A posse foi na sexta-feira (8), em Belo Horizonte. ‘Eu fiquei feliz, mas com a sensação de que a Academia tava cumprindo um papel, inclusive, de justiça’, relata Conceição Evaristo. Conceição Evaristo é a primeira mulher negra a ingressar na Academia Mineira de Letras
A escritora Conceição Evaristo é a mais nova imortal da Academia Mineira de Letras. Ela é a primeira mulher negra a ocupar uma cadeira na Academia de Minas.
A posse foi na sexta-feira (8), em Belo Horizonte. Foi uma noite pra homenagear a força da mulher e assim que entrou no auditório da Academia Mineira de Letras, Conceição Evaristo foi aclamada.
Ser imortal era um dos sonhos de quem dedicou a vida ao ensino e à literatura. “Eu fiquei feliz, mas com a sensação de que a Academia tava cumprindo um papel, inclusive, de justiça”, relata Conceição Evaristo.
Das mãos do amigo ambientalista e filósofo Ailton Krenack, e imortal da Academia Brasileira de Letras, Conceição Evaristo recebeu o distintivo da Academia Mineira de Letras.
“Ela já influencia a partir daqui, desses gestos da Academia Mineira de Letras, um pensamento mais amplo sobre a produção de saberes, de conhecimento no Brasil e como que ele se expressa na literatura, nas várias literaturas”, destaca Ailton Krenack.
Conceição Evaristo tem 77 anos e nasceu em Belo Horizonte: veio da favela, mudou-se pra o Rio de Janeiro na década de 1970 onde se tornou professora e depois mestre e doutora em Literatura.
Publicou poemas, contos, romances, obras que foram traduzidas em seis idiomas; recebeu vários prêmios entre eles, o Jabuti, o mais importante da literatura nacional, na categoria Contos e Crônicas pelo livro Olhos d’água.
A Academia Mineira de Letras foi fundada em 1909. E nesses 115 anos de história poucas mulheres chegaram a esse lugar – Conceição é a 10ª a ocupar uma cadeira e a primeira mulher negra a se tornar imortal.
Conceição Evaristo vai ocupar a cadeira de número 40, deixada pela ensaísta, romancista e poeta Maria José de Queiroz que morreu no ano passado. A mais nova imortal está honrada, mas diz que o Brasil ainda tem muito o que evoluir.
“Alguma coisa há pra se arrumar na sociedade brasileira, pra que não seja mais uma exceção uma mulher negra chegar na academia mineira de letras, ou em outras academias, ou em outros espaços de poder”, pondera Conceição Evaristo.