19 de setembro de 2024

Condenação não impede candidatura de Trump à presidência, mas sentença terá consequências

Professor de Direito americano diz que Trump pode pegar até 24 meses de prisão. Sentença vai ser anunciada dia 11 de julho. Donald Trump pode ser preso mesmo se eleito presidente
A condenação desta quinta-feira (30) não impede que Donald Trump se candidate à presidência nas eleições de novembro, mas a sentença que vai ser determinada pelo juiz terá consequências para a campanha — e até para o governo de Trump em caso de vitória.
“O momento mais difícil foi o primeiro dia quando jogaram meu almoço fora. Não podia entrar com comida. E descobri que precisava chegar muito cedo. Eu faço isso há 44 anos e já fiz muitos trabalhos importantes, mas esse é fora de série”, diz Jane Rosenberg.
Ela foi os olhos do mundo durante o julgamento histórico. O acesso dos fotógrafos e até dos repórteres era muito restrito.
O giz dela mostrou o depoimento de testemunhas importantes como a ex-atriz pornô Stormy Daniels, que disse que Trump tinha tido, sim, um caso com ela, e do ex-advogado de Donald Trump Michael Cohen, que contou que foi ele quem pagou US$ 130 mil do próprio bolso para que a atriz não contasse a história para um tabloide.
Só que, na hora de devolver o dinheiro pro advogado, Donald Trump falsificou o registro fiscal. Para a acusação, isso significa que ele tentou enganar o povo americano pra se eleger presidente. Os 12 jurados concordaram.
Jane conta que adoraria pintar seus rostos, mas que, por confidencialidade, faz apenas os borrões.
O júri não decide, entretanto, qual será a pena do ex-presidente. Quem vai decidir é o juiz Juan Merchan, também esboçado por Jane.
Será no dia 11 de julho. Será o clímax desse julgamento, em que veremos os advogados implorando pra que Trump não seja preso, contou ao “Jornal Nacional” Benett Gershamn, professor de Direito da Universidade Pace, em Nova York.
Ele explicou que a defesa poderá entrar com recurso antes disso, mas que essa data dificilmente mudará.
Ele explica que a sentença naquele dia poderá ser uma multa, pode ser prestação de serviços comunitários ou prisão domiciliar, mas que, na opinião dele, o que vai acontecer é que Donald Trump vai cumprir pena em uma prisão estadual.
Essa não é a opinião de muitos analistas, que levam em consideração o fato de Trump ser réu primário e também pela idade avançada. Ele tem 77 anos de idade, mas o professor Gershamn tem experiência e elenca os seus motivos.
Em primeiro lugar, ele explica que já acompanhou centenas de casos muito parecidos, de chamados crimes de colarinho branco, em que os condenados foram pra cadeia mesmo.
Ele acrescenta que Donald Trump passou as últimas semanas pintando como vilão o sistema judiciário, atacando o juiz e que pessoas que se importam com a lei e a ordem têm que prezar pelo sistema judiciário, porque sem ele não há democracia, e que, por isso, é muito plausível que o juiz imponha uma pena dura. Na opinião do professor, de 18 a 24 meses na prisão.
Na semana seguinte ao dia da sentença haverá a convenção republicana, em que Trump será anunciado oficialmente como candidato. O professor disse que Trump deverá estar lá no palco, porque depois da sentença seus advogados podem recorrer e que, no estado de Nova York, o processo demora meses ou até um ano antes que a pessoa seja efetivamente presa.
Ele diz que não veremos no dia 11 de julho o que estampou na capa a revista “New Yorker” dessa semana, que isso geralmente acontece com assassinos que já estão presos durante o julgamento.
Agora, se Donald Trump for eleito nas eleições de novembro, ele tem o direito do perdão presidencial. Todos os anos vários condenados na Justiça são soltos usando essa prerrogativa.
Donald Trump pode se perdoar de crimes federais, mas não de crimes estaduais, como é o caso desse julgamento de Nova York.
Segundo Gershman, por isso podemos viver um mundo em que o presidente dos Estados Unidos governe da cadeia.
Como isso seria? Ele poderia fazer telefonemas, mandar emails, receber um Chefe de Estado?
Pela primeira vez, ele respondeu que não sabe, porque ninguém sabe.
Quando Jane capturou o momento do veredito nesta quinta, ela explica que, na hora, Donald Trump baixou a cabeça e a balançou como se dissesse não, e que o que ela sentiu foi alívio depois de semanas de trabalho duro — e que precisa de férias.
Mas ela voltará à corte no dia em que Donald Trump estará novamente à frente do juiz Merchan, e as palavras daquele momento terão um impacto que será capturado por Jane, que será nossos olhos nos poucos segundos que poderão mudar pra sempre o curso da história.

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