Laudo apontou que a morte do paciente foi causada pelo agravamento de uma doença cardiovascular e não tem relação com implante de facetas. Mesmo assim, advogada da família dele vai recorrer da decisão. Luiz Carlos das Dores, de 56 anos, após fazer as facetas dentárias, em Goiânia Goiás
Reprodução/TV Anhanguera
A Justiça de Goiás arquivou a investigação contra a dentista Jamilly Silva no caso envolvendo o funcionário público Luiz Carlos das Dores, que teve infecção generalizada após colocar facetas nos dentes, em Goiânia. Uma perícia concluiu que não existe relação entre o procedimento e a causa da morte.
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O advogado da dentista, Tárcio Tocantins Costa, celebrou a determinação. Segundo ele, Jamilly sofreu muito durante o processo pois, por conta da grande repercussão do caso, lidou com muito pré-julgamento. Para ele, com o arquivamento do processo, “a justiça foi feita sem praticar uma injustiça”.
Rosangela Magalhães de Almeida, advogada da família de Luiz Carlos, informou que entrará com um recurso contra a decisão de arquivamento, pois considera que existem elementos que comprovam que a morte do paciente tem ligação com um tratamento odontológico mal conduzido pela dentista, sendo essa a razão para se buscar justiça no caso.
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A decisão pelo arquivamento do inquérito foi deferida na segunda-feira (10), acatando um pedido do Ministério Público de Goiás. Em 13 de maio, o promotor Daniel Roberto Dias do Amaral apresentou um laudo de perícia criminal de exumação, que responde uma série de perguntas sobre uma suposta atuação negligente por parte da dentista e que teria resultado na morte do funcionário público.
“O laudo de perícia criminal de exumação/cadavérico deixa claro que não existe nexo causal entre a conduta da investigada e o resultado morte; ausente tal vínculo, inexiste crime a ser imputado à investigada”, afirma o promotor.
Ele também ressalta que, com base no laudo apresentado, a morte de Luiz Carlos foi causada pelo agravamento de uma doença cardiovascular, que já existia antes dele colocar as facetas, e também por uma infecção generalizada, causada por uma bactéria que não está presente na cavidade bucal e nem está associada à colocação de facetas dentárias.
Laudo de exumação
Perícia não acha relação entre morte de Luiz Carlos das Dores e implante de facetas no dente
Reprodução/MPGO
O laudo de exumação apresentado pelo Ministério Público de Goiás afirma que, por ter uma doença cardiovascular, era arriscado que Luiz Carlos passasse por algum tratamento cirúrgico. Mas, como o implante de faceta é considerado apenas um procedimento estético (não cirúrgico), acaba sendo considerado algo não arriscado.
Foi questionado se existia a necessidade de outros exames ou tratamentos prévios terem sido feitos para proteger e preparar Luiz Carlos para o tratamento estético. Isso porque, além da doença cardiovascular, ele também tinha uma doença de perda óssea, e os dentes precisam ser desgastados para colocar as facetas.
O laudo confirmou que, para o caso em questão, era necessário fazer um tratamento periodontal e extrair dentes com perda óssea severa, pois isso garantiria um bom resultado estético final. Mas enfatizou que, a falta desses procedimentos prévios afetavam somente a durabilidade do tratamento estético, não tendo relação com a causa da morte do paciente.
Sobre qual deveria ser o atendimento realizado após as reclamações de dores feitas pelo paciente, a perícia considerou que “apesar de não ter sido realizado um diagnóstico específico sobre as queixas de dor do paciente, o quadro relatado é compatível com sensibilidade dental após a instalação de uma ou mais facetas dentais”.
Diz também que a sensibilidade nos dentes é um sintoma comum após a fixação de facetas e, a tendência na grande maioria dos casos é que a sensibilidade diminua com o passar do tempo, sendo normalmente controlada com o uso de analgésicos. Se a dor aumentar muito, um tratamento de canal pode ser recomendado.
Relembre a internação e agravamento
Luiz Carlos das Dores, de 56 anos, em Goiânia Goiás
Arquivo Pessoal/Benedito do Nascimento
O marido de Luiz Carlos, o empresário Benedito Antônio Nascimento, contou na época da morte que a vítima teve vários problemas com as próteses por mais de um mês, até que foi parar na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e não resistiu. Luiz colocou 24 facetas, que custaram R$ 42 mil.
Benedito contou que os exames de raio-x apontaram que ele tinha uma doença de perda óssea, o que, segundo outra profissional que orientou a família, impossibilitava que ele tivesse feito o procedimento. Ele foi internado no dia 8 de agosto e morreu 10 dias depois.
“No dia 27 de junho ele já estava com as facetas. Dias depois, começou a ter dores. Passou muito mal no começo de agosto. Teve inchaço em um dos dentes e uma íngua. A dentista o avaliou, mas disse que ele não tinha nada”, disse Benedito.
Depois do inchaço, Benedito contou que o marido teve falta de ar, queda na saturação e de pressão, além da dor no dente. Alguns dias depois, foi internado em um hospital, e logo transferido para a UTI de outra unidade de saúde.
Na época, em uma carta aberta no Instagram, Jamilly disse que verificou que o paciente tinha uma doença óssea e que precisava de cirurgia. Relatou ainda que o pagamento do valor total não foi feito, e que Luiz não voltou ao consultório.
Disse que o marido de Luiz entrou em contato com ela informando que ele estava com inchaço no rosto. Depois disso, ela atendeu o paciente e verificou que não havia edema. Ela ainda ressaltou que aconselhou Luiz a procurar uma emergência e a realização de novos exames.
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