22 de setembro de 2024

Conheça a Penha que nasceu no Convento da Penha, local de fé e devoção, morada da padroeira do ES

Maria da Penha Zampieri nasceu e morou por 24 anos no santuário localizado a 154 metros de altura, em Vila Velha, na Grande Vitória. O local de devoção para milhares de católicos aparece até na Certidão de Nascimento da capixaba. Maria da Penha Zampieri morou nasceu e morou no Convento por 24 anos. Espírito Santo.
TV Gazeta
De manto nas cores azul e rosa, como a bandeira capixaba, Nossa Senhora da Penha, padroeira do Espírito Santo, é uma das formas atribuídas a Maria, Mãe de Jesus, e tem na próxima segunda-feira, 8 de abril, a celebração do seu dia. Milhares de católicos capixabas, e até de fora do estado, participam da festa em sua homenagem.
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Em todo o estado é comum também encontrar histórias de fé e devoção de famílias que atribuem milagres e rendem homenagens à Nossa Senhora das Alegrias, como também é conhecida.
Também não é difícil não conhecer uma “Penha” ou “Maria da Penha” batizada em homenagem à padroeira, fato esse que até já colocou o Espírito Santo como o estado com o maior número de registros desse nome no Brasil.
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Mas, talvez poucas pessoas possam contar uma boa história relacionada a Nossa Senhora como a da aposentada Maria da Penha Zampieri, de 68 anos. Mais do que um nome em homenagem, no dia 3 de dezembro de 1955, Penha nasceu no maior santuário religioso do Espírito Santo e lá morou com a família por 24 anos.
Membros da Família Zampieri moraram no Convento da Penha por 45 anos. Na foto estão alguns dos irmãos da Penha: Conceição, Paulo e Rita.
Arquivo pessoal
A história da família Zampieri com o Convento da Penha começou na década de 1930, quando o frei Gil Maria fez uma série de missões, celebrando em comunidades do interior de todo o estado.
“Ao chegar em Santa Leopoldina [na Região Serrana do Espírito Santo], em 1936, ele conheceu o meu pai, Antônio Zampieri, zelador da capela onde faria a missa. O frei gostou muito do jeito que ele cuidava da igreja, estava tudo muito organizado. E convidou para que ele viesse para o Convento da Penha”, contou Zampieri.
Mesmo já estando casado com Catharina Domitila e com dois filhos, Antônio foi morar com a família, ainda no mesmo ano, em Vila Velha, lá no santuário que foi construído em cima do penhasco, a 154 metros de altura.
Maria da Penha Zampieri nasceu e morou no Convento da Penha por 24 anos. Espírito Santo.
TV Gazeta
“Depois que eles já estavam morando no Convento, nasceu a Conceição, que recebeu esse nome porque nasceu no dia de Nossa Senhora de Conceição; a Rita, porque a madrinha era devota de Santa Rita; o Alfredo Lucas, batizado em homenagem a um frei; depois eu, Penha. Aí sim em homenagem à Nossa Senhora. Na época, frei Alfredo falou: ‘Chega de colocar o nome em homenagem aos outros, que seja essa a Penha'”, falou a aposentada.
Na sequência, vieram os irmãos Bruno e a Beatriz, mas esses nasceram em maternidade.
Segundo Penha, a maior dúvida de todos que escutam essa história é se eles moravam em cima do penhasco mesmo. Ela conta que sim, mas ficavam em uma casa na parte de baixo da capela, mas ainda assim lá no topo da pedra.
Certidão de Maria da Penha aponta o local de nascimento como Convento da Penha. Espírito Santo.
Arquivo pessoal
“Eu nasci de parteira, na casa onde a gente morava, lá em cima, não foi em hospital ou maternidade. E não só isso, fui batizada na capela, abençoada duplamente por Nossa Senhora. Tanto que, na hora do registro, o tabelião teve a sensibilidade de colocar ‘Convento da Penha’ como o local de nascimento”, disse.
Morar no Convento foi uma bênção
Membros da família Zampieri moraram no Convento da Penha por 45 anos. Na foto estão: Catharina, com os filhos e um padre. A Maria da Penha é a segunda criança da fileira de baixo.
