onete iniciou a carreira artística após os 60 anos, com o álbum “Feitiço Cabloco” , lançado em 2012, que agrega algumas das mais de 300 composições da artista. Com reconhecimento nacional e internacional, Dona Onete teve a obra musical declarada e reconhecida como patrimônio cultural imaterial do Pará em 2024.
Nascida em Cachoeira do Arari, no Marajó, construiu uma trajetória marcante como mulher forte e independente, se dedicou ao ofício de professora de história e Estudos Paraenses durante 25 anos.
A artista também atuou como secretária de cultura de Igarapé-Miri, no nordeste do estado, na década de 1990.
Dona Onete participou de importantes grupos folclóricos como o “Raízes do Cafezal” e grupo pop com raízes regionais “Coletivo Rádio Cipó”. No cinema, interpretou uma cantadora de carimbó no filme “Eu receberia as piores notícias dos seus lindos lábios”, protagonizado por Camila Pitanga.
om quatro álbuns gravados e diversos singles, ela reúne sucessos que retratam o Pará e celebram os ritmos do Estado, como “No Meio do Pitiú” e “Carimbó Chamegado”.
Dona Onete no Terruá Pará
Ingrid Bico/G1
A marajoara foi uma das estrelas da série de espetáculos “Terruá Pará”, contando com expoentes de todas as vertentes da música local.
O reconhecimento internacional resultou em turnê pela Europa, passando por países como Portugal, França, Inglaterra e Finlândia.
A cantora também fez parcerias com outros grandes nomes da música paraense, como Fafá de Belém, Gaby Amarantos e Aila. Sua parceria com Daniela Mercury, quando a baiana gravou a canção “Banzeiro”, agitou o carnaval de 2018 e se mantém relevante.
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