28 de dezembro de 2024

Criminosos usavam grupos de mensagens para organizar assassinatos em Palmas, diz polícia

Polícia Civil cumpriu 13 mandados de prisão preventiva nesta terça-feira (3). Investigações desta fase da Operação Gotham City começaram após a morte de motoboy em maio de 2023. Coletiva de imprensa sobre a Operação Gotham City da Polícia Civil
Andressa Ribeiro/Jornal do Tocantins
As investigações de assassinatos realizados no primeiro semestre de 2023 em Palmas, durante uma guerra entre facções, ganham mais uma etapa na Operação Gotham City. Nesta terça-feira (3), a Polícia Civil informou que membros de uma organização criminosa organizava os assassinatos por meio de grupos de mensagens online.
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Durante a operação, a Polícia Civil cumpriu 13 mandados de prisão preventiva na Unidade Penal de Palmas e endereços do setor Jardim Aureny IV, na região sul da capital.
Segundo o delegado da 1ª Divisão Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa, Eduardo Menezes, a quarta etapa da operação iniciou com as investigações da morte do motoboy Ayrton Evangelista de Araújo, que aconteceu no dia 8 de maio de 2023. Na época, ele foi assassinado após uma emboscada armada por quatro membros de uma facção.
Ayrton trabalhava em uma pizzaria da região sul de Palmas como motoboy, e segundo o delegado informou durante entrevista, seria membro de outra facção. No dia do assassinato, dois criminosos chegaram em uma moto e outros dois em um carro.
Eles compraram uma pizza para de ver se o alvo estava no serviço. Quando a Ayrton saiu do estabelecimento os dois suspeitos que estavam na moto foram atrás dele e o mataram com vários tiros. (Veja no vídeo abaixo)
VÍDEO: Motoboy é perseguido e morto após sair do trabalho em Palmas
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Grupos de mensagens
Com as investigações do caso, a polícia teve acesso a várias provas. Entre elas um aplicativo de troca de mensagens online, onde eram planejados os crimes.
“Esses membros confeccionaram esse grupo para organizar os homicídios. A gente consegue identificar não só os dois que foram ver a presença do alvo [estavam de carro], mas também os dois motoqueiros e mais sete pessoas envolvidas nesse homicídio e em outras mortes nesse semestre de 2023”, explicou o delegado.
A Polícia ainda informou que também foi possível perceber que a plataforma de mensagens se tornou a forma de comunicação oficial das organizações criminosas. Nelas são organizados grupos para venda de drogas, compras de armas e para as logísticas dos ataques.
“O homicídio desse motoboy foi em represália ao homicídio de um rival, que foi assassinado horas antes ainda na tarde do dia 8 de maio de 2023. Daí eles fazem uma espécie de investigação clandestina. Eles vão ao local do crime, se certificam de qual munição foi utilizada, eles se passam por investigadores até chegar na conclusão de que o responsável pelo homicídio do colega de facção teria sido o entregador de pizza. Eles fazem essa investigação clandestina”, contou o delegado Eduardo Menezes.
Ataque planejado
Conforme a Polícia Civil, a facção carioca tinha como objetivo eliminar os principais líderes da facção rival. Essa organização tinha informações privilegiadas já que o membro Dad Charada, tinha participado da organização criminosa paulista anteriormente. Charada foi preso em julho de 2023 no Rio Grande do Sul e morreu no presídio de Araguaína, dias após ser transferido para o Tocantins.
Em 2023, a capital passou por uma onda de violência e assassinatos sem precedentes. Até o final de junho, a cidade havia registrado 90 mortes. Aumento de 210% se comparado ao mesmo período de 2022, quando houve 29 homicídios.
Um dos membros da facção carioca, Luxúria ou LX, também foi citado pela polícia como responsável pela organização e financiamento do grupo. Segundo o delegado Eduardo Menezes ele teria sido o responsável por recrutar Carlos Augusto Silva Fraga, o Dad Charada.
Vários homicídios relacionados à guerra entre facções em 2023 devem ser investigados. Segundo a polícia, Luxúria deve responder por envolvimento no assassinato de 20 pessoas. Os autores ainda devem ser identificados ao longo das investigações. Veja os nomes das vítimas já identificadas pela polícia:
Pedro Duarte e Silva
Kauã Vinícius Lobo Rodrigues
Marcos Douglas Gomes Freitas
Marcos Vitor Elias Ribeiro
Wender Carvalho Borges
Victor Gabriel Alves Saraiva dos Santos
Clevis Passos Nunes
Artur Uchôa de Matos
Wewerton Rodrigues Lima
Geferson Rodrigues Lima
Aladione Araújo
Jardel Rodrigues Pereira
Ikaro Felipe Santos de Sousa
Ricardo Barra Guimarães
Wesley Dias Carvalho
Evaldo Rodrigues de Freitas Neto
Diuliam Marinho Fernandes
Ronildo Alves Dias
Carlos André Costa Martins – criança de 4 anos que morreu com uma bala perdida durante troca de tiros
Leandro Ribeiro Nogueira
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