22 de setembro de 2024

Como garantir comida para todos? Ideias inovadoras pelo Brasil ajudam na produção de alimentos e no combate à fome

As iniciativas são apoiadas pela FAO – a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura, que lidera os esforços mundiais no combate à fome, que atinge cerca de 9% da população mundial. Globo Repórter mostra inovações criadas para garantir a comida nos pratos dos brasileiros
O mundo chegou a 8 bilhões de habitantes, mas como garantir comida para todas essas pessoas? Essa foi a questão central do Globo Repórter desta sexta-feira (5).
Cientistas de diversos países pesquisam a produção de alimentos de qualidade para atender à demanda global, e alguns desses projetos já acontecem no Brasil.
O programa revelou iniciativas não somente no Nordeste, mas também no Sudeste do país, apoiadas pela FAO – a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura, que lidera os esforços mundiais no combate à fome, que atinge hoje cerca de 9% da população mundial.
“No Brasil, 4,7% da população está na situação de fome e ao redor de 32.8% na situação de insegurança alimenta grave ou moderada”, destaca Jorge Meza, diretor da FAO no Brasil.
Globo Repórter mostra inovações criadas para garantir a comida nos pratos dos brasileiros
Reprodução/TV Globo
Técnica criada em Israel muda paisagem do Nordeste brasileiro
Perímetros irrigados: técnica criada em Israel muda paisagem do Nordeste brasileiro
O programa contou a história do solo da zona rural de Parnaíba, no Piauí, que começou a mudar na década de 80 com a chegada da água do Rio Parnaíba. O solo, que era improdutivo e pouco explorado, recebeu uma tecnologia inspirada em Israel, que cortou a terra seca com canais de irrigação e fez nascerem os Tabuleiros Litorâneos, baseados na agricultura orgânica.
Só no Nordeste brasileiro foram criados quase 40 perímetros irrigados, o que resultou em emprego para mais de 2 mil pessoas e produção significativa de alimentos, como a acerola e o caju.
“Pessoas humildes tiveram oportunidade de vir para cá e produzir alimento, que é o importante para a humanidade”, diz o produtor de acerola, Eduardo Pinto.
“Sou um fugitivo da seca”, afirma o produtor de caju, Josenilto Vasconcelos. Ele conta que foi da Paraíba para o Piauí, em 2000 determinado a cultivar o caju para fabricar a cajuína.
“Quando eu provei cajuína, a primeira vez em Teresina, em 1991, me apaixonei pela bebida e não tirei mais da cabeça de fabricá-la e é o que eu faço hoje como atividade principal”.
Perímetros irrigados: técnica criada em Israel muda paisagem do Nordeste brasileiro
Reprodução/TV Globo
Aproveitando o potencial do caju
Quibe, pizza e até cuscuz: pesquisadores criam alimentos com o bagaço do caju; veja
As equipes também mostram os processos de colheita do caju e vão até o Núcleo de Tecnologia Farmacêutica da Universidade Federal do Piauí, em Teresina, onde pesquisadores estão criando alimentos a partir do reaproveitamento do bagaço do caju.
Antigamente, o bagaço do caju era descartado pela indústria. Hoje, cada tonelada alimenta 3.500 pessoas. O cientista farmacêutico da UFPI, Lívio César Nunes foi o criador da ideia.
“É uma tecnologia que pode ser transferida para muitos outros países, sobretudo os países africanos, que são grandes produtores de caju”, afirma Lívio.
Quibe, pizza e até cuscuz: pesquisadores criam alimentos com o bagaço do caju
Reprodução/TV Globo
A fibra, aliada às proteínas essenciais para o funcionamento do corpo, resultou no casamento do feijão-caupi com a fibra de caju, surgindo uma massa para uma almondega diferente.
Quibe, pizza e até cuscuz: pesquisadores criam alimentos com o bagaço do caju; veja
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Plantar e colher na vertical
Maior fazenda vertical urbana da América Latina está localizada no Centro SP
Em São Paulo, três amigos engenheiros criaram a maior fazenda vertical da América Latina. Inspiradas na Holanda, as fazendas verticais propõem, para o futuro, uma colheita moderna com comidas de qualidade mais baratas, colhidas em até metade do tempo das hortas tradicionais.
Essa iniciativa ainda tem a proposta de resolver as questões de desperdício de alimentos com o longo deslocamento entre as cidades.
“No futuro a gente imagina que toda a cidade vai ter a sua própria produção, em que consegue trazer esse fator de frescor e de qualidade”, afirma o criador da Pink Farms, Rafael Delalibera.
Maior fazenda vertical urbana da América Latina está localizada no Centro SP
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Alimentos do mar
Fazenda marinha pioneira adota o cultivo multitrófico; entenda
O Globo Repórter também mostrou os alimentos que vêm do mar. A aquicultura, em águas salgadas ou doces, é a que mais cresce na alimentação humana.
Na Praia do Forno, em Arraial do Cabo, uma fazenda marinha pioneira adota o cultivo multitrófico, que consiste na criação de várias espécies. O aquário natural contém 15 espécies diferentes nativas, como pintangolas, xereletes e pampas.
Fazenda marinha pioneira adota o cultivo multitrófico; entenda
Reprodução/TV Globo
Os mexilhões crescem pendurados, ostras e vieiras também, mas em outra estrutura, chamada pelos criados de “lanterna”.
“Não é lanterna de iluminar não. É nessa estrutura que a gente coloca as vieiras. Aqui a gente está cultivando, não precisa sair para coletar, é só ficar aqui e cuidar deles. Isso aqui é um laboratório vivo”, afirma o biólogo, Matheus Eugênio.
Fazenda marinha pioneira adota o cultivo multitrófico; entenda
Reprodução/TV Globo
Esses peixes têm um valor significativo em restaurantes mundo afora, o que levou o Paulo Cordeiro a investir na ideia.
“Barateou o valor. Um tanque hoje para a gente comprar custa em torno de R$ 100 mil , esse tanque ficou em torno de 25 mil”, ressalta Paulinho.
Fazenda marinha pioneira adota o cultivo multitrófico; entenda
Reprodução/TV Globo
As ostras desse lugar ainda transformam a vida de pessoas, como a do maricultor Edilson Souza, conhecido como He-Man. Graças a esse trabalho, ele e a esposa, Claudiléia, conquistaram uma pequena casa alugada. Esse foi um sonho realizado para quem há cinco meses atrás morava de favor.
“É muito trabalho, mas eu gosto. Vale a pena […] Fico emocionado… Não tinha um café para tomar, não tinha um pedaço de pão para comer”, conta Edilson.
Fazenda marinha pioneira adota o cultivo multitrófico; entenda
Reprodução/TV Globo
Veja a íntegra do programa abaixo:
Globo Repórter – Alimentação e combate à fome – parte 1 – 05/04/2024
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