Cidade registrou 307 casos na 1ª semana de julho, contra 8,5 mil no pico, em abril. Coordenador do Programa de Arboviroses afirma que patamar segue elevado e pede colaboração da população no combate ao mosquito transmissor. Aedes Aegypti, o mosquito transmissor da dengue, em Campinas
Rogério Capela/Prefeitura de Campinas
Em meio a pior epidemia de dengue de sua história, Campinas (SP) registrou em julho o menor número de novos casos da doença desde a primeira semana de 2024.
Mas apesar da queda na transmissão, o patamar segue acima do esperado para a época e a Secretaria de Saúde reforça a importância das medidas de prevenção para interromper o ciclo de transmissão do Aedes aegypti.
“As medidas de prevenção não são para ser feitas só em um período do ano. São para sempre ser feitas sempre. O risco está sempre aí, e temos de trabalhar com redução de danos. Quanto mais agir precocemente, de forma correta, constante, mais a gente minimizar a transmissão de arboviroses”, explica Fausto de Almeida Marinho Neto, coordenador do Programa de Arboviroses de Campinas.
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Dados do Painel de Arboviroses mostram que na semana epidemiológica 28 (entre 7 e 13 de julho), Campinas registrou 307 novos casos, e possui outros 236 em investigação. No auge da epidemia, a metrópole notificou 8,5 mil casos em uma semana no mês de abril.
Fausto enfatiza que apesar da queda, os números ainda são considerados elevados para a período do ano, e parte da explicação passa por impactos da mudança climática, com períodos cada vez maiores de dias quentes, que favorece o ciclo de reprodução do mosquito transmissor.
“Essas mudanças climáticas são o ponto-chave, uma vez que aumentam a disponibilidade de tempo para a transmissão, da dengue e de outras arboviroses, como chikungunya, zika e oropouche”.
O coordenador do Programa de Arboviroses de Campinas enfatiza a importância da população colaborar nas medidas de controle, seja nas ações preventivas que são possíveis de ser feitas em casa e na região onde mora, como permitindo a atuação do serviço público.
“A gente nota um cansaço de parte da população. Temos um serviço contratado que é feito de forma initerrupta, mas aumenta a parcela da população que não abre a porta de casa para esse trabalho. Em muitos casos, além de não fazer o papel dela, também impede o agente público de fazer o trabalho dele”, orienta.
Fausto detalha que manter um patamar elevado de casos em um período antes das estações mais quentes, como primavera e verão, pode indicar um novo ciclo de muitos casos na cidade.
“O exemplo aconteceu entre 2023 e 2024. Não conseguindo interromper a transmissão, tivemos mais casos do que o normal”, completa.
Pior epidemia
Campinas já registrou 117.018 casos de dengue em 2024, com 48 mortes. O total de óbitos supera, por exemplo, a soma das vítimas dos últimos 12 anos, quando 47 moradores morreram em virtude da dengue entre 2012 e 2023.
A Secretaria de Saúde destaca que em todas as situações de óbitos registrados, “medidas preconizadas foram desencadeadas nas regiões onde residiam as pessoas que morreram”, como controle de criadouros, busca ativa de pessoas sintomáticas e nebulização para combater o mosquito Aedes aegypti, vetor da doença.
“A Secretaria de Saúde reitera o alerta feito desde 2023 com objetivo de sensibilizar a população para tentar reduzir casos e óbitos: a melhor forma de prevenção contra a dengue é eliminar qualquer acúmulo de água que possa servir de criadouro, principalmente em latas, pneus, pratos de plantas, lajes e calhas. É importante, ainda, vedar a caixa d’água e manter fechados vasos sanitários inutilizados.”
Ações desenvolvidas em 2024
Controle de criadouros: 853 mil imóveis visitados
Nebulização: cobertura de 129,3 mil imóveis
Monitoramento por chatbot: 42.278 pacientes
⚠️ Como saber se o caso é grave
O pico de transmissão da dengue em Campinas neste ano ocorreu no período entre 7 e 13 de abril. O município declarou fim do estado de emergência, mas permanece em epidemia.
“Com isso, as medidas de prevenção e combate à dengue devem ser contínuas e realizadas o ano todo pela população, inclusive durante o inverno”, destaca a pasta.
A Secretaria de Saúde recomenda aos moradores que, caso apresentem febre, procurem centros de saúde “imediatamente para diagnóstico clínico” e não banalizem os sintomas ou façam automedicação.
Embora a dengue não tenha um medicamento específico, há uma série de medidas clínicas que podem evitar o agramento e óbito, se feitas a tempo. Por isso, é preciso ficar atento aos sinais de alarme. São eles:
dor abdominal;
muitos vômitos;
algum sinal de sangramento (gengiva, por exemplo);
menstruação em maior volume, no caso das mulheres;
e sensação de desmaio.
Segundo o Departamento de Vigilância em Saúde (Devisa), o agravamento da dengue, diferente de outras doenças, acontece depois que a febre começa a diminuir. Sendo assim, caso apresente algum sinal, o paciente deve procurar uma unidade de saúde.
“Quem estiver com suspeita ou dengue confirmada e apresentar sinais de tontura, dor abdominal muito forte, vômitos repetidos, suor frio ou sangramentos deve buscar o quanto antes por auxílio em pronto-socorro ou em UPA”, orientou Andrea Von Zuben.
De acordo com Andrea, um ponto que faz a pessoa com dengue ter um desfecho favorável é conseguir beber a quantidade de líquido prescrita, que são 60 ml por quilo de peso. “Isso é em qualquer líquido e um terço disso em sais de hidratação oral”, alertou.
Como saber se você está com dengue e se é grave
Orientações à população
🌡️ A dengue causa febre alta e repentina, dores no corpo, manchas vermelhas na pele, vômito e diarreia, resultando em desidratação.
🚨 Ao apresentar algum desses sintomas, o morador deve procurar uma das unidades de saúde da cidade para atendimento médico, segundo a Secretaria de Saúde.
Algumas medidas de prevenção são:
utilize telas de proteção com buracos de, no máximo, 1,5 milímetros nas janelas de casa;
deixe as portas e janelas fechadas, principalmente nos períodos do nascer e do pôr do sol;
mantenha o terreno limpo e livre de materiais ou entulhos que possam ser criadouros;
tampe os tonéis e caixas d’água;
mantenha as calhas limpas;
deixe garrafas sempre viradas com a boca para baixo;
mantenha lixeiras bem tampadas;
deixe ralos limpos e com aplicação de tela;
limpe semanalmente ou preencha pratos de vasos de plantas com areia;
limpe com escova ou bucha os potes de água para animais;
limpe todos os acessórios de decoração que ficam fora de casa e evite o acúmulo de água em pneus e calhas;
coloque repelentes elétricos próximos às janelas (o uso é contraindicado para pessoas alérgicas);
velas ou difusores de essência de citronela também podem ser usados;
evite produtos de higiene com perfume porque podem atrair insetos;
retire água acumulada na área de serviço, atrás da máquina de lavar roupa.
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