Milton Cardoso é diretor de teatro e colecionador de cenários e bonecos de Playmobil em Itapetininga (SP). Primeiro brinquedo foi presente da mãe, quando ele tinha sete anos de idade. Milton Cardoso guarda com carinho as peças de Playmobil compradas pelos seus pais
Milton Cardoso/Arquivo pessoal
Os brinquedos da infância têm uma mágica única em nossas vidas. Afinal, eles deixam de ser apenas objetos e se tornam verdadeiros portais para o mundo imaginário. Em Itapetininga, no interior de São Paulo, o diretor de teatro Milton Cardoso, de 55 anos, fez de simples brinquedos de encaixar uma atividade que inspira e é capaz de transformar momentos do cotidiano.
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Milton Cardoso coleciona bonecos e cenários de Playmobil, brinquedo criado em 1974 pelo alemão Hans Beck, no qual os personagens precisam ser montados. O primeiro brinquedo de Milton foi adquirido aos sete anos de idade, quando a mãe comprou para ele algumas peças.
“Brinquei muito com ele até os nove ou dez anos, mas, depois, na adolescência, os brinquedos foram deixados de lado. Só muitos anos depois, com aquele presente da minha mãe, essa paixão voltou”, relembra.
Peças de Playmobil dadas pela mãe do colecionador Milton Cardoso
Milton Cardoso/Arquivo pessoal
Depois de mais de 20 anos sem montar os brinquedos, Milton foi surpreendido novamente por sua mãe, que lhe deu um conjunto de pecinhas de circo comprado em um sebo. O presente despertou nele o elo emocional com a infância.
Hoje, 31 anos depois, a coleção se transformou em um universo com cerca de 5 mil bonecos e cenários, ocupando espaços significativos tanto físicos quanto emocionais.
“Para mim, vai além do material; é uma conexão sentimental. Por exemplo, o circo azul que minha mãe me deu tem um significado imenso. Ela faleceu em 2009 e sempre gostou de palhaços.”
O conjunto que Milton guarda com muito carinho inclui entre dez e 15 personagens.
“Tenho também um Playmobil que meu pai me deu em 2011, um mês antes de falecer. Ele ainda está na caixa, mas pretendo abri-lo neste ano para montar um cenário em homenagem a ele. Cada peça tem um valor emocional, e lembro exatamente de quem recebi cada uma”, conta emocionado.
Colecionador cria cenários com peças de Playmobil
Uma coleção sem fim
Estipular a quantidade exata de bonequinhos da coleção é impossível: “Pelas minhas estimativas, tenho uns 5 mil personagens. Sobre os cenários, nem ideia! São vários modelos, como estação ferroviária, mega shopping, hospital, delegacia, casa vitoriana, castelo medieval e etc.”
Segundo Milton, se fosse montar tudo, seria necessário um espaço com mais de 80 m² dedicado só para os brinquedos.
Cenário e peças de uma cidade de Playmobil
Milton Cardoso/Arquivo pessoal
Ao g1, Milton conta que a paixão exercita paciência e precisão, principalmente com os cenários maiores, como a estação ferroviária, que podem levar dois dias para serem concluídos. Mas, se for necessário transportá-los para outro lugar, o processo pode durar um mês.
“Quem coleciona entende que o detalhe é tudo. Pequenos elementos podem passar despercebidos para quem vê, mas, para nós, são fundamentais.”
A pandemia de Covid-19 deu ao colecionador uma missão única: limpar e organizar toda a coleção: “Transformei isso em uma rotina. Trabalhei como se fosse um expediente, das 9h às 18h, por dez dias. Usei cotonetes e panos, porque é tudo muito delicado”. Esse esforço aumentou ainda mais a sua conexão com o hobby, naquele momento de isolamento.
Milton explica que, se fosse montar todas as suas peças, precisaria de no mínimo 80 m² de espaço
Milton Cardoso/Arquivo pessoal
Criatividade e terapia
Para Milton, o colecionismo vai além do material. É uma prática que estimula a criatividade e a organização. Cada novo cenário começa com uma ideia e vai ganhando forma aos poucos.
Como ele trabalha com teatro, vê o hobby como algo que inspira e desafia: “Esse processo de planejar algo, imaginar e, depois, ver isso se concretizar é fascinante. É, sem dúvida, o principal estímulo”, comenta.
Bonecos no cenário de um GP de Motos
Milton Cardoso/Arquivo pessoal
O hobby também é terapêutico, como explica o colecionador. “Toda atividade que nos dá prazer pode ser terapêutica. Seja andar de bicicleta ou colecionar brinquedos, essas práticas nos conectam ao nosso lado lúdico, algo essencial para o ser humano.”
Para ele, o colecionismo resgata uma simplicidade que muitas vezes deixamos de lado, oferecendo momentos de leveza e alegria. Embora, para quem olha de fora, pareça uma atividade solitária, sempre há algo que marca: “Cada peça traz memórias de amigos, familiares ou viagens. Isso cria vínculos que ultrapassam o objeto em si”, afirma.
Por fim, Milton ressalta o equilíbrio que o colecionismo proporciona entre o divertido e o emocional. “É essencial para manter nossa saúde mental equilibrada e nossa criatividade sempre ativa”, conclui.
Cenário com construção inglesa da época vitoriana
Milton Cardoso/Arquivo pessoal
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