Conforme a Mãe Michelly da Cigana, “não é um cemitério para enterrar pessoas nem para cultuar mortos”. Espaço na Região Metropolitana de Porto Alegre tem 18 hectares e levou quatro meses até ficar pronto, segundo a proprietária. Inauguração ocorreu no dia 23 de março. Mãe de santo constrói cemitério particular para cultuar exus e pombagiras no RS
Uma mãe de santo construiu um cemitério particular em Viamão, na Região Metropolitana de Porto Alegre, para prestar homenagem a exus e pombagiras — entidades de religiões de matriz africana. De acordo com a proprietária do local, o espaço tem 18 hectares e conta com cruz-mestre, capelas e túmulos. A inauguração ocorreu no sábado (23), após quatro meses de obra. (Veja vídeo acima)
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“É um cemitério para homenagear a religião de quimbanda, que é uma religião nossa, mais do Rio Grande do Sul. Terá assentamentos de exus e pombagiras, e não de corpos. Não é um cemitério para enterrar pessoas nem para cultuar os mortos”, esclarece a Mãe Michelly da Cigana.
Em 2023, fotos da casa de Michelly viralizaram devido à construção de uma estátua da entidade Belzebu, em Alvorada, também Região Metropolitana de Porto Alegre. Relembre abaixo.
A ideia de construir o cemitério partiu de alguns fatores, conforme contou a mãe de santo em entrevista ao g1. Entre eles, a dificuldade em fazer trabalhos religiosos nas ruas e um episódio de intolerância pelo qual ela afirma ter passado.
“Hoje a gente não pode se sentir seguro indo numa encruzilhada, indo numa mata, numa cachoeira. Às vezes, a gente é assaltado, às vezes é roubado, às vezes levam o nosso carro. As pessoas não respeitam a religião. Eu estou pensando num espaço onde as pessoas terão, além de segurança, um ponto de força necessário para cultuar a sua fé sem intolerância religiosa e com muito respeito”, avalia.
Mãe de santo constrói cemitério particular no RS em homenagem a quimbanda
Arquivo Pessoal
Uma mãe de santo construiu um cemitério particular em Viamão, na Região Metropolitana de Porto Alegre, para prestar homenagem a exus e pombagiras, entidades da quimbanda. O espaço tem 18 hectares e conta com cruz-mestre, capelas e túmulos. A inauguração ocorreu no sábado (23), após quatro meses de obra.
As instalações do local chamam a atenção pelo acabamento e luxo, a começar pelo pórtico de entrada. Um letreiro luminoso traz o nome “Cemitério Maria Padilha”, em referência à entidade religiosa. A inauguração foi celebrada com queima de fogos de artifício.
“Eles criticam o luxo, porém eu não vivo da religião, eu vivo para a religião. Se eu amo, se eu acredito, se eu tenho fé, eu quero dar o melhor para a minha fé, eu quero dar o melhor para as minhas entidades”, pontua.
Mais detalhes de cemitério inaugurado em Viamão por mãe de santo
Arquivo Pessoal
De acordo com Mãe Michelly, o cemitério deverá ser aberto para visitações a partir de agosto, mediante prévio agendamento. A expectativa é que os passeios pelo local recebam praticantes da quimbanda, simpatizantes e curiosos.
“Como a gente tem grandes templos evangélicos, a gente tem grandes templos da Igreja Católica, eu acho que falta alguém que queira fazer espaços para a gente ter o nosso espaço religioso. Para a gente poder ter o nosso respeito, a nossa religião ter um espaço para ser cultuada sem intolerância, um espaço onde as pessoas se sintam seguras”, compara.
Veja fotos do local
Disposição dos túmulos no ‘Cemitério de Maria Padilha’
Arquivo Pessoal
Cruzes espalhadas pelo terreno do ‘Cemitério de Maria Padilha’
Arquivo Pessoal
Caixão, coroas de flores e a imagem de Maria Padilha
Arquivo Pessoal
Detalhes das instalações do ‘Cemitério de Maria Padilha’
Arquivo Pessoal
Quem é a Mãe Michelly da Cigana
Esta não é a primeira vez que a Mãe Michelly da Cigana viraliza nas redes sociais. Em março de 2023, ela chamou a atenção de um vizinho que registrou a imagem de uma criatura com corpo humano, asas e cabeça de bode no muro de sua casa, em Alvorada, na Região Metropolitana. A estátua retrata Belzebu, Baphomet ou Saravá Exu Maioral.
Diante da repercussão, a mãe de santo resolveu abrir a casa e realizar um “tour” pela residência. Dentro do imóvel, há mais dezenas de estátuas de entidades religiosas.
“No momento que eu viralizei com a imagem de Belzebu na frente da minha casa, isso me deu um valor financeiro maior, né? As pessoas me procuraram mais para fazer consulta, me procuraram mais para fazer trabalhos. Então, a maneira que eu encontrei de reverter esse dinheiro, que não é meu, é devolver esse dinheiro para as entidades”, diz.
Imagem da estátua com a mãe Michelly da Cigana
Mãe Michelly da Cigana/Arquivo pessoal
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