Uma das principais esperanças de medalha para o Brasil nos Jogos Olímpicos de Paris, o atleta do arremesso de peso precisou fazer uma cirurgia e deixou a disputa. Darlan Romani
Reprodução/TV Vanguarda
Uma das principais esperanças de medalha para o Brasil nos Jogos Olímpicos de Paris, Darlan Romani foi cortado às vésperas da disputa pelo Comitê Olímpico do Brasil, por precisar passar por uma cirurgia e frustrou milhares de brasileiros que queriam acompanhá-lo na disputa do arremesso de peso.
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Exatamente duas semanas após a notícia de que o atleta precisaria passar pela cirurgia por conta de uma hérnia de disco – o anúncio aconteceu no dia 23 de julho -, Romani começou a recuperação e tem evoluído, mas pondera que está vivendo um momento difícil.
“É um momento complicado para mim como pessoa”, disse.
“Mentalmente eu ainda estou lutando muito para ficar bem, mas vai dar tudo certo. Eu preciso reorganizar a mente, os planos. A gente tinha um planejamento, mas aconteceu isso, aí virou tudo uma bagunça. Preciso reorganizar o caminho”, afirma o atleta.
Darlan Romani
Reprodução/TV Vanguarda
A cirurgia aconteceu no dia 28 de julho e foi bem-sucedida. Darlan Romani diz que pôde começar a ficar sentado nesta semana – desde então ele só podia ficar deitado – e o próximo passo será voltar a fazer exercícios físicos leves.
“Já fiz a cirurgia. Estou em fase de recuperação, então não tem mais dor na perna e na coluna. Mas é um trabalho lento, que vai ser diferente neste ano, vai ser mais longo.”
“Preciso recuperar meu corpo. Afinal, eu levo o corpo ao máximo e ao limite todo dia. Esse tempo é importante, mas confesso que eu estou desesperado já de ficar em casa. Fico a maior parte do tempo deitado. Ontem acabei ligando para o médico e falei: ‘pelo amor de Deus, deixa eu fazer alguma coisa’. Ele disse que eu podia ir para a academia, mas sem pegar peso livre, só aparelho e sem carga. Precisa ter muita cautela”, completa.
Destaque no arremesso de peso, Darlan tornou-se campeão mundial indoor em 2022, conquistou o 4° lugar nas Olimpíadas de Tóquio e no Mundial de Doha 2019, e é bicampeão pan-americano em Lima 2019 e Santiago 2023. Por conta do histórico, tinha grandes chances de subir ao pódio em Paris.
Lesionado, Darlan Romani está fora dos jogos olímpicos de Paris
Lesão
Darlan Romani passou pela cirurgia no dia 28 de julho devido a uma recidiva de uma hérnia nas vértebras da região lombar, que já havia sido tratada, também com correção cirúrgica, em 2021, antes de Tóquio.
“Eu já fiz essa cirurgia em 2021, antes das Olimpíadas, mas tinha tempo hábil. Então fiz a recuperação, que não foi tão lenta quanto a de agora. Em 2021, voltei a treinar em três semanas e estava tudo bem. Eu estava muito bem”, lembra Romani.
Darlan Romani antes de cirurgia para correção da hérnia de disco
Reprodução/YouTube
Apesar disso, o atleta voltou a sentir dores neste ano. O primeiro incômodo aconteceu na véspera da disputa do Troféu Brasil, no dia 29 de junho. Após a disputa, que terminou com a primeira posição, ele passou por ressonância, que diagnosticou uma hérnia de disco pequena.
Darlan, então, seguiu a preparação para as Olimpíadas e viajou para treinar em León, na Espanha. Durante o Camping Pré Olímpico, o atleta teve uma nova crise aguda de dores na região lombar.
“Dormi no chão do hotel. Fiz fisioterapia o dia inteiro para recuperar. Tomava de tudo, mas não consegui mais levantar. Eu torcia no chão, chorava de dor, até de madrugada. Não tinha mais o que fazer. Cheguei em um ponto de não aguentar mais. Cheguei a pedir morfina, porque não aguentava mais.”
