26 de dezembro de 2024

‘Dama de gelo’ e aliada de López Obrador: quem é Claudia Sheinbaum, favoritaça para vencer as eleições no México

Líder nas pesquisas, Claudia Sheinbaum é uma aliada do atual presidente, Andrés Manuel López Obrador. Claudia Sheinbaum em 29 de maio de 2024
Ulises Ruiz / AFP
Apadrinhada pelo atual presidente Andrés Manuel López Obrador, a política Claudia Sheinbaum, de 61 anos, deverá se tornar a primeira mulher presidente do México. Ela está bem à frente nas pesquisas eleitorais de Xóchitl Gálvez, senadora e empresária de raízes indígenas, segunda colocada.
A votação acontece neste domingo (2) e, além de presidente, serão escolhidos 128 senadores e 500 deputados.
Em 29 de maio, o agregador de pesquisas Polls.mx apontava que as intenções de votos eram as seguintes:
Claudia Sheinbaum: 55%.
Xóchitl Gálvez: 31%.
Jorge Álvarez Máynez: 13%.
Antes de entrar na política, a candidata favorita construiu uma carreira acadêmica: formou-se em física pela Unam (uma das universidades mais prestigiadas do México), e fez pós-graduação em engenharia ambiental. Ela também fez pós-doutorado na Universidade da Califórnia em Berkley, nos Estados Unidos e participou do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática da ONU (IPCC) que ganhou um Prêmio Nobel da Paz em 2007.
Em novembro de 2023, ela anunciou seu novo casamento com Jesús Tarriba, seu namorado de faculdade, com quem se reencontrou pelo Facebook, em 2016.
Durante seus anos como estudante, Sheinbaum foi politicamente ativa e até organizou uma greve contra o aumento de mensalidades, em 1987. Para ela, essa é uma tradição familiar: os pais eram esquerdistas e estiveram envolvidos nas manifestações de 1968 no México (os protestos estudantis na Cidade do México naquele ano tomaram uma grande proporção, até que policiais mataram cerca de 300 pessoas em uma praça, poucas semanas antes de começarem os Jogos Olímpicos que aconteceram lá).
Vida política
Na política, Sheinbaum começou como secretária de Meio-Ambiente da Cidade do México. Na época, o prefeito era Andrés Manuel López Obrador, que viria a se tornar presidente com o partido que ele mesmo fundou, o Morena.
Andrés Manuel López Obrador com Claudia Sheinbaum, em setembro de 2023
Henry Romero/Reuters
Sheinbaum acompanhou López Obrador no Morena e, depois de comandar um distrito da Cidade do México, se tornou prefeita.
Quando ainda estava no comando do distrito, em 2017, teve que gerenciar as consequências de um desmoronamento de um colégio durante o terremoto que matou 26 pessoas, incluindo 19 crianças.
Ela disse na ocasião que as irregularidades encontradas na construção não eram culpa da prefeitura.
Durante sua gestão como prefeita da capital, entre 2018 e 2023, aconteceram a pandemia de Covid-19 e a queda de uma linha do metrô. Ao lidar com o acidente, ela fez um acordo com a empresa construtora, que pertence ao magnata Carlos Slim: as vítimas receberam indenização e o caso não foi levado à Justiça.
Apoio de López Obrador
A candidata é a favorita por causa do apoio de López Obrador, afirma Jimena Ortiz, da consultoria Inteligencia Más. “Essa grande intenção de votos é uma consequência do endosso do presidente a ela. Essas eleições são uma espécie de referendo a López Obrador, porque as pessoas que gostam do governo vão votar em Sheinbaum”, diz ela.
O problema, segundo Ortiz, é que até mesmo as propostas que a candidata defende são, essencialmente, desejos do atual presidente.
Um desses projetos é uma mudança de todo o sistema judiciário: o partido Morena quer que ministros da Suprema Corte, juízes, desembargadores e os ministros da Justiça Eleitoral sejam escolhidos por voto direto. Por esse projeto, todas as pessoas que estão atualmente no cargo serão obrigadas a renunciar.
Para que essa proposta seja aprovada, o Morena e os partidos aliados precisarão ter dois terços da Câmara dos Deputados e dois terços do Senado.
‘Dama de gelo’
Quando a disputa ficou entre Sheinbaum e Xóchitl Gálvez, a líder das pesquisas nunca olhou ou chamou sua principal oponente pelo nome durante três debates que tiveram.
“Você ainda é fria, sem coração, eu a chamaria de dama de gelo”, disse Gálvez a ela durante o primeiro confronto, acusando-a de não ter o “carisma” de López Obrador.

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