11 de janeiro de 2025

Criação de selo sustentável para cacau produzido no sul da Bahia deve elevar preço do chocolate

Presidente de Associação de Produtores avalia impacto da lei sancionada pelo governo federal. Medida criou selo verde para ‘cacau cabruca’. Cabruca: sistema de cultivo de cacau que voltou a reinar no sul da Bahia
Reprodução/TV Globo
A definição de um selo de sustentabilidade para o cacau produzido no sul da Bahia deve valorizar o produto e, por consequência, também elevar o valor de mercado do chocolate. A avaliação é de Gerson Marques, presidente da Associação Cacau Sul Bahia (ACSB).
📱 NOTÍCIAS: faça parte do canal do g1BA no WhatsApp
O selo verde em questão é o “Cacau Cabruca”, proposto em lei pelo deputado Félix Mendonça Júnior (PDT-BA) e sancionado pelo governo federal na quarta-feira (5), ocasião em que se celebrou o Dia Mundial do Meio Ambiente.
Para Marques, a certificação que reconhece os métodos usados para a produção da fruta na região terá impacto a médio e longo prazo. A expectativa é de que o produto local seja melhor posicionado nacional e internacionalmente.
“O mercado valoriza sustentabilidade, então obviamente esse posicionamento tende a ser ainda mais valorizado. (…) O chocolate se encaminha para ser um produto de luxo”, aposta o produtor.
A técnica de cabrocar
O termo “Cacau Cabruca” faz referência ao modo de extração e cultivo da fruta, com baixo impacto ao bioma de Mata Atlântica. Marques explica que a expressão é antiga e vem do verbo português “cabrocar”, entendido como furar ou penetrar sob a sombra das árvores.
LEIA MAIS
Principais avenidas mostram como Salvador perdeu áreas verdes para construções, avalia ambientalista; confira antes e depois
Com prêmio internacional, bebida à base de mel de cacau surge da vontade de ‘ensinar brasileiro a beber licor como europeu’
Vassoura-de-bruxa: o que é a praga relembrada em ‘Renascer’ que devastou produção de cacau na Bahia
“Era uma determinação de trabalho dada no passado: ‘Amanhã vocês vão cabrocar aquela floresta lá da beira do rio, depois a gente planta cacau na área cabrocada’. É tirar as árvores baixas do primeiro andar e deixar as árvores altas”, esclarece.
Regularização da lei
Com a sanção da lei, a valorização apontada por Marques não vai acontecer da noite para o dia. O produtor lembra que ainda é preciso regularizar os termos, estabelecendo as certificações e os responsáveis por avaliar se os produtos têm direito ao selo verde.
“São coisas a serem definidas, mas [a lei] sinaliza para uma questão importante, que é a própria posição do Brasil nas discussões climáticas”.
A lei em questão criou também o selo verde “Cacau Amazônia”, em reconhecimento aos métodos de produção da fruta na floresta amazônica. As duas certificações poderão ser concedidas ao cacauicultor de ambas as práticas que:
obedecer às leis ambientais e trabalhistas vigentes;
explorar a atividade de maneira sustentável, desde que não descaracterize a cobertura vegetal existente e não prejudique a função ambiental da área.
A concessão será feita pelo órgão federal competente, com validade de dois anos e possibilidade de renovação constante, mediante nova avaliação e vistoria. De acordo com o Senado Federal, caso o produtor de cacau descumpra os critérios que autorizam a liberação da certificação durante seu uso, o benefício será cassado.
Veja mais notícias do estado no g1 Bahia.
Assista aos vídeos do g1 e TV Bahia 💻

Mais Notícias