29 de setembro de 2024

Da iluminação pública à substituição da gordura trans: entenda como invenções da Unicamp são usadas no mercado

Universidade atingiu, em 2023, maior número de contratos de transferências de tecnologias ativos desde 2014, com 212 licenciamentos. Projetos vão da área da saúde à nanotecnologia. Vista aérea da Unicamp, em Campinas
Antoninho Perri/Ascom/Unicamp
A Unicamp atingiu, em 2023, o maior número de contratos de transferências de tecnologias ativos desde 2014, com 212 licenciamentos. Intermediados pela agência de inovação da universidade, os contratos mostram uma alta nas inovações que saem dos institutos e se tornam tecnologias “de ponta” no mercado.
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📄 O que é esse contrato? Resumidamente, um contrato de transferência de tecnologia é um documento jurídico entre a Unicamp e uma empresa, startup ou instituição pública, por exemplo, interessada em usar uma tecnologia ou conhecimento protegido pela universidade.
“Tivemos criação de novas empresas spin-offs, que são empresas que são criadas baseadas em tecnologias desenvolvidas na Unicamp. Todas essas empresas, tanto as spin-offs quanto as que licenciam, ganham competitividade, geram empregos, geram renda altamente qualificados e levam soluções para a sociedade”, relata Renato Lopes, diretor-executivo da Inova Unicamp.

As patentes, os softwares e conhecimentos transferidos por meio desse acordo abrangem diversas áreas, do monitoramento de problemas na iluminação pública a uma alternativa mais sustentável à gordura trans. Confira, abaixo, alguns projetos de destaque.
🌴 Óleo de macaúba e gordura trans
Desde 2023, a utilização de gordura trans em alimentos industrializados é proibida pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Isso porque esse tipo de gordura, feita a partir de hidrogenação de óleos vegetais, aumenta os riscos de infarto e de acidente vascular cerebral.
“Surgiu a necessidade de trazer um processo, um novo processo de modificação, que é um processo substituto, que não gera trans. É um processo alternativo, mas nós buscamos aplicar esse processo a uma fonte nacional”, explica a professora e pesquisadora Ana Paula Badan.
Foi assim que Badan, ao lado de outros pesquisadores da Faculdade de Engenharia de Alimentos, viu no óleo de macaúba, uma palmeira nativa brasileira, a possibilidade de substituir gorduras trans na indústria utilizando uma fonte sustentável e disponível amplamente no país.
A partir do momento que você tem frações lipídicas, gorduras de base macaúba, para aplicação na indústria, você traz sustentação a toda uma cadeia. Então, a macaúba começa a ser explorada. Os óleos, principalmente direcionados para biocombustíveis, mas do ponto de vista de aplicação em alimentos, diretamente, isso é inédito.
A invenção foi licenciada por uma empresa de Minas Gerais com foco na produção de “matérias-primas sustentáveis com carbono negativo em larga escala para transformação das indústrias de energia, química e de alimentos por meio da restauração florestal”.
Ana Paula Badan no Laboratório de Óleos e Gorduras da Unicamp
Pedro Amatuzzi/Inova Unicamp
💡 Qualidade da iluminação pública
Pensando em formas para garantir mais eficiência e rapidez na gestão da qualidade da iluminação pública, pesquisadores das faculdades de Tecnologia, Engenharia Elétrica e Computação desenvolveram um sistema capaz de identificar:
se um transformador ou chave, por exemplo, está com defeito e qual foi o defeito identificado;
quais lâmpadas estão instaladas nos postes de iluminação da cidade;
e quais lâmpadas apresentam intensidade luminosa abaixo do esperado.
A identificação é feita aliando duas câmeras instaladas em cima de um veículo – uma térmica e outra convencional – à inteligência artificial. Assim, o carro pode percorrer as ruas de um município e produzir, em tempo real, relatórios sobre os problemas apontados.
A ideia é você aumentar o nível de confiabilidade das redes de distribuição de energia elétrica no país. Com essa tecnologia, a gente consegue monitorar em um intervalo de tempo muito menor do que era feito antigamente.
Segundo Arthur, a invenção ajuda a prevenir, por exemplo, que regiões e estabelecimentos sofram fiquem “no escuto”. “Permite também fazer manutenções preventivas, evitando que, principalmente, áreas de alta necessidade, como hospitais, fiquem sem energia”, detalha.
O projeto foi licenciado pela CPFL Energia, empresa responsável pela distribuição de energia elétrica na região de Campinas (SP).
Gabriel Gomes de Oliveira (FEEC), Rangel Arthur (FT) e Yuzo Iano (FEEC) (esq. para dir.)
Pedro Amatuzzi/Inova Unicamp
🧠 Outras invenções
Entre as tecnologias transferidas, há projetos nas áreas de:
alimentos;
biotecnologia;
energia;
física;
medicina veterinária;
nanotecnologia;
química;
saúde e bem-estar;
tecnologia da informação;
e telecomunicações.
🌊 Na área de energia, por exemplo, pesquisadores desenvolveram um hidrogel com a função de impedir a proligeração do coral-sol, uma espécie invasora que causa desequilíbrios no litoral do Brasil. O material é espalhado nas superfícies usando drones subaquáticos e foi licenciado pela Petrobras.
🦠 Na química, a invenção que chamou atenção foi um spray antiviral para ser aplicado em equipamentos de proteção individual (EPIs). Nos testes, a solução apresentou 99,9% de eficácia contra o vírus SARS-CoV-2 em máscaras. O licenciamento foi feito por uma empresa que comercializa EPIs.
🧫 Na saúde, foi patenteada uma nova forma, mais rápida e confiável, de identificar sinais do vírus do papiloma humano (HPV). A técnica também mostra o estágio da doença e pode ser feita diretamente nas amostras biológicas. O método foi licenciado por uma empresa de biomedicina.
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