10 de outubro de 2024

Como está a sua memória? Esquecimentos podem acontecer antes dos 60 anos

O esquecimento não é uma exclusividade dos idosos, podendo estar relacionado a ansiedade Imagem ilustrativa
Canva
É possível que em algum momento você já tenha se esquecido de algo importante, por mais que se esforçasse para lembrar, e provavelmente essa situação irá se repetir à medida que os anos se passarem. O esquecimento, ou a perda de memória, está entre as queixas mais frequentes entre os idosos, mas não é uma exclusividade da idade, podendo estar relacionada a diferentes fatores como baixa escolaridade, ansiedade ou síndromes demenciais.
No estudo da neurociência, a memória é toda informação que se armazena nos circuitos neurais, que pode ser acessada quando necessário e tem influência no funcionamento do cérebro depois de se fixar na mente. Já o esquecimento, ou amnésia, é a falha neste processo.
A amnésia pode ser transitória, resultado de estresse, uso de substâncias, lesões, a exemplo de acidentes vasculares cerebrais (AVC); ou permanente e progressiva, como ocorre nas síndromes demenciais, a exemplo de Demência de Alzheimer, Frontotemporal ou Parkinson.
“O cérebro possui plasticidade neural e comportamental, ou seja, a capacidade de reorganização e adaptação que está relacionada ao estímulo e aprendizagem. E isso independe da idade. Então é preciso primeiro corrigir o senso comum de que o esquecimento está relacionado apenas ao envelhecimento”, explicou a neuropsicóloga Suzana Lyra (CRP03/9748).
Segundo Suzana Lyra déficits de memória devem ser investigados
Renato Santana Santos
Especialista em transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH), transtorno de espectro autista (TEA) e esquecimentos, Suzana Lyra explica que episódios de perda de memória afetam a noção de realidade e a relação com as pessoas próximas. As queixas em relação aos déficits de memória podem, ou não, estar relacionadas a uma patologia e devem ser investigadas clinicamente.
“Mudança no estilo de vida, com mais acesso às tecnologias, mas também estresse e ansiedade, consumo de álcool, tabagismo, sedentarismo, são fatores que podem contribuir tanto para que os episódios de perda de memória comecem cada vez mais cedo, como para o desenvolvimento de patologias, como as demências, que tem entre os seus sintomas a perda de memória”, acrescentou.
Entre os jovens, a perda de memória pode estar relacionada a estresse e ansiedade, depressão, Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), alterações do sono, uso de remédios, hipotireoidismo e infecções. Em alguns casos mais raros, pode estar associada a doenças neurológicas, como a Demência de Alzheimer, com registros já a partir dos 30 anos – tipicamente diagnosticado entre os 50 e os 64 anos.
No Brasil, 6% da população com mais de 60 anos sofrem com falta de memória devido à demência, mas segundo dados do Ministério da Saúde, 80% dos casos não são diagnosticados.
Avaliação neuropsicológica
Para entender o motivo do esquecimento é necessário avaliar as diferentes regiões do cérebro que compõem o sistema de memórias.
“Não possuímos apenas uma memória, mas sim, um sistema de memórias. Estamos falando, por exemplo, de memória de trabalho, memória operacional, memória de curto prazo, memória de curtíssimo prazo, memória semântica… Algumas informações, como o almoço da quinta-feira da semana passada, esquecemos mais rapidamente, enquanto outras, sobretudo relacionadas às emoções, ficam guardadas por anos”.
A investigação deve ocorrer através de avaliação neuropsicológica, ou avaliação neurocognitiva, exame detalhado que revela como o cérebro está funcionando. São identificados comportamentos, habilidades e dificuldades, fornecendo um panorama completo para tratamento eficaz.
“A avaliação neuropsicológica investiga tanto a estrutura cerebral, como também as condições psicológicas do paciente. São avaliadas as memórias, as atenções, as funções executivas e construtivas, processamento, coordenação motora, equilíbrio estático e dinâmico, tônus muscular. A partir dessa avaliação, são mensuradas as respostas do paciente, averiguando se tais dados e quantitativos são compatíveis com a patologia a ser pesquisada”.
Em Salvador, o Instituto Baiano de Neurodesenvolvimento Suzana Lyra (IBN), realiza a avaliação neurocognitiva seguindo o padrão Ouro, conjunto de materiais e instrumentos considerados mundialmente precisos, que envolve testes em cada região do cérebro, ampliando a margem de eficácia do diagnóstico.
O protocolo de tratamento a ser seguido depende de cada caso e pode ser realizado na própria clínica, que possui acolhimento multiprofissional, para reabilitação de forma integral, com olhar humanizado, pensando no paciente e também na família.
“Nos casos de esquecimento, o ideal é fazer reabilitação cognitiva das áreas afetadas com profissional especialista na área, incluindo também arteterapia, oficinas de memória, onde se trabalha cognição, socialização e área motora”, concluiu.
Responsável Técnica: Dra Suzana Lyra (CRP03/9748), Neuropsicóloga.

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