19 de outubro de 2024

Datafolha: 90% dos eleitores de Nunes desconhecem seu vice, enquanto 80% dos de Boulos sabem quem é a dele

Pesquisa foi realizada com 1.204 eleitores. A margem de erro é de 4 pontos percentuais, para mais ou para menos, entre quem pretende votar em Ricardo Nunes (MDB) e 5 pontos entre os que declaram voto em Guilherme Boulos (PSOL). Coronel Mello Araújo (PL) e Marta Suplicy (PT)
FEPESIL/THENEWS2/ESTADÃO CONTEÚDO;TABA BENEDICTO/ESTADÃO CONTEÚDO
Pesquisa Datafolha divulgada nesta quinta-feira (17) mostra que 90% dos eleitores que pretendem votar em Ricardo Nunes (MDB) no segundo turno deconhecem quem é o vice de sua chapa nesta eleição. Já entre os que declaram intenção de voto em Guilherme Boulos (PSOL), 80% citam corretamente o nome de sua vice.
O vice de Nunes é o coronel Mello Araújo (PL), indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Seu nome é mencionado por 11% das pessoas que apoiam a reeleição do atual prefeito de São Paulo. Uma parcela de 86% desses eleitores afirma não saber quem é o vice da chapa, e outros 4% erram ao citar outros nomes.
Na chapa de Boulos, a candidata a vice é Marta Suplicy (PT) – indicação do presidente Lula. Dentre os que pretendem votar na chapa em 27 de outubro, 80% acertam o nome dela, enquanto 20% afirmam não saber quem disputa a eleição ao lado do deputado federal.
Página especial das pesquisas eleitorais de São Paulo
O levantamento foi encomendado pela “Folha de S.Paulo” e entrevistou presencialmente 1.204 pessoas acima de 16 anos na cidade de São Paulo. O nível de confiança é de 95%. O registro no TSE é o SP-05561/2024.
Os números são arredondados e podem não somar 100%;
A margem de erro é de 4 pontos percentuais, para mais ou para menos, entre eleitores que declaram intenção de votar em Nunes no 2º turno e de 5 pontos entre os que pretendem votar em Boulos.
Segundo a pesquisa, 39% dos eleitores de Nunes classificaram a escolha de seu vice como “ótima/boa”, 33% como “regular” e 6% como “ruim/péssima”. Outros 22% não souberam opinar.
Dentre os eleitores de Boulos, 75% disseram que a escolha da vice foi “ótima/boa”, 19% afirmaram ser “regular” e 5% avaliaram como “ruim/péssima”. O restante declarou não saber opinar.
Conheça, abaixo, os vices das duas campanhas.
Coronel Mello Araújo (PL)
Coronel Mello Araújo (PL), vice na chapa de Ricardo Nunes (MDB) na disputa pela Prefeitura de SP
FEPESIL/THENEWS2/ESTADÃO CONTEÚDO
Nome: Ricardo Augusto Nascimento de Mello Araujo
Idade: 53 anos
Naturalidade: São Paulo (SP)
Profissão: policial militar
Escolaridade: ensino superior completo
Bens declarados: R$ 3,6 milhões — investimentos, conjunto comercial, apartamentos, casa e carros
Coronel aposentado da Polícia Militar e ex-comandante da Rota (uma das tropas de elite da PM), Ricardo Augusto vem de uma família de militares e pertence à terceira geração que atua na Segurança Pública de São Paulo.
Em 2020, foi convidado pelo então presidente Jair Bolsonaro (PL) para assumir a presidência do Ceagesp. Quatro anos depois, foi indicado pela mesma figura para compor a chapa de Ricardo Nunes (MDB) na disputa pela prefeitura, em troca de apoio político.
Conservador, Mello Araújo se coloca como o representante da direita na corrida eleitoral. Ele afirma ter sido escolhido pelo ex-presidente para ser seus “olhos, ouvidos e braços” no Executivo da maior cidade do país.
Assim como seu padrinho político, Ricardo Araújo também acredita que população armada é sinônimo de uma sociedade segura, e utiliza os Estados Unidos como exemplo disso.
Ainda como comandante da Rota, em 2017, Mello Araújo se envolveu em uma polêmica devido a uma declaração feita em entrevista ao UOL.
