Equipe do Fantástico conversou com seis comerciantes do centro de São Paulo, que preferiam não gravar entrevista. Todos afirmavam que faziam pagamentos para integrantes da Guarda Municipal. Áudios e vídeos revelam como o PCC dominou a região da Cracolândia,, no centro de São Paulo
Após um ano de investigação, o Ministério Público concluiu que existe uma milícia armada na Cracolândia formada por guardas civis metropolitanos.
“Era um oferecimento de um serviço de segurança privada para oferecer aos comerciantes uma suposta tranquilidade. Isso é o que se denomina de milícia”, afirma o promotor de justiça Lincoln Gakiya.
De acordo com o Ministério Público, os comerciantes pagavam cerca de R$ 50 mil mensais para a milícia retirar dependentes químicos da frente de suas lojas, afim de parar a queda das vendas na região.
A equipe do Fantástico conversou com seis comerciantes do centro de São Paulo, que preferiam não gravar entrevista. Todos afirmavam que faziam pagamentos para integrantes da Guarda Municipal. Eles dizem que as vendas caíram muito e que pagavam propina aos GCM para que os dependentes químicos fossem transferidos.
Testemunhas ouvidas pelo MP delataram o nome do principal traficante da área: Leonardo Monteiro Moja, o Leo do Moinho, chefe da favela do Moinho que fica a 1 km da Cracolândia. Ele estava em liberdade condicional, mas foi preso por causa dessas novas acusações.
A defesa diz que está convicta da inocência de Leo do Moinho e que a prisão foi injusta.
No dia 6 de agosto, outra operação na Cracolândia interditou 48 imóveis e prendeu 15 pessoas. Entre os presos, estavam Renata Scorsafava, Elisson de Assis e Antonio Carlos Amorim, acusados de fazer parte da milícia entre outubro de 2019 a janeiro de 2023. Eles chegaram a integrar o IOPE (Inspetoria de Operações Especiais), uma tropa de elite da guarda civil sempre presente nos confrontos.
Também foi preso acusado de fazer parte da milícia o ex-GCM Rubens Alexandre Bezerra. Ele trabalhou na Guarda Civil entre 2003 e 2019. Segundo o MP, Rubens negociava a venda de armas para o crime organizado.
A defesa de Rubens alega que a acusação é inverídica e que “nada de ilegítimo foi encontrado na posse do acusado”.
A Prefeitura de São Paulo diz que desconhece a atuação de milícias na cidade e “repudia qualquer tentativa de uso do episódio para comprometer a credibilidade da corporação.”
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