Buscas usam equipamento de georadar e cães farejadores para encontrar possíveis vítimas. Saco de cal foi encontrado próximo às covas onde foram enterradas as vítimas em cemitério clandestino em Boa Vista
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Criminosos usavam cal para disfarçar o mal cheiro de corpos enterrados no cemitério clandestino onde foram encontradas cinco pessoas enterradas em Boa Vista. As vítimas eram dois homens e três mulheres – duas estavam abraçadas na mesma cova. As buscas por mais vítimas seguem nesta terça-feira (21).
A Polícia Civil investiga se os crimes têm relação com facção criminosa. Pela dinâmica do local, já é possível afirmar que as vítimas foram assassinadas por mais de uma pessoa.
“O uso de cal realmente é uma prática comum porque ele inibe o odor forte de um corpo em decomposição e realmente foi encontrado no local”, explicou ao g1 o delegado Luiz Fernando, responsável pelas investigações no local.
Equipamento de georadar é usado em buscas por mais vítimas em cemitério clandestino em Boa Vista
Caíque Rodrigues/g1 RR
Até às 12h, cães farejadores dos Bombeiros encontraram três pontos suspeitos onde podem ter outros corpos. Para confirmar, será usado um equipamento de georadar na área. Além disso, o trabalho também ocorre de forma manual, com agentes fazendo varredura em todo o local.
Entre as vítimas encontradas até agora havia um homem esquartejado, um com perfurações de faca, uma que estava em estado avançado de decomposição e as duas mulheres enterradas na mesma cova. A suspeita é de que o primeiro corpo enterrado tenha sido ocultado há cerca de seis meses.
Polícia acha cinco corpos enterrados em cemitério clandestino e segue com buscas
Em coletiva à imprensa na manhã desta terça-feira, a delegada geral da Polícia Civil, Darlina de Moura Viana, disse que as investigações iniciais apontam que todas as vítimas foram mortas a facadas e não a tiros.
“Nós temos uso de cal que normalmente todo mundo conhece. O cal diminui o cheiro e diminui a probabilidade de localização. Eles pensaram nisso ao ocultar os cadáveres. Também tem mais ou menos seis meses que o primeiro corpo foi enterrado lá, os outros corpos são mais recentes”, ressaltou Darlina.
Ela também informou que a polícia deve cruzar dados do banco de desaparecidos com os dos corpos encontrados. A causa da morte e a identificação das vítimas devem ocorrer após perícia do Instituto Médico Legal (IML). Ainda não há previsão para a divulgação dos resultados periciais.
Cemitério clandestino
Os corpos foram encontrados ao longo dessa segunda-feira (20) em Boa Vista, após um homem, de 29 anos, fugir para não ser morto por uma facção venezuelana conhecida por “Trem de Arágua”. O local é um terreno com área de mata entre os bairros Pricumã e Cinturão Verde, na zona Oeste.
De acordo com a Força Tática do Bope da Polícia Militar, enquanto fugia correndo da facção, o homem foi contido por moradores que achavam que ele estava invadindo as casas para roubar. Aos agentes, ele disse que a família havia sido sequestra pela facção. O caso é investigado pela Polícia Civil.
“Está sendo confirmada essa informação para se ter uma dimensão de o motivo dele estar afastado da esposa dele porque a princípio eles ficavam em um abrigo, mas não ficavam no mesmo grupo. Então, se está tentando confirmar essa informação, se a família de fato está desaparecida ou se efetivamente eles perderam o contato nos últimos dias”, explicou o delegado.
Policiais do Bope escavam terreno em busca de mais vítimas
Arquivo pessoal
O homem apontou outros dois, um de 29 anos e um de 27, como sendo os membros da facção responsáveis pelo sequestro. Eles eram os mandantes de vários homicídios de venezuelanos no bairro Pricumã, de acordo com a polícia.
O homem era olheiro da facção e chegou a testemunhar vários homicídios e o momento em que os corpos foram enterrados. Ele mostrou aos agentes onde os corpos estavam.
Inicialmente, quatro pessoas foram detidas suspeitas de cometerem o crime. No entanto, na delegacia, dois homens foram autuados em flagrante pelos crimes de ocultação de cadáver, associação criminosa e ameaça.
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