24 de setembro de 2024

Como resgate de animais se tornou 2º tipo de ocorrência mais atendido pelos bombeiros em Ribeirão Preto

Foram 241 casos apenas em março deste ano. Em média, 70% dos animais resgatados são silvestres e passam por reabilitação no Bosque e Zoológico Fábio Barreto. Bosque Fábio Barreto recupera 700 bichos por ano, em média
O Corpo de Bombeiros contabilizou em março deste ano 241 ocorrências envolvendo insetos ou animais em Ribeirão Preto (SP). O número indica que esse tipo de ocorrência é o segundo mais atendido pelos profissionais na cidade.
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Dos animais atendidos, em média, 70% são silvestres, enquanto os outros 30%, domésticos. Com o crescimento dos centros urbanos, o número de resgates em rodovias e até mesmo na cidade aumentou.
O capitão da Polícia Militar Ambiental Rodrigo Antônio dos Santos comenta sobre a situação na região.
“A gente percebe que, eventualmente, em virtude da agricultura, se não necessariamente está diminuindo a área de mata, ela está ficando mais próxima das rodovias e da cidade. É onde a gente consegue encontrar animais que a gente não via nas residências”.
A captura é feita geralmente pelos bombeiros, e os animais são encaminhados à Polícia Ambiental, que tem o dever de levar o animal a um centro de reabilitação adequado.
Bosque Fábio Barreto recebe animais silvestres resgatados em Ribeirão Preto, SP
Reprodução/EPTV
Uma nova chance
Em Ribeirão Preto, é o Bosque e Zoológico Fábio Barreto que normalmente recebe esses animais resgatados. Por ano, o local atende em média 800 bichos. Já apenas em março deste ano, 51 novos resgatados chegaram ao zoológico.
O programa “Uma Nova Chance” integra esses animais para que eles sejam tratados, cuidados e, se possível, devolvidos ao habitat natural.
Normalmente, eles são vítimas de queimaduras, choques elétricos, caça predatória e até mesmo tráfico. A gata do mato Vivara foi atropelada junto com a sua mãe, que não sobreviveu ao acidente.
“Ela veio desamparada pra cá. Ela chegou bem nenê, quando chega assim os primeiros cuidados são ambulatoriais, tratar a frequência cardíaca, respiratória, temperatura, todos os cuidados fisiológicos”, explica a tratadora do zoológico, Letícia Meirelles.
Gata do Mato é resgatada e reabilata no Bosque Fábio Barreto em Ribeirão Preto, SP
Reprodução/EPTV
A tratadora conta que quando os animais chegam ainda filhotes, é preciso tomar cuidado com a chamada tríade neonatal, caracterizada pela hipoglicemia, hipotermia e o stress fisiológico. A condição é que mais causa óbitos de filhotes.
A Vivara precisa ainda passar por um tratamento de seis meses a um ano. Após esse período, ela deve passar por um processo de adaptação com outra gata do mato para entender se é possível recolocá-las na natureza.
Ouriço cacheiro é resgatado pelo Bosque Fábio Barreto em Ribeirão Preto, SP
Reprodução/EPTV
Outro caso de atropelamento é do ouriço cacheiro apelidado de Rihanna. O caso dele, no entanto, é mais delicado.
“Foi vítima de atropelamento na estrada, o munícipe viu e acabou trazendo pra nós. Quando ela chegou, toda a região do lado esquerdo tava necrosado, sem pelo, tava bem feio”.
O tratamento foi feito com antibióticos, anti-inflamatórios e analgésicos, principalmente, para aliviar a dor. O animal passou ainda por cirurgia para retirar a região do tecido necrosado e colocar a pele de tilápia para ajudar nos crescimento da pele e dos espinhos.
A reabilitação e soltura
Zootecnista do bosque, Alexandre Gouveia conta que os animais chegam na maioria das vezes muito fracos e debilitados. Após passarem pela triagem e serem devidamente identificados com chip ou anilhas, é o setor de nutrição que entra em ação.
“Nós já temos que preparar uma dieta, às vezes, duas, três vezes mais a necessidade energética que ele precisa por dia, por ele estar muito hipoglicêmico, para ele recuperar toda aquele energia que ele perdeu”.
Gouveia compartilha ainda que cada animal recebe uma dieta específica a partir dos exames realizados inicialmente e não há um padrão alimentar a ser seguido por espécie. Por isso, é preciso analisar caso a caso.
Bosque Fábio Barreto recebe animais silvestres resgatados em Ribeirão Preto, SP
Reprodução/EPTV
Para o zootecnista que convive diariamente com esses animais resgatados, a perda de ambiente natural e a fragmentação dos biomas de origem são os principais fatores para o aumento das ocorrências.
“Até em busca de alimentação eles acabam vitimados, caçados, atropelados. Às vezes eles acabam buscando alimento em uma outra área onde eles viram vítimas”.
O objetivo principal do programa “Uma Nova Chance”, que integra e cuida desses animais, é sempre devolvê-los ao ambiente natural, mas em alguns casos, isso não é possível.
“Depende muito de exames laboratoriais, porque para você fazer essa soltura, tem que ter autorização do órgão fiscalizador, e eles só concedem essa autorização desde que o exames e o laudo estejam de acordo com a saúde desse animal”, completa Gouveia.
Para quem ligar nesses casos?
Caso encontre um animal silvestre atropelado ou que precise de resgate, é preciso ligar para a Polícia Militar, no número 190, ou para os bombeiros, no 193.
O capitão da Polícia Ambiental alerta, ainda, que é preciso cautela quando encontrar um animal nessa situação.
“A gente não pode esquecer que são animais silvestres, eles não tem contato com humanos, esses animais não são vacinados, eles possuem instinto de sobrevivência e eles vão atacar eventualmente”.
Santos pontua que o ideal é não tocar no animal e entrar em contato imediatamente com as autoridades.
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