É preciso desmistificar a ideia de que a maternidade é feita apenas de momentos felizes; familiares devem estar atentos para dar suporte à mulher. Da gestação ao pós-parto, há uma expectativa da sociedade de que os momentos que envolvem a chegada de um bebê sejam marcados apenas por felicidade. A maternidade é um período intenso, cercado por muitas mudanças, e os sentimentos de insegurança, ansiedade e muitas vezes tristeza também podem fazer parte da rotina da mulher que acaba de se tornar mãe.
Embora seja normal passar por um período de adaptação após o nascimento do bebê, familiares e amigos devem ficar atentos à intensidade dos sintomas para incentivar a mulher a buscar ajuda, pois pode se tratar de um quadro de depressão-pós-parto.
Baby blues ou depressão pós-parto?
Devido à variação hormonal que a mulher enfrenta após dar à luz, com um decréscimo muito importante do estrogênio e da progesterona, ela pode ser afetada por um transtorno emocional temporário chamado de baby blues.
Conforme a médica cooperada da Unimed Curitiba especialista em ginecologia e obstetrícia, Lilian Lang, esse transtorno acontece logo após o parto e dura por volta de duas semanas no qual a mãe está se adaptando à nova vida.
“Digo para as minhas pacientes que é o período no qual elas têm que se adaptar a ter um pequeno ser dando ordens em sua vida. Elas só conseguem comer, dormir e tomar banho quando o bebê deixa, pois o recém-nascido é muito exigente sobre suas necessidades básicas. Esse período também gera uma ansiedade na mãe em tentar saber se ela vai conseguir dar conta de cuidar do bebê”, explica.
Além da “montanha-russa hormonal”, a especialista aponta que a demora em retornar ao corpo anterior à gestação, o aparecimento de estrias, as mamas doloridas pelo processo da amamentação e muitas vezes a privação de sono também podem gerar ansiedade na mulher, trazendo à tona sentimentos como choro fácil frequente, irritabilidade, desânimo, culpa e ausência de prazer.
“É preciso observar o choro fácil que continua após as primeiras duas semanas, além do isolamento, a alimentação inadequada, as mudanças de humor e a perda da disposição ou do prazer em cuidar do bebê”, elenca a médica sobre os sinais de alerta que podem indicar a evolução do baby blues para um quadro de possível depressão pós-parto.
Sintomas da depressão pós-parto
De acordo com a especialista da Unimed Curitiba, a depressão pós-parto é um período mais prolongado e mais evidente em sintomas como choro, insônia, perda do interesse em cuidar do bebê, dificuldade para amamentar e sofrimento intenso.
Outros sinais que podem fazer parte desse transtorno mental após o nascimento do bebê são:
Cansaço extremo
Perda do interesse em atividades anteriormente prazerosas
Ambiguidade nos sentimentos com o recém-nascido, incluindo falta de vontade de cuidar do bebê, cuidado excessivo ou dificuldade para desenvolver um vínculo com o bebê
Perda ou ganho de peso rápidos
Culpa e frustração
Tristeza profunda
Desmotivação
Isolamento da família e dos amigos
Além da crença de que a maternidade envolve apenas sentimentos felizes e de que muitos dos sinais são tidos como corriqueiros após o nascimento do bebê, como insônia e cansaço, é bastante comum que a mulher que enfrenta a depressão pós-parto acabe sofrendo em silêncio. Daí a importância de a família e os amigos estarem atentos.
“Importante que familiares e médicos observem com cuidado, pois cerca de 20% das pacientes evoluem para um quadro de depressão pós-parto, essa sim é uma doença mental que precisa ser diagnosticada e tratada precocemente para evitar a perda de laços futuros entre a mãe e o bebê, além de atraso do desenvolvimento psicomotor da criança”, enfatiza a gineco-obstetra.
É possível prevenir a depressão pós-parto?
Não existe uma única resposta para essa pergunta, já que cada mulher está inserida em um contexto diferente, além de existirem fatores de risco que podem favorecer o desenvolvimento da doença, como histórico anterior de depressão, dificuldades financeiras e problemas conjugais.
De qualquer forma, é possível adotar algumas medidas para prevenir o aparecimento de sintomas de tristeza e angústia após o nascimento do bebê:
Não ter vergonha de pedir ajuda para familiares e amigos
Buscar o apoio de outras mulheres para compartilhar suas experiências e sentimentos com a maternidade
Se informar o máximo possível sobre os cuidados com o recém-nascido
Buscar informações realistas sobre a maternidade
“Muito importante o suporte familiar e do parceiro para este período inicial da vida do bebê. A mulher se sentindo acolhida e amparada terá uma estrutura emocional e física muito melhor para superar essa fase de desafios”, complementa a especialista.
Tratamento da DPP
Tanto na prevenção quanto no tratamento da depressão pós-parto, uma rede de apoio é fundamental para que a mulher se sinta segura para compartilhar suas fragilidades e tenha mais força para buscar ajuda.
Vale ressaltar que sem o tratamento adequado, a depressão pós-parto pode impactar negativamente a relação entre mãe e filho, prejudicar o desenvolvimento do bebê e até mesmo se tornar uma doença crônica.
O primeiro passo é buscar ajuda médica para que o profissional defina o tratamento para a depressão, que pode ser através do uso de medicamentos e psicoterapia. Mas a médica da Unimed Curitiba reforça que manter uma alimentação saudável, praticar atividades físicas, não se isolar da família e dos amigos e buscar hobbies também são boas estratégias e atitudes importantes para ajudar a garantir o bem-estar da mulher.
Do pronto atendimento aos consultórios do centro de especialidades, o Hospital e Maternidade Nossa Senhora de Fátima da Unimed Curitiba está 24h por dia cuidando da saúde da mulher, da mamãe e do bebê, sempre com o acolhimento e a humanização necessários.