1 de fevereiro de 2025

Desclassificados do Oscar: Casos são raros e maioria envolve questões técnicas; relembre

Karla Sofía Gascón foi acusada de descumprir regras da Academia após fazer acusação contra Fernanda Torres, mas se retratou. Veja casos que não tiveram perdão. Veja exemplos de indicações ao Oscar que foram desclassificados
Karla Sofia Gascón está em apuros após fazer acusações infundadas sobre Fernanda Torres – tanto que se retratou pouco depois.
Algumas pessoas nas redes sociais dizem que a espanhola, que concorre com a brasileira ao Oscar de melhor atriz, descumpriu regras da Academia americana e poderia ser desclassificada da premiação.
Uma fonte não identificada da revista “Rolling Stone” já afirmou que a organização isentou a estrela de “Emilia Pérez” de qualquer violação nesse episódio.
Os casos de desclassificações de indicados nesses quase 100 anos de premiação são raros — mas acontecem. A maioria deles aconteceu por questões mais técnicas, ou, pelo menos, atitudes que foram mais claramente contra o regulamento.
Relembre abaixo alguns deles:
‘Stout hearts and willing hands’ – Indicado a curta de comédia, em 1932
Tem quem fale da vez em que Charlie Chaplin teve suas indicações anuladas no primeiro Oscar de todos, em 1929, para ganhar um prêmio honorário especial por “O circo”.
Mas a primeira desclassificação foi mesmo, para muitos, o caso do curta de comédia “Stout hearts and willing hands”, em 1932. Apesar de indicada, a obra foi trocada por “Scratch-as-catch-can”. Infelizmente, não há documentação que indique o motivo.
‘Caminhos ásperos’ – Indicado a roteiro original, em 1954
“Caminhos ásperos”, um faroeste estrelado por John Wayne, foi desclassificado depois de receber uma indicação a melhor roteiro original por ser, no fim das contas, baseado em um conto. Com isso, só quatro obras concorreram em 1954.
‘Alta sociedade’ – Indicado a roteiro original, em 1957
O musical “Alta sociedade”, estrelado por Grace Kelly e Frank Sinatra, recebeu uma indicação mega equivocada para roteiro original.
Não só a história não tinha nada de original, já que era uma refilmagem, mas os roteiristas indicados pela Academia na verdade nem tinham assinado o filme. Eles eram autores de uma obra homônima, lançada um ano antes.
‘Young americans’ – Indicado a documentário, em 1969
O documentário “Young americans” é o único da história a ser desclassificado DEPOIS de ganhar o Oscar. Pouco depois da premiação, descobriram que o filme tinha sido exibido em uma única sessão mais de um ano antes, fora do período de elegibilidade. A estatueta acabou ficando com o segundo mais votado da edição, “Journey into self”.
‘O poderoso chefão’ – Indicado a trilha original, em 1973
“O poderoso chefão” é de longe o filme mais famoso dessa lista. O clássico ganhou como melhor filme, ator e roteiro adaptado em 1973, mas depois de ser desclassificado da trilha original quando descobriram que o autor, Nino Rota, tinha reaproveitado músicas de um filme anterior.
Logo em seguida, ele escreveu uma trilha completamente nova para a continuação e finalmente levou seu Oscar.
‘Un lugar en el mundo’ – Indicado a filme estrangeiro, em 1993
A história de ‘Un lugar en el mundo’ também é fascinante. O filme conseguiu uma indicação como representante do Uruguai. O problema é que a produção na verdade era argentina.
Quando não foi selecionado pelo país como o representante nacional, o diretor Adolfo Aristarain pediu ao ministro de Educação e Cultura uruguaio para ser o selecionado do vizinho.
Após a negativa do ministro, o cineasta apelou ao fundador da Cinemateca Uruguaia, que concordou em submeter o filme ao comitê local.
A Academia americana descobriu o rolo e desclassificou o drama.
‘Tuba Atlantic’ – Indicado a curta-metragem, em 2012
A desclassificação do curta “Tuba Atlantic”, em 2012, é um pouco polêmica. A Academia acusa o curta-metragem de esconder ter sido exibido na TV norueguesa em 2010. Já os produtores dizem que a organização tinha sido informada, sim.
‘Alone yet not alone’ – Indicado a canção original, em 2014
A indicação de “Alone yet not alone” como canção original do pequeno filme de mesmo nome pegou muita gente de surpresa, mas o sentimento não durou muito.
O autor era um antigo diretor da própria Academia e então membro do comitê executivo do segmento de músicos, que escolhia os indicados. Mas não foi esse problema. O problema é que ele enviou e-mails a outros membros avisando de