“Você pega o policial que trabalha nos Jardins, a forma como ele vai lidar com a comunidade ou com as pessoas que transitam por lá é totalmente diferente do policial que trabalha na periferia. Ele usa a mesma técnica, ele vai trabalhar com a mesma doutrina, mas a forma de se abordar e de se falar com a pessoa é diferente, porque aquela comunidade numa região periférica, se eu colocar o policial do Jardins pra trabalhar, ele vai ter, no começo, uma dificuldade pra se adaptar a essa realidade. É uma outra realidade, são pessoas diferentes que transitam por lá. Se ele for abordar a pessoa da mesma forma que abordaria uma pessoa no Jardins, ele vai ter dificuldade, ele não vai ser respeitado. Da mesma forma, se eu coloco um da periferia pra lidar, falar da mesma forma, com a mesma linguagem que uma pessoa da periferia fala aqui no Jardins, ele pode ser grosseiro com uma pessoa do Jardins que tá ali andando. Até a forma de falar, o policial tem que se adaptar àquele meio que ele tá naquele momento.”
Durante a participação em um podcast policial, no último mês de agosto, o coronel relembrou a fala e negou as acusações de que estaria defendendo um tratamento diferenciado da PM nas áreas nobres de São Paulo.
Ele afirmou que estava apenas relatando que há protocolos diferentes para cada situação, o que, ele disse, inclui desde linguagem corporal ao uso de gírias e expressões para se comunicar com as diferentes realidades.
Em entrevista recente à Folha, Mello Araújo declarou que optou por não vacinar os filhos contra a Covid-19 e questionou a eficácia dos imunizantes utilizados no combate à doença. O coronel também defendeu a atuação do ex-presidente Jair Bolsonaro durante a pandemia.
Marta Suplicy (PT)
Marta Suplicy (PT), vice na chapa de Guilherme Boulos (PSOL) na disputa pela Prefeitura de SP
LECO VIANA/THENEWS2/ESTADÃO CONTEÚDO
Nome: Marta Teresa Suplicy
Idade: 79 anos
Naturalidade: São Paulo (SP)
Profissão: psicóloga e política
Escolaridade: ensino superior completo
Bens declarados: R$ 14,1 milhões — ações, investimentos, terrenos, casas, conjuntos comerciais, carros, joias e obras de arte
Psicóloga de formação, o primeiro cargo eletivo de Marta foi o de deputada federal (1995-1998) pelo PT. Em 2002, derrotou Paulo Maluf (PP) e foi eleita prefeita de São Paulo. À época, teve 3,2 milhões de votos.
Dentre os feitos de sua administração, estão a criação dos corredores de ônibus, do Bilhete Único e de 21 Centros Educacionais Unificados (CEUs).
Os complexos, localizados em áreas de pobreza, reúnem creche, educação infantil, fundamental, além de piscinas e atividades culturais. Recebeu o apelido de “martaxa” por ter criado as taxas de lixo e de iluminação pública.
A construção dos túneis da avenida Faria Lima, na Zona Oeste, também foi foco de crítica, seja pelo questionamento de sua necessidade, seja pelo custo.
Foi ministra do Turismo do segundo governo Lula (PT) e da Cultura da primeira gestão de Dilma Rousseff (PT). Foi eleita senadora pelo PT em 2010.
Em 2015, ela deixou o partido do qual fez parte por 33 anos e filiou-se ao PMDB. No ano seguinte, disputou o comando da capital pela legenda e na chapa com Andrea Matarazzo (PSD).
No ano passado, deixou o MDB (antigo PMDB) parar retornar ao PT e ser vice na chapa de Guilherme Boulos, em uma aliança costurada pelo presidente Lula com o PSOL.
Em entrevista ao jornalista Chico Pinheiro para o material de campanha, ela afirmou que aceitou o convite principalmente para lutar contra o bolsonarismo.
“Eu não quero o bolsonarismo na cidade de São Paulo. Não vai construir nada esse negócio de arma, raiva, polarização. Quero alguém que tem experiência com o povo, que gosta do povo, que tenha a trajetória do bem.”
Em diferentes pesquisas de avaliação de governo, é apontada como a melhor prefeita que São Paulo já teve.
Durante a campanha, Marta também disse que comentou com Boulos sobre o desejo de cuidar da parte ambiental da prefeitura em uma possível gestão.
“Eu conversei com ele que gostaria muito de cuidar das árvores da cidade. São Paulo tem que ser a cidade mais arborizada do Brasil e não é. E nós temos que pensar isso. (…) A gente tem que começar a plantar árvore na cidade inteira.”
Ela também destacou o que considera como as principais qualidades do candidato do PSOL. “Ele é uma pessoa que trabalhou muito sempre para os mais pobres, ele é filho de médicos, ajudou a criar muita casa para sem-teto, eu acho bom você ter um prefeito que é muito preparado.”

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