Darlan Romani, 4º lugar no arremesso nas Olimpíadas de Tóquio
Hannah Mckay/Reuters
Sem sucesso nas tentativas de cuidar da lesão com fisioterapia, Romani acabou retornando para o Brasil, onde fez novos exames que diagnosticaram uma hérnia muito maior.
“O médico disse que a gente poderia tentar fazer um bloqueio para ir para as Olimpíadas, mas e se eu entro na prova e me dá uma crise? Eu precisaria ficar na Europa mais quanto tempo até voltar para o Brasil e conseguir operar? A melhor situação realmente era operar e pensar na saúde, porque a hérnia era grande e estava comprimindo bastante”, diz Romani.
“Com certeza eu queria ter ido para as Olimpíadas, mas chegar lá para sofrer de novo e não conseguir entrar na prova era muito arriscado”, avaliou.
Recomeço
Uma das motivações durante a recuperação tem sido o carinho dos torcedores brasileiros. Darlan Romani foi um dos atletas que mais repercutiram durante as Olimpíadas de Tóquio em 2021 e, desde então, é acompanhado por milhares de pessoas nas redes sociais.
“Você não faz ideia do tanto de carinho que a gente recebe. Eu recebi muitas cestas aqui em casa. Muito doce, muito carinho, muita mensagem. O pessoal tem sido muito legal comigo e com minha família. As pessoas entendem que eu não estou lá porque quero. Eu passei muita dor, tive que fazer cirurgia, tive que literalmente tomar uma decisão muito difícil. Foi muito difícil.”
Catarinense Darlan Romani viraliza na web por semelhança com personagem de filme
Além de ajudá-lo durante a recuperação da cirurgia, esse carinho tem também servido de motivação para Darlan Romani, que não vê a hora de voltar a treinar e iniciar próximo ciclo olímpico.
Ele afirma que sonha em estar nas próximas Olimpíadas, que vão acontecer em Los Angeles, nos Estados Unidos, em 2028. O atleta estará com 37 anos na próxima edição dos jogos.
“Vários estudos mostram que você continua elevando o nível de força até os 35 e depois consegue manter ele. Então ainda tenho muita lenha para queimar. Claro que vou ter que ter muita cautela, mas estou consciente do que preciso fazer, de como vai ser a recuperação. Estou apostando que vou fazer uma recuperação legal, com um trabalho bastante assistido, com muita gente que já se dispôs a me ajudar nesse projeto”, garante.
“Agora é seguir em frente. Estamos com novos projetos pensando em 2028. Vou ter bastante cautela”
Torcida pelo Brasil
Acompanhando os Jogos Olímpicos de Paris pela televisão de casa, na cidade de Bragança Paulista, no interior de São Paulo, Romani afirma que inicialmente não queria assistir a disputa do arremesso de peso, mas, como precisava ficar deitado o tempo todo e não tinha muito o que fazer, não teve como escapar.
“No primeiro dia do atletismo nós tivemos o Caio Bonfim ganhando a medalha. No dia seguinte teve a prova do peso e eu não queria nem assistir, para falar a verdade. Sabia que ia ficar mal, mas estava deitado e vi a qualificação. Depois vi a final. Deu muito nó na garganta, muita vontade de chorar. Infelizmente essa é a vida de atleta. A gente está sujeito a isso todos os dias”, conta.
Darlan Romani
Reprodução/TV Vanguarda
A modalidade foi vencida pelo norte-americano Ryan Crouser, que era um dos favoritos à medalha de ouro.
“Os resultados foram os que eu já esperava. Sabia como ia ser, já imaginava. Eu tinha certeza que o Crouser ia levar porque ele é um cara muito constante nos resultados. É o estilo dele. Mas foi uma grande prova.”
Além do arremesso de peso, Darlan tem assistido as competições disputadas pelos brasileiros e se emociona com cada atleta do país que sobe ao pódio. De acordo com ele, o país ainda vai conquistar muitas medalhas na competição.
“O Time Brasil está de parabéns. Estão fazendo uma grande campanha e acho que ainda tem muito resultado bom pela frente. Todos estão de parabéns. Todo mundo está indo em busca do melhor. A gente tem grandes resultados pela frente”, conclui.
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