Suzana Lyra explica que síndrome apresenta os sintomas da ansiedade e da depressão; tratamento envolve psicoterapia e mudança de vida Cresce o número de casos de burnout no Brasil.
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Dados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), do Ministério da Previdência Social, apontam que 421 pessoas foram afastadas do trabalho, em 2023, pela síndrome de burnout, um esgotamento físico e mental por causa do trabalho. É o maior número dos últimos dez anos no Brasil, um crescimento de 1.000%.
Segundo Suzana Lyra, tratamento envolve psicoterapia e mudança de vida
Renato Santana Santos
“Existem muitos desafios relacionados à síndrome de burnout, a começar pelo diagnóstico. Muitas vezes a síndrome é confundida com uma crise de ansiedade ou depressão, por apresentar características correlatas, o que retarda o início do tratamento. Cabe frisar também que os impactos não se limitam a vida profissional do paciente”, explicou Suzana Lyra (CRP03/9748), neuropsicóloga, Diretora e Responsável Técnica do Instituto Baiano de Neurodesenvolvimento Suzana Lyra (IBN), especialista em TDAH, TEA e esquecimentos.
Em linhas gerais, trata-se de uma síndrome ocupacional e sua causa está relacionada ao estresse crônico na vida profissional. Foi descrito pela primeira vez em 1974, pelo médico psicanalista alemão-americano Herbert Freudenberger, onde o termo burnout é oriundo de “burn out”, que, em inglês, significa “queimar por completo” ou “esgotamento”.
Entre os trabalhadores ficou mais conhecido a partir de 2022, quando a síndrome foi incorporada à lista de classificação internacional de doenças da Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil a única estatística sobre o assunto é fornecida pelo Ministério da Previdência Social, que contabiliza os afastamentos do trabalho por mais de 15 dias.
Estima-se que 40% das pessoas economicamente ativas sofram de burnout, porém nem todos os casos são identificados. Dentre as características estão a exaustão física e mental para desenvolver as atividades necessárias no trabalho; sentimento de negatividade em relação ao trabalho, à equipe ou aos clientes da empresa; além da queda no desempenho das atividades, gerando sentimentos de incompetência e baixa autoestima.
Quanto ao diagnóstico, cabe ao médico estabelecer uma conexão entre o trabalho desenvolvido pelo paciente e o esgotamento profissional, para identificar se o mesmo tem burnout ou outros transtornos mentais relacionados ao trabalho.
“Pacientes com burnout são afetados de formas diferentes, podendo ser de forma mais leves ou mais grave, com impactos que podem se prolongar por vários anos. Dentre as consequências estão o desenvolvimento de ansiedade e depressão, aumento do risco de doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2, insônia, dores de cabeça e até mortalidade precoce”.
O tratamento da síndrome de burnout pode ser feito através de acompanhamento multiprofissional, mas a base está centrada na psicoterapia.
“Cada caso é um caso e deve ser avaliado individualmente. No protocolo de tratamento, alguns pacientes vão precisar inclusive incluir medicamentos, como antidepressivos e/ou ansiolíticos. Mudanças no estilo de vida também são recomendados, como praticar esportes, ter uma boa qualidade de sono, lazer e socialização com familiares e amigos são importantes no processo. E paciência! É um tratamento e os resultados são percebidos com a evolução do mesmo”.
A especialista ressalta ainda que, quando não tratado, o burnout pode levar ao desencadeamento de outros transtornos mentais.
Responsável Técnica: Dra Suzana Lyra (CRP03/9748), Neuropsicóloga