Na sexta (15), o relator do inquérito no Supremo Tribunal Federal, ministro Alexandre de Moraes, retirou o sigilo dos depoimentos. Depoimentos à PF revelam reuniões entre autoridades em tentativa de golpe de estado no Brasil
O então presidente Jair Bolsonaro (PL) se fechou no Palácio do Alvorada depois do segundo turno das eleições presidenciais, em que perdeu para Lula (PT). Ele não admitiu categoricamente a derrota.
Apoiadores de Bolsonaro chegaram a fechar estradas, acamparam em frente ao quartel-general do Exército, em Brasília, e de vários quartéis. Exigiram intervenção e, por fim, atacaram as sedes dos três poderes nos atos golpistas de 8 de janeiro.
Na operação Tempus Veritatis, deflagrada pela Polícia Federal em fevereiro deste ano, provas e testemunhas expuseram uma suposta participação de Bolsonaro e de autoridades na tentativa de um golpe de estado.
Na sexta (15), o relator do inquérito no Supremo Tribunal Federal, ministro Alexandre de Moraes, retirou o sigilo dos depoimentos, que trazem novos elementos sobre o que Bolsonaro, seus ministros e assessores mais próximos estariam fazendo. A Polícia Federal ouviu 27 pessoas entre o fim de fevereiro e o início de março, a maioria de forma simultânea para evitar combinação de versões.
Segundo os depoimentos:
O então ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, pressionava as Forças Armadas a aderir ao golpe;
O então comandante da Marinha, Almir Garnier Santos, colocou as tropas à disposição do presidente
O então chefe do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno, ficou atônito ao ser informado de que a Força Aérea não participaria de qualquer movimento de ruptura institucional —o então comandante da Aeronáutica, Carlos de Almeida Baptista Júnior, havia se recusado a fazê-lo.
A PF suspeita que uma reunião com o então candidato a vice de Bolsonaro, Walter Braga Netto, discutiu operacionalizar o golpe. Na reunião estavam, segundo a PF, o ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, e o major Rafael Martins de Oliveira.
Em outra frente, o entorno político de Bolsonaro se reunia no comitê do PL, partido do ex-presidente. Segundo a PF, a casa, no Lago Sul, em Brasília, ficou conhecida como “QG do golpe”.
O que dizem os citados
A defesa do tenente coronel Mauro Cid não quis se manifestar sobre o assunto.
Os advogados do general Braga Netto informaram que não tiveram acesso integral ao inquérito. Disseram que não constataram nas informações divulgadas até agora nenhuma oportunidade em que o general tenha participado de reunião com o objetivo de operacionalizar qualquer tipo de golpe, e que não participou de encontro que apresentasse qualquer tipo de conteúdo ilícito.
O Partido LIberal enfatizou que foi absolutamente intransigente com a preservação do estado democrático de direito e que o uso indevido do imóvel sede do partido, se ocorreu, deve levar à punição dos eventuais responsáveis.
O Fantástico também entrou em contato com os representantes do ex-presidente Jair Bolsonaro, general Augusto Heleno, general Paulo Sério Nogueira, almirante Almir Garnier Santos e o major Rafael Martins Oliveira, mas não houve resposta.
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