10 de janeiro de 2025

Cufa debate no G20 o futuro da saúde pública e fará encontros em 3 mil favelas para elaborar propostas até novembro

G20 das Favelas quer levantar principais demandas da população para apresentar às autoridades no G20. Cufa debate no G20 o futuro da saúde pública e fará encontros em 3 mil favelas para elaborar propostas até novembro
A Central Única das Favelas (Cufa) participou nesta sexta-feira (26) de um debate sobre o futuro da saúde pública ao lado de representantes do Ministério da Saúde, da universidade de Harvard e do programa das Nações Unidas.
Na forma de G20 das Favelas, essa é a primeira vez que uma organização de favela entra em foco para discutir a saúde de quem mora nas comunidades em uma escala internacional.
A Cufa, a Frente Nacional Antirracista e a Frente Parlamentar das Favelas vêm organizando conferências em favelas do Brasil e do exterior para discutir problemas e buscar soluções para os territórios.
A expedição em 3 mil favelas de 41 países será feita até novembro, quando um documento com propostas será apresentado na cúpula de líderes do G20, no Rio.
“O objetivo é trazer toda a população das favelas para as grandes agências. Quando temos um evento como esse acontecendo no Rio, onde é discutido o futuro dessas pessoas, essas pessoas precisam participar dessas decisões e dessas soluções. Já que as pessoas das favelas não vão às conferências, a CUFA está levando as conferências para as favelas do Brasil”, explica fulana de tal.
A desigualdade é um dos principais temas discutidos pelas autoridades no G20 – uma realidade que a favela conhece de perto.
A dona de casa Ingrid Batista é mãe de três crianças. Dois meninos com transtorno de espectro autista e que não têm acesso ao tratamento na rede pública de saúde.
“Tô há um ano esperando neuropediatra e fonoaudiólogo deles e até agora nada. Tô pagando particular agora, na faixa dos R$ 300 reais. Não posso ficar esperando”, conta Ingrid.
Saúde costuma aparecer entre as principais preocupações de moradores de favelas e periferias, que reclamam de falta de estrutura e de profissionais nas unidades hospitalares, fora a demora do acesso e atendimento.
A saúde física e mental desses moradores é também impactada pela falta de saneamento básico e pelas condições precárias de moradia.
São muitas demandas a serem levadas para o G20, conforme aponta a Cufa.
“E a importância de se discutir é trazer a luz a essas desigualdades que existem. A pandemia foi um exemplo disso, em que mais afetou o público, as pessoas dessa região, as pessoas de favela, e trazer hoje no evento que dá luz é pensar em soluções concretas, soluções efetivas e pensar em soluções efetivas é ter compromisso com a pauta, ter vontade social e política pra fazer a diferença”, diz Letícia Gabriella, coordenadora nacional do G20 das Favelas.
“Então, trazer essas demandas que estão sendo construídas pelo G20 das favelas é trazer a reflexão de colocar as pautas e as demandas e, ao mesmo tempo, pensar em soluções concretas. Um investimento real para que essa situação seja mudada”, completa.

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