O RJ1 teve acesso a uma carta que Júlia Cathermol escreveu para o outro namorado, Jean Cavalcante de Azevedo, antes de se entregar. A Polícia Civil do RJ trabalha com a hipótese de que Luiz Marcelo Ormond já vinha sendo envenenado dias antes do “crime do brigadeirão”, em 17 de maio.
O RJ1 teve acesso a uma carta que Júlia Cathermol escreveu, antes de se entregar, para o (outro) namorado, Jean Cavalcante de Azevedo. Na mensagem manuscrita, datada de 30 de maio, a psicóloga diz que Ormond “estava sempre dopado”.
Agora, a 25ª DP (Engenho Novo) vai tentar descobrir se antes de comer o brigadeirão Ormond já tinha ingerido, sem saber, substâncias letais.
A necrópsia no corpo do empresário — descoberto no 20 de maio, após queixas de vizinhos pelo mau cheiro — encontrou um líquido achocolatado no estômago dele, e uma perícia mais detalhada, divulgada semana passada, apontou a presença de morfina e do ansiolítico Clonazepam no trato gástrico do homem.
Jean disse à polícia que não tinha conhecimento da existência de Ormond nem que estava sendo traído. Em seu depoimento, alegou que Júlia lhe contou que precisaria ficar fora por 1 mês para trabalhar de babá.
Para tal, Júlia lhe enviou fotos dos filhos da suposta contratante, Natália — que os investigadores afirmam ser a cigana Suyany — a mulher que se apresenta como Cigana Esmeralda e que, para a polícia, foi a mandante e mentora do assassinato.
‘Ameaça’
Suyany e Júlia
Reprodução/TV Globo
Na carta, Júlia pede perdão várias vezes a Jean e afirma que “estava sendo coagida e sob ameaça”.
Ela não diz por quem, mas, de acordo com o depoimento da mãe e do padrasto, a psicóloga “fez uma besteira obrigada por Suyany”.
“Tudo o que está acontecendo foi porque fui fraca mentalmente, sofri uma lavagem cerebral e fui ameaçada de morte, você e minha mãe também”, escreveu Júlia.
“Então eu surtei. Ainda estou surtada, na verdade estou muito pior, sem saber lidar com tudo isso.”
Carla, mãe de Júlia, afirmou em depoimento que esteve na casa da filha em 27 de maio, quando percebeu que ela “estava bastante aflita e abatida”. A mãe decidiu levá-la para Maricá, onde mora. Lá, Júlia disse que “estava sob forte ameaça de Suyany há muito tempo” e que fez a “besteira” obrigada pela “cigana”. A psicóloga teria confessado à mãe acreditar que Suyany iria matar a família toda “por meio de feitiçarias”.
Uma nota da defesa de Júlia divulgada semana passada tinha proposto “um olhar mais apurado” na “questão da religiosidade”, citando indiretamente Suyany Breschak. “Uma das partes envolvidas é uma orientadora e conselheira espiritual de uma determinada denominação religiosa”, disse Hortência Menezes.
“Precisamos entender como foram os 11 anos existentes dessa relação, de aconselhamento e de orientação ‘religiosa’ existente com minha cliente, fundamentada na monetização financeira e no medo”, escreveu.
Cena do beijo
Ormond e Júlia descem de elevador com o brigadeirão com morfina
Reprodução/TV Globo
Júlia cita na carta a Jean o beijo que ela deu em Ormond no elevador em 17 de maio — dia em que, segundo a perícia, o empresário foi morto.
“Aquele beijo foi fingido e não passou disso, até porque ele [Ormond] estava sempre dopado, e eu fugia, não dormia nem no mesmo quarto”, narrou Júlia.
Júlia Cathermol ao ser transferida para um presídio e ao ser fichada na delegacia
Reprodução/TV Globo