27 de setembro de 2024

Delegada diz que crianças e adolescentes são ameaçados até de morte por ‘abusadores sexuais digitais’

PF faz megaoperação contra pornografia infantil de crianças e adolescentes. Delegada alerta para perfis falsos que servem para aliciar e, depois, ameaçar crianças a compartilhar conteúdo sexual. A operação Terabyte, contra suspeitos de armazenar e compartilhar material de abuso sexual infantojuvenil, mostra o tamanho do desafio já no nome: são milhares e milhares de arquivos digitais com imagens de pornografia infanto-juvenil.
A operação desta quarta-feira (25) é para reprimir e conter criminosos, mas a grande frente hoje que pode freá-los é a educação sexual e a prevenção com orientação de polícias e de especialistas.
A delegada da Polícia Federal, Rafaella Parca, que comanda a operação, falou com o blog sobre essa nova modalidade de assédio: o abuso sexual digital.
A delegada é da Coordenação de Repressão a Crimes Cibernéticos Relacionados ao Abuso Sexual Infantil da PF. Segundo ela, a prioridade é combater o chamado “grooming”.
“O grooming é um aliciamento de abusadores pela internet. Eles conversam, ganham a confiança da criança e de adolescentes, usando perfis falsos. E aí, quando crianças mandam imagens, em troca de algo que interesse aquela faixa de idade (sorteios de celular ou assuntos do momento nas redes), ela passa a ser ameaçada”, afirma.
Operação da PF mira quem vende ou compartilha imagens de abuso sexual infantil
Grande alcance
Segundo a delegada, as ameaças contém detalhes sobre a família da criança e do adolescentes colhidas na internet.
“As crianças ficam desesperadas, ficam com medo de ameaças, usam informações públicas contidas em perfis de familiares nas redes. Esses criminosos ameaçam até de morte as próprias crianças ou dizem que vão matar suas famílias. E aí, com medo, crianças e adolescentes passam a compartilhar imagens libidinosas. Tem crianças que passam um ano nessa situação”, explica a delegada.
Rafaella Parca alerta ainda que esse tipo de abuso, o assédio digital, tem grande alcance. “O estupro virtual está sendo mais numeroso do que o físico, porque um criminoso consegue angariar 300, 400 vítimas, alcança vítimas no Brasil e também em outros países”, prossegue.
Ela menciona também que as plataformas precisam se comprometer no combate a esse tipo de crime gravíssimo. “É preciso responsabilização das redes”, pontua.

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