29 de setembro de 2024

Debate começa com enfrentamento direto entre os candidatos à Prefeitura de SP

A Record decidiu, após a cadeirada dada por Datena em Marçal no debate da TV Cultura, fixar as cadeiras no chão. Os copos escolhidos pela produção foram os de acrílico. Marçal não levou videomaker que agrediu marqueteiro de Nunes no encontro anterior. Candidatos à Prefeitura de SP participam do debate promovido pela TV Record neste sábado (28).
Reprodução/Youtube
O debate entre candidatos à Prefeitura de São Paulo, realizado na noite deste sábado (28) pela Record, começou com perguntas entre os adversários. No primeiro bloco, os candidatos se enfrentaram em confrontos diretos com ataques sobre investigações e mudanças de posicionamento ao longo da vida pública.
Os candidatos Guilherme Boulos (PSOL), José Luiz Datena (PSDB), Marina Helena (Novo), Pablo Marçal (PRTB), Ricardo Nunes (MDB) e Tabata Amaral (PSB) participaram do encontro.
A Record decidiu, após a cadeirada dada por Datena em Marçal no debate da TV Cultura, fixar as cadeiras no chão. Os copos escolhidos pela produção foram os de acrílico. Todas as pessoas, à exceção dos candidatos, passaram por detector de metal, e três assessores puderam acompanhar os postulantes no estúdio, com um segurança cada.
Marçal desistiu de levar seu videomaker de campanha, Nahuel Medina. No último encontro entre os candidatos à prefeitura, Nahuel Medina agrediu o marqueteiro de campanha de Nunes, Duda Lima, dando um soco no rosto dele nos momentos finais da debate promovido pelo grupo Flow Podcast
Por conta da agressão, Duda Lima conseguiu uma medida protetiva contra Medina na Justiça, que impede os dois de estarem no mesmo ambiente a menos de dez metros de distância.
O debate começou pontualmente às 20h40 e o encontro tem três blocos previstos: nos dois primeiros, candidatos devem responder a perguntas feitas pelos adversários e por jornalistas. O terceiro bloco é reservado para as considerações finais.
As regras proíbem gestos desrespeitosos, palavrões e a exibição de objetos, documentos ou acessórios. Em caso de descumprimento, o mediador poderá interferir. Se houver reincidência, o candidato perderá 30 segundos da fala durante as considerações finais.
Com três punições, perde-se o direito às considerações; com quatro advertências, o candidato é expulso do debate. Em caso de expulsão, será realizado um novo sorteio.
A primeira pergunta foi feita por Boulos ao candidato José Luiz Datena. O deputado perguntou sobre a população de rua em São Paulo.
“Sobre a irresponsabilidade de ter uma cidade com 80 mil habitantes morando na rua, dentro de uma cidade-estado como São Paulo, isso é quase que um genocídio, é inadmissível”, disse Datena.
“Os abrigos são de qualidade péssima. Tão péssima que as pessoas preferem morar na rua, dividindo o chão com ratos e baratas”, continuou o apresentador. “Precisamos que a saúde chegue até essas pessoas. Onde estão os braços sociais da prefeitura?”.
O segundo a perguntar foi o candidato Pablo Marçal (PRTB), e questionou o que o atual prefeito Ricardo Nunes (MDB) fez de errado para a cidade de São Paulo ter piorado no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) no último ano.
Nunes, por sua vez, preferiu responder sobre as ações que fez na cidade na área de Educação, falando das vagas criadas em creches, zerando a fila na capital, dos mais de 500 mil tablets entregues, o aumento no piso dos professores e outras ações.
Na tréplica, Marçal condenou a falta de resposta do prefeito no assunto e fez um novo questionamento da envolvimento do atual prefeito – candidato à reeleição – na investigação da Polícia Federal que investiga a chamada ‘máfia das creches’: “Queria que você explicasse que você recebeu dinheiro em relação a mais de 100 pessoas indiciadas pela Polícia Federal. Existe lá pagamentos em seu nome, no nome de familiar. E eu queria que você desse explicação.”, afirmou Marçal.
“Olha, Pablo Henrique. Quem fugiu da polícia foi você. Fugiu pela sua condenação de ter integrado uma das maiores quadrilhas desse país para poder roubar dinheiro de pessoas humildes pela internet. Quem foi preso foi você. A minha vida é limpa e continuará limpa para sempre. Nunca tive um indiciamento, nunca tive uma condenação e não terei. Porque meu passado é honrado”, declarou Nunes.
Por conta da fala do candidato do MDB, Pablo Marçal pediu um direito de resposta à organização do debate.
A terceira pergunta foi feita por Tabata Amaral a Boulos. Ela questionou o deputado sobre parcerias entre creches privadas e a prefeitura. Segunda ela, o deputado tem um pensamento divergente do PSOL, seu partido.
“Nós vamos não só manter as creches conveniadas na cidade de São Paulo, como vamos trabalhar para equiparar as condições salariais e de jornada, dar apoio, porque a gestão do Ricardo Nunes reduziu os repasses do ponto de vista da alimentação”, alegou o psolista.
Tabata não se contentou com a resposta do adversário: “Nessa eleição, você abriu mão de muitos posicionamentos históricos que você e seu partido defenderam veementemente. Você dizia que era a favor da descriminalização das drogas, agora é contra. Dizia que era a favor da legalização do aborto, agora diz que defende a lei do jeito que está. Nessa semana, mudou sua posição em relação à Venezuela e diz agora que é uma ditadura. Mas seu partido mantém essas posições. Como você vai governar com seu partido contra, quando já existe uma dificuldade com partidos da direita?”.
Boulos lamentou a pergunta e apontou que a candidata estaria faltando com a verdade. “Quando você se torna prefeito de uma cidade, ainda mais do tamanho de São Paulo, você não governa só para seu partido, só com suas ideias, você governa para a cidade inteira”.
Ao final da resposta de Boulos, enquanto falava sobre uma proposta para a saúde, Tabata apareceu balançando a cabeça negativamente.
A quarta pergunta foi da candidata Marina Helena (Novo) para Ricardo Nunes (MDB). Ela questionou o trabalho da prefeitura para as crianças autistas na rede pública municipal de ensino. Ela também emendou outra questão sobre uma denúncia do portal Intercept, onde a campanha do MDB é acusada de pagar R$ 637 mil em aluguel de carros e ônibus para uma locadora de veículos que possuí apenas um carro.
Na resposta, Nunes falou sobre a construção do 1º Centro Municipal para Pessoas com Transtorno do Espectro do Autismo (Centro TEA) que a gestão dele está construindo em Santana, na Zona Norte.
Mas ao responder sobre a denúncia, Nunes afirmou que “não tem a mínima ideia”: “Uma coisa você pode ter certeza, não existe qualquer coisa errada, como foi a minha vida e sempre vai continuar sendo”, afirmou o prefeito.
Na tréplica, a candidata do Novo disse que ia colocar nas redes sociais os detalhes da denúncia.
“É uma denúncia que sugere desvio de dinheiro de campanha. E por que isso é importante: porque esse é um dinheiro que sai do seu bolso. (…) A questão aqui não é polemizar, mas entender o caráter de quem vai governar a nossa cidade pelos próximos quatro anos”, afirmou Marina Helena.
A primeira rodada terminou com uma pergunta de Marina Helena a Pablo Marçal. O tema abordado foi plano para reduzir impostos na cidade.
Na resposta, Marçal mencionou o candidato Boulos com um apelido, pediu desculpas, mas mesmo assim foi advertido e perdeu 30 segundos das considerações finais.

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