12 de janeiro de 2025

Comportamento raro realizado por aves de rapina chama atenção de internautas

Segundo Willian Menq, ornitólogos ainda tentam descobrir os motivos por trás do arriscado movimento. Comportamento raro realizado por aves de rapina chama atenção de internautas
No fim de fevereiro, viralizou nas redes sociais um vídeo mostrando duas aves de rapina travando suas garras e realizando um comportamento chamado de “daredevil cartwheel” (roda do temerário, na tradução literal), causando curiosidade nos internautas.
Na internet, o hábito foi descrito como um cortejo entre as espécies. Em entrevista ao Terra da Gente, o ornitólogo e especialista em aves de rapina Willian Menq afirma que além de intrigante, é uma prática muito rara, inclusive para quem trabalha na área.
Segundo ele, ao longo de toda a carreira em campo, conseguiu observar apenas duas vezes. “Esse comportamento é motivo de discussão até hoje. Antigamente, falava-se que esse era um ritual de namoro, só que hoje em dia a gente sabe que não é bem assim”, afirma Willian.
“Pode ser um ritual de namoro, mas pode ser também disputa territorial, uma brincadeira entre jovens, e pode ser também cleptoparasitismo, que é um comportamento de um rapinante roubar a presa do outro. Um comportamento de pirata”, finaliza.
Movimento consiste em travar as garras em pleno voo
Reprodução/Redes Sociais
Quando ocorre, os rapinantes entrelaçam as garras e descem de 50 a 200 metros girando, para se soltarem somente quando veem o chão se aproximando. De acordo com Willian, a maioria dos casos vistos em campo dizem respeito a disputas territoriais.
“Na disputa territorial, os bichos estão ali, um brigando com o outro, defendendo o território, às vezes não dá tempo das aves se soltarem. Em casos raríssimos, pouquíssimos casos, chegam a atingir o solo”, explica o ornitólogo.
Ao competirem pelo solo, o primeiro sinal dado pelas aves é a vocalização ou rasantes muito próximos ao invasor, não acarretando necessariamente em um contato físico. Esse contato é o último recurso utilizado por elas.
Segundo Willian, quase todas as espécies de rapinantes realizam esse comportamento, sendo ele mais preciso nas planadoras, que possuem o hábito de subir em térmicas e em correntes de ar ascendentes, girando e voando em círculos no céu.
Nas redes sociais, prática é comumente atribuída aos pigargos-americanos
Jonathan Spingarn/iNaturalist
“Quem não faz esse comportamento são as espécies que não planam, por exemplo a harpia e os falcões de floresta do gênero Micrastur, como o falcão-relógio, não fazem esse comportamento”, diz o especialista.
Como dito anteriormente, esses confrontos podem ser perigosos para as aves envolvidas, pois há o risco de ferimentos graves ou até mesmo morte, especialmente se uma das aves não conseguir se soltar durante o voo. Portanto, essas interações geralmente são evitadas.
O comportamento de travar garras entre aves de rapina em pleno voo é uma demonstração da complexidade das interações sociais e territoriais dessas aves. Além disso, oferece uma visão única da habilidade de voo extraordinária e da inteligência desses predadores.
*Texto sob supervisão de Giovanna Adelle
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