Arquivo pessoal
Desde criança, Penha Zampieri sempre foi muito ligada à padroeira, ajudava na limpeza da capela e nas atividades do dia a dia.
“Meu pai dizia que a família tinha que trabalhar para Nossa Senhora da Penha. Todos ajudavam um pouco nas tarefas, mas tinha coisa que só ele podia fazer por ser homem, como, por exemplo, limpar o que na época era chamado de ‘cela’ onde os freis ficavam. Minha mãe organizava tudo, e a gente, criança, brincava na pedra mesmo, na frente do Convento. Era como se fosse um pedacinho do nosso quintal”, lembrou.
Durante todos os anos, a família não teve carro, então enfrentava a dificuldade de locomoção. Para ir à escola, mesmo criança, descia a pé todos os dias, assim como os irmãos, cada um de acordo com a necessidade. Voltavam para almoçar e, se fosse preciso, desciam novamente para subir só no fim da tarde.
Segundo a Maria da Penha, como moradores do Convento eles tinham a chave do cadeado do portão da parte de baixo. Então podiam voltar quando já estava fechado, por exemplo, sem dificuldade. Só que quando era à noite, as meninas não subiam sozinhas, e sim acompanhadas do pais ou irmãos mais velhos.
Antônio Zampieri encerando o chão do Convento da Penha. Espírito Santo.
Arquivo pessoal
“Nunca foi um problema morar no Convento, tinha a dificuldade de acesso. Para subir com uma comprinha de mercado, por exemplo, era a pé, pela ladeira da penitência. Mas de toda forma era uma bênção, era uma coisa exclusiva. […] Quando tinha uma quadrilha ou festinhas do grêmio escolar, a gente ia sem problemas, voltava já tarde e subia também a pé. O único problema era o cansaço!”, falou com carinho.
Penha morou no Convento até os 24 anos. Foi quando ela casou e deu continuidade aos estudos à noite, no curso técnico em Enfermagem.
Os irmãos também saíram aos poucos conforme a vida foi caminhando, mas o pai Antônio ficou no local por 45 anos. Ele saiu de lá apenas quando se aposentou.
Convento da Penha, em Vila Velha, foi tombado como patrimônio nacional
Everton Thiago/Secom PMVV
Atualmente, os pais Antônio e Catharina são falecidos, mas eles não saem da memória da Maria da Penha. Tudo o que eles faziam era em agradecimento à Nossa Senhora e tentaram passar essa ideia para os filhos.
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“Eu nunca larguei Nossa Senhora, mas depois que me aposentei consegui voltar a me dedicar mais. A Enfermagem toma muito tempo, então, por um período, não conseguiu”, contou.
Zampieri participa da programação da Festa da Penha, assiste às missas, fez a Romaria dos Homens durante muitos anos. Neste ano, fará a Romaria das Mulheres e já está se programando para participar da Missa de Encerramento na próxima segunda (8).
Maria da Penha Zampieri nasceu e morou no Convento da Penha por 24 anos. Espírito Santo.
TV Gazeta
Desaparecimento de quadro motivou construção no alto da montanha
São inúmeras as histórias e lendas que permeiam a construção do Convento da Penha. E o motivo da construção da capela no alto do penhasco onde Penha Zampieri nasceu é uma dessas histórias.
Inicialmente, o quadro “Milagre da Seca” trazido por frei Pedro Palácios ficava na Capelinha de São Francisco, localizada no Campinho, um espaço no meio da montanha. Diz a lenda que um dia o painel desapareceu e o franciscano saiu em busca pelas matas, até encontrar a pintura no alto do monte, entre duas palmeiras.
Quadro Milagre da Seca, de Benedito Calixto. Espírito Santo.
Reprodução/Convento da Penha
Recolocou o painel em seu devido lugar, mas o fato se repetiu mais algumas vezes. Foi então que o frade percebeu os sinais de Nossa Senhora de que a sua capela deveria ser construída no local por ela indicado e assim ele o fez. No alto do morro onde hoje fica o Convento.
No ano de 1568, foi edificada, no cume do penhasco, a Capela que recebeu a imagem de Nossa Senhora da Penha, vinda de Portugal, em 1569.
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