A cota é um dinheiro disponível para deputados pagarem despesas do mandato, como ter um escritório político. Deputado Federal Gustavo Gayer (PL-GO) é alvo de uma operação da PF
O deputado federal Gustavo Gayer, do PL de Goiás, é suspeito de desviar dinheiro da cota parlamentar.
A Polícia Federal fez buscas no apartamento funcional do deputado Gustavo Gayer, em Brasília, e em um endereço dele em Goiânia. Os policiais levaram arquivos e o celular do parlamentar. E fizeram buscas nas casas de assessores; um deles tinha R$ 72 mil em dinheiro vivo em casa.
A Polícia Federal pediu as buscas, e o ministro Alexandre de Moraes, do STF – Supremo Tribunal Federal, autorizou 19, com parecer favorável da Procuradoria-Geral da República.
A PF chegou ao suposto esquema a partir do que foi encontrado no celular de um dos assessores de Gayer: João Paulo de Sousa Cavalcante. Ele até já tinha sido preso em uma investigação, a dos atos golpistas do 8 de janeiro. Analisando o celular dele, a PF encontrou os indícios sobre desvio da cota parlamentar.
A cota é um dinheiro disponível para deputados pagarem despesas do mandato, como ter um escritório político no estado. Mas, segundo a PF, o endereço onde deveria funcionar um gabinete, em Goiás, também seria usado para uma loja e uma escola de inglês.
A decisão do STF diz: “Gustavo Gayer é apontado nas investigações como peça central da associação criminosa investigada e autor intelectual dos possíveis crimes, responsável por direcionar as verbas parlamentares para atividades de particulares, as quais tinham o intuito de movimentar atos antidemocráticos”.
Em uma das mensagens obtidas pela PF, duas pessoas ligadas ao parlamentar relatam incômodo:
“A escola está sendo paga com recurso público e está sendo usada para um fim totalmente, que tipo, não existe. Não tem como ser assim. E aí eles vão levando. Ou seja, ainda não entenderam a gravidade, sabe? A gente está tipo errando, né, nesse sentido. A gente está pregando uma coisa e está vivendo outra. Infelizmente, a gente tem muitas coisas erradas acontecendo aí”.
Deputado Gustavo Gayer, do PL, é suspeito de desviar dinheiro da cota parlamentar
Jornal Nacional/ Reprodução
Nas redes sociais, o deputado rebateu:
“É surreal o que está acontecendo. Não posso… Não consigo saber o porquê que eu sofri busca e apreensão. Assessores meus recebendo busca e apreensão. Eu que nunca fiz nada de errado, nunca cometi nenhum crime”, afirmou o deputado Gustavo Gayer.
A PF também investiga uma outra frente: a criação de associações de fachada para receber dinheiro de emendas. A investigação encontrou uma ata que transcreve uma associação com diretores que teriam 8 anos, 6 anos e até 1 ano de idade. O fato levou ao nome da operação: Discalculia – um transtorno de aprendizado relacionado a números.
O Jornal Nacional não conseguiu contato com a defesa de João Paulo de Sousa Cavalcante.
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