Evento preparatório reuniu representantes de 40 organizações sociais em prol da amplificação das vozes de lideranças historicamente invisibilizadas nos acordos climáticos. Lideranças de comunidades tradicionais se reúnem em Belém para discutir a ‘COP do Povo’, em Belém.
Derik Lopes / Instituto Zé Claudio e Maria
Lideranças de 40 organizações sociais, incluindo comunidades tradicionais da Amazônia, se reuniram em Belém nesta sexta-feira (30) para organizar a “COP do Povo”, evento paralelo à Conferência das Partes (COP-30), que será realizada na capital paraense em novembro de 2025.
Desde o início das negociações climáticas, defensores ambientais relatam que não participam dos centros de tomadas de decisões nas conferências do clima da Organização das Nações Unidas (ONU).
Claudelice Santos, uma das organizadoras da programação, afirmou que “foi o início do processo de estabelecer algo coletivo para envolver as bases que não participam das tomadas de decisão em uma COP”.
“A construção da COP do Povo é para honrar o legado de Zé Cláudio e Maria, dois defensores ambientais assassinados em 2011. Por isso, buscamos construir um ambiente seguro para que defensores ambientais possam discutir”, explica Claudelice Santos.
Estiveram na reunião lideranças de comunidades indígenas, quilombolas, ribeirinhos, extrativistas, ativistas e pesquisadores.
Cop do Povo: reunião discute participação popular no evento paralelo à COP30
Alessandra Munduruku, uma das lideranças presentes, disse que “a COP é um evento com forte presença de bancos e empresários que queimam o planeta, e sem as comunidades tradicionais”.
“Eu, enquanto liderança, defendo que os povos tradicionais comecem a agir agora mesmo, ir para os territórios, fazer formação sobre o que é COP. Estamos aqui para mostrar como queremos que a COP seja e que não vamos deixar falarem pela gente, porque somos nós que estamos resistindo e protegendo a floresta todos os dias”.
Legado da COP
Uma das questões discutidas são os investimentos aplicados na realização do evento. Para as lideranças, ainda faltam mais destinação de recursos para projetos diretamente ligados às comunidades tradicionais.
“A cidade já sediou o Fórum Mundial Social, a Cúpula da Amazônia, e nada mudou para nós. São obras megalomaníacas e que nada afetam o cotidiano de quem preserva a floresta, enquanto isso estamos mantendo a nossa biodiversidade amazônica à custa de muito suor”, destaca Raimundo Magno, liderança da Associação Quilombola África e Laranjituba.
A previsão é que, até novembro de 2025, outras reuniões preparatórias sejam realizadas realizadas a fim de incluir mais lideranças no movimento.
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