28 de dezembro de 2024

Como cachê de Filipe Ret foi de R$ 500 para R$ 500 mil: ‘A energia da rua me escolheu’

Rapper carioca celebra 15 anos de carreira e se apresenta nos dias 19 e 21 de setembro. Ao g1, ele comenta ‘sonho’ de tocar em dois dias do festival e repassa 15 anos de carreira. Foi nas ruas do Catete, bairro do Rio de Janeiro, que Filipe Ret encontrou sua voz no na música. Entre jogos de bola e taco na subida da favela do Santo Amaro, o rapper de 39 anos viveu uma infância moldada pela energia das ruas ao som do funk carioca.
Agora, com 15 anos de carreira, ele sobe aos palcos do Rock in Rio, em outro canto da cidade, na Barra da Tijuca, nos dias 19 e 21 de setembro.
“Eu sempre fui mais valorizado na rua do que em qualquer lugar”, compara, em entrevista ao g1. Para ele, ser reconhecido pela primeira vez como “Ret” — alcunha usada em suas pichações — foi um momento de visão e autodescoberta.
“Eu sou famoso desde aquele dia. Toda fama derivada disso foi uma extensão daquele momento. Eu me sinto até hoje um pichador divulgando frase de pichação. A energia da rua me escolheu e eu tive a intuição de seguir por esse caminho”.
Suas rimas na Batalha do Real, em 2002, na Lapa, foram fortalecidas por figuras como Cidinho & Doca, Claudinho & Buchecha, além dos funks clássicos do DJ Malboro.
Segundo Ret, o gênero abriu as portas para o rap nas favelas do Rio. “Eles criaram essa radicalidade”, afirma o rapper, citando a importância de pioneiros, como Catra, Sapão e MC Marcinho, na formação do seu estilo e identidade musical.
Além das influências do funk, Ret destaca também figuras como Mano Brown, Marcelo Falcão, D2 e MV Bill, ícones que inspiraram sua trajetória no rap.
Ret decidiu viver da música quando fechou seu primeiro show por R$ 500. Essa experiência, mesmo realizada na rua devido a contratempos, foi um marco inicial que o impulsionou a perseguir sua carreira musical com ainda mais determinação. “Lembro de contar valorizando cada nota, vendo o meu primeiro dinheiro com o rap entrar. Hoje [o cachê] tá R$ 500 mil”.
Filipe Ret corta cabelo em sua cobertura no Catete, no Rio de Janeiro
Stephanie Rodrigues/g1
“O mais importante mesmo foi as favelas abraçarem, porque depois disso, o bagulho andou firme.”
Com uma carreira que ganhou destaque através de hits como “Neurótico de Guerra”, “Invicto” e “Vivendo Avançado”, Ret conquistou não apenas os palcos, mas também o reconhecimento de seu maior público: sua família. “Minha maior conquista é ver meu pai e meu filho como meus fãs”.
Ret se orgulha de dividir com eles o prêmio de melhor álbum de 2022 com “LUME” no Prêmio Multishow e a indicação ao Grammy Latino na categoria “Melhor Interpretação Urbana em Língua Portuguesa” com a música “Good Vibe”, parceria com Caio Luccas. Os 15 anos de carreira foram celebrados no DVD “FRXV (Ao Vivo)”, cujo ábum ganhou Disco de Ouro.
“Eu me emocionei muito (…) No primeiro dia, quando eu estava entrando com a McLaren e a porta [do carro] tava abrindo, eu tive uma crise de choro, uma crise emocional. Tive que falar: ‘Socorro, tenho que me concentrar’. Depois tudo fluiu (…) Foi só benção”, conta o rapper sobre essa entrega que, segundo ele, é uma vitória não só do artista, mas também de toda a equipe a favor do projeto.
Filipe Ret recebe o g1 em sua cobertura no Catete, no Rio de Janeiro
Stephanie Rodrigues/g1
Agora, chegou a vez do fundador da gravadora Nadamal Records comemorar outro sonho, compartilhado em um tuíte há 11 anos. Para Ret, cada passo na sua carreira até o palco do Rock in Rio aconteceu naturalmente, não apenas como resultado de sua música, mas também de sua filosofia de vida.
“Eu acho que as pessoas têm que aproveitar a energia da rua que tem dentro delas para fazer as coisas acontecerem, porque quando você se coloca fechado dentro de alguma bolha da sociedade, você não consegue pensar de forma realmente poderosa. Pela energia da rua, você consegue”
Com um legado que o transformou em um dos maiores rappers da cena, Filipe Ret continua a escrever sua história, uma rima de cada vez, levando sua voz das ruas do “TTK” — língua criada no bairro em que cresceu — para os palcos do maior festival do país.
*Estagiária sob supervisão dos repórteres Matheus Rodrigues e Stephanie Rodrigues.

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