26 de dezembro de 2024

De preguiça-de-coleira a de óculos: conheça as 6 espécies que ocorrem no Brasil

Ao todo, são conhecidas sete espécies de preguiça no mundo. Mamífero pode passar até 20 horas por dia dormindo. Espécies de preguiça estão ameaçadas por causa do aumento do desmatamento e aumento do uso de terras para atividades agrícolas e pecuárias
Divulgação/INMA
Não é a toa que o bicho-preguiça tem esse nome. No alto das árvores, o mamífero vive tranquilo e pode passar até 20 horas por dia dormindo. Esses animais são exclusivos das Américas e, das sete espécies conhecidas, seis ocorrem no Brasil.
“Do gênero Bradypus temos a Bradypus variegatus, a B. tricinctus, a B. torquatus e a B. crinitus, que é a mais recente. Já do gênero Choloepus, as espécies são a Choloepus didactylus e C. hoffmani”, explica a médica veterinária Flávia Miranda, que lidera estudos de pesquisas com as preguiças.
A separação entre dois gêneros ocorre por diferentes fatores, mas principalmente pela questão das unhas. Em Bradypus, as preguiças possuem três unhas em cada mão, já em Choloepus, conhecidas como preguiças-reais, há apenas duas.
A única espécie que não vive em território brasileiro é conhecida como preguiça-anã-de-três-dedos (Bradypus pygmaeus) e ocorre em uma ilha do Panamá.
Por aqui, as preguiças sofrem principalmente com a perda e/ou degradação do hábitat, incêndios e com o aumento da matriz rodoviária, de acordo com a Avaliação do Risco de Extinção dos Xenartros Brasileiros, realizada pelo ICMBio. Saiba mais sobre as preguiças brasileiras abaixo:
Preguiça-de-coleira-do-Nordeste
Bradypus torquatus, também conhecida como aí-pixuna e preguiça-preta, ocorre exclusivamente na Mata Atlântica da Bahia e do Sergipe e é considerada Vulnerável (VU) pela Lista Vermelha das Espécies Ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN).
A preguiça-de-coleira passa cerca de 80% do dia dormindo.
Norton Santos/VC no TG
É a maior entre todas do gênero, com preguiças pesando até 10 quilos e medindo pouco mais de 70 centímetros.
Com uma coloração predominantemente castanho-claro, ganhou o nome popular por ter uma região do pescoço de cor mais escura, com pelos longos e pretos. Essa característica dá a impressão de que o animal está usando uma coleira.
Preguiça-de-coleira-do-Sudeste
Bradypus crinitus, a espécie mais nova do gênero, é exclusiva da Mata Atlântica do Rio de Janeiro e do Espírito Santo.
Espécie recém descrita ficou conhecida como preguiça-de-coleira-do-Sudeste
Andreia Martins/AMLD
Até 2022, era considerada como Bradypus torquatus, mas um estudo liderado por Flávia, com pesquisadores das universidades UFMG, UFV e da norte-americana Virginia Tech, comprovou divergências relevantes entre esses mamíferos tanto no DNA, como no esqueleto, crânio e nas distribuições geográficas.
As duas espécies necessitam de novos planos de conservação
Arte TG
A preguiça-de-coleira-do-Sudeste tem a coloração parecida com a “prima nordestina” e, assim como as outras preguiças, se alimenta majoritariamente de folhas. De acordo com Flávia, o estado de conservação dela é considerado como Em Perigo (EN) após a separação do conjunto de indivíduos em duas populações.
Preguiça-bentinho
Bradypus tridactylus, também conhecida como preguiça-bentinho e preguiça -de-garganta-amarela é uma espécie amazônica que ocorre no Amapá, Pará, Roraima e Amazonas e pode pesar até seis quilos.
Preguiça-bentinho foi encontrada no quintal de uma casa no bairro Tarumã, em Manaus.
Divulgação/Ipaam
De acordo com o ICMBio, o mamífero possui extensão de ocorrência ampla e sem grandes vetores de ameaças identificados, sendo categorizada como Menos Preocupante (LC) na escala de risco de extinção do órgão.
A pelagem dessa preguiça é marrom-acinzentada, mas a testa e a garganta possuem pelos amarelos. A preguiça-bentinho desce geralmente apenas uma vez por semana para fazer as necessidades, normalmente no período da noite, e chega a passar 18 horas por dia dormindo.
Preguiça-comum
A preguiça-comum (Bradypus variegatus), também chamada de preguiça-marmota e preguiça-de-óculos, vive nos biomas Amazônia, Mata Atlântica e Cerrado. Possui uma coloração marrom, com uma faixa de cor preta que contorna os olhos, o que justifica um dos nomes populares da espécie.
Fotojornalista tem a natureza como refúgio; preguiça-comum faz parte do acervo
Edu Fortes/ Vc no TG
O estado de conservação da preguiça é considerado Menos Preocupante (LC), conforme critérios do ICMBio. Apesar de haver indícios de declínios populacionais, segundo o instituto, estes não afetam a população a ponto desta ser categorizada em algum nível de ameaça.
É uma preguiça de menos de cinco quilos, que costuma ter um filhote por gestação. O filhote para de mamar com três a quatro semanas de idade e permanece no ventre da mãe por cerca de seis meses.
Preguiça-real
De hábitos solitários e arborícolas, a preguiça-real (Choloepus didactylus) possui coloração marrom-acinzentada, com a face mais pálida e ombros mais escuros. É uma preguiça grande, com pouco mais de 8 quilos, que possui alta longevidade.
A preguiça-real possui pelos longos e acinzentados
Alonso Huyhua Cornejo/iNaturalist
A espécie não é endêmica ao Brasil e também vive a leste dos Andes, no sul da Colômbia, Venezuela, Guianas, Equador e no Peru. Segundo a IUCN, ela não está ameaçada de extinção. Por aqui, vive na Amazônia, sendo encontrado em diversos estados que abrigam o bioma.
Preguiça-de-hoffmann
A preguiça-de-hoffmann (Choloepus hoffmanni) possui diversas semelhanças com a preguiça-real, inclusive muitas vezes recebe o mesmo nome popular de preguiça-real ou unau. Essa, no entanto, não possui a coloração escura nos ombros e pode medir até 70 centímetros de comprimento.
Preguiça-de-hoffmann é raramente vista no Brasil
Vichepatata/Inaturalist
É uma espécie raramente observada no Brasil e as informações sobre a distribuição do animal são muito limitadas. No entanto, pesquisadores acreditam que ela esteja restrita a Amazônia e seu estado de conservação é pouco preocupante.
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