Publicação foi feita no dia 26 de dezembro, pela mãe da menina, Mikaelly Santos. Médica explica que comportamento é ‘comum’ porque as crianças, inocentemente, espelham as falas dos pais. Criança viraliza na web ao dizer para mãe que é ‘casada’ após ganhar anel de presente
O vídeo de uma menina de 6 anos viralizou nas redes sociais, após ela dizer para a mãe que é “casada” ao ganhar um anel de presente do amiguinho da escola em São José do Rio Preto (SP). A publicação foi feita no dia 26 de dezembro, pela mãe da criança.
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Júlia estuda na primeira série do ensino fundamental, na mesma sala que o amiguinho Henrique , de 5 anos. Durante as férias escolares, compartilham sobre a rotina por meio de vídeos chamadas.
Em meio a uma festa em celebração do Natal, com família reunida em uma chácara, Júlia foi autorizada pela mãe, Mikaelly Santos, a conversar com Henrique para “matar a saudade”. A menina logo conta para a mãe que ganhou o anel do amigo e, por isso, é “casada”. O vídeo foi postado e já soma 6,5 milhões de visualizações.
Ao g1, a esteticista, de 33 anos, disse que não publicou o vídeo com a intenção de que viralizasse, mas ficou feliz ao ver que os seguidores se divertiram com o comentário da filha. Segundo ela, a criança é orientada sobre os comportamentos adequados para uma criança.
“A gente explica para as crianças que a mamãe é casada com o papai, que o anel que a mamãe usa é porque é casada com o papai. Então, ela grava isso, ela não tem a malícia dos adultos. Eu oriento sobre não namorar, não dar beijo na boca”, reforça a mãe.
Assim como a mãe de Júlia, o pai de Henrique, Luis Ricardo Pires, de 38 anos, contou à reportagem que também monitora a relação de amizade de perto, para que se mantenha a cumplicidade, sem ultrapassar limites.
De acordo com ele, é impossível não se emocionar com o carinho que sentem um pelo outro. Inclusive, além do anel, o menino já confeccionou pulseiras para presentear a amiguinha.
“Eles são bem apegados. O Henrique sempre comenta da Júlia e pede para convidá-la para aniversários. Tenho ciência que criança não namora, mas estou ensinando como realmente deve se tratar uma mulher, para que o Henrique cresça e seja um homem de verdade”, declara o pai.
Luís Ricardo é pai solo desde a morte da mãe de Henrique, Juliane Rosa da Silva, em fevereiro de 2021, vítima de um câncer no sistema linfático quando o menino tinha apenas um ano.
Luís e Juliane se casaram em 2014, no Hospital de Base (HB), para que a mãe da noiva pudesse acompanhar a cerimônia. Na ocasião, Rita tratava de uma esclerose múltipla e perdeu os movimentos dos braços, pernas e respirava com a ajuda de aparelhos. A mulher também faleceu, logo após o casamento da filha.
Júlia Magnani Santos e Henrique Pires são amigos da escola em São José do Rio Preto (SP)
Mikaelly Santos/Arquivo pessoal
Luís Ricardo Pires ao lado do filho, Henrique Pires, em São José do Rio Preto (SP)
Luís Ricardo Pires/Arquivo pessoal
Henrique Pires presentou a amiga, Júlia Magnani, com uma pulseira em São José do Rio Preto (SP)
Mikaelly Santos/Arquivo pessoal
⚠️ Conscientização dos pais
Pediatra Denise Savazo, de São José do Rio Preto (SP)
Arquivo pessoal
Para entender sobre o comportamento das crianças, a reportagem conversou com a médica pediatra e pós-graduanda em psicanálise e psiquiatria infantil, Denise Savazo. Ao g1, a profissional explicou que a atitude não se trata de um problema, uma vez que as crianças possuem a mesma idade e grau de entendimento.
O comportamento, de acordo com ela, é “comum”, porque as crianças, muitas vezes, não sabem o que é, de fato, namorar e, inocentemente, espelham as falas dos pais sobre casamento.
Contudo, reforçou que é uma oportunidade para os pais conversarem, de forma lúdica e de fácil entendimento, com as crianças para conscientizarem quanto aos riscos de exposição a relacionamentos afetivos, restritos à fase adulta.
“É uma boa oportunidade dos pais dizerem que eles não são casados, que são crianças, que só casa quem é adulto. Contextualizar a situação com a criança de que é um amigo que deu um presente e que ela só vai ter contato com namoro quando ela for adulta”, explica a médica.
Segundo ela, é necessário que a criança viva a infância, de modo que os pais expliquem que os filhos não são adultos em miniatura.
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