29 de setembro de 2024

Com suspeita de vazamento de radiação, sindicato pede que Comissão Nacional de Energia Nuclear fiscalize hospitais no interior do Acre

Sindmed informou que várias denúncias já foram apresentadas por servidores das unidades e que a situação tem se agravado. Com isso, a instituição encaminhou a denúncias a diversos órgãos estaduais e também à autoridade federal. Suspeitas foram detectadas em Feijó e Sena Madureira
Divulgação/Arte g1
Após detectar suspeitas de vazamento de radiação por aparelhos de raio-X, o Sindicato dos Médicos do Acre (Sindmed-AC) vai pedir que a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) fiscalize as unidades estaduais Hospital Geral de Feijó e o Hospital João Câncio Fernandes, em Sena Madureira.
A CNEN é a autarquia federal responsável por regular, licenciar e fiscalizar a produção e a utilização da energia nuclear no país.
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Conforme divulgado pelo órgão nessa sexta-feira (27), as suspeitas chegaram ao sindicato por meio de denúncias de servidores e foram constatadas por visitas técnicas às unidades. Foi constatado pelos profissionais que há falta de barita, um mineral utilizado nas paredes para proteção radiológica e a ausência de portas adequadas, o que leva ao risco de “contaminação silenciosa”.
Em Feijó, segundo o sindicato, o aparelho de Raio-X está no almoxarifado, apontado para a frente provisória do hospital, e deixa pacientes, acompanhantes e servidores vulneráveis à radiação primária, além do acúmulo de radiação secundária no interior da sala.
Já em Sena Madureira, o equipamento está voltado a uma parede que dá para o lado da rua, o que pode expor o público desta região à radiação primária, além da disseminação de radiação secundária que, apesar de ser menos intensa, pode ser prejudicial à saúde se for frequente.
Hospital Geral de Feijó tem aparelho de raio-X apontado para a frente provisória da unidade, que está em reforma
Diego Gurgel/Secom
Com isso, a instituição encaminhou a denúncias ao Ministério Público do Acre (MP-AC), Conselho Regional de Medicina do Acre (CRM-AC), Secretaria de Estado de Saúde do Acre (Sesacre) e também à CNEN.
“Essa é uma situação gravíssima que deve ser investigada pelas autoridades competentes na área, por isso pediremos ajuda à Comissão Nacional de Energia Nuclear”, disse o vice-presidente do Sindmed, Rodrigo Prado.
Radiação por aparelho de raio-X pode afetar servidores do MP em Sena Madureira, alerta Sindmed
Reprodução/Google Maps
Ainda segundo o sindicato, a contaminação pode afetar até mesmo a unidade do MP-AC em Sena Madureira, por ser localizada próxima ao hospital. De acordo com a instituição existem suspeitas semelhantes em outros municípios, como Manoel Urbano, e por isso o caso é considerado grave.
“O objetivo da denúncia é evitar algo semelhante à catástrofe ocorrida em 1987, em Goiânia, quando a exposição ao Césio-137 (137Cs) resultou na morte de pessoas. Na época, indivíduos acabaram violando uma máquina abandonada em uma unidade de saúde, levando o material radiológico para casa por acreditar que era um objeto de valor”, ressaltou o Sindmed.
Por meio de nota, a Sesacre afirmou que uma análise técnica demonstrou que não há indícios de risco à saúde pública nos municípios citados pelo Sindmed. Segundo a pasta, as unidades utilizam aparelhos portáteis, que não precisam de paredes baritadas para operar, e que estão em conformidade com os padrões de segurança radiológica.
“Informamos ainda que as unidades de Feijó e Sena Madureira estão passando por reformas, com a unidade de Manoel Urbano prestes a iniciar a manutenção para a instalação de um raio-X fixo, o que proporcionará ainda mais segurança e qualidade nos exames. As unidades de saúde estão sendo monitoradas por equipes técnicas especializadas, que seguem todas as normas e protocolos de segurança para garantir a integridade de pacientes e profissionais”, afirma o texto.
VÍDEOS: g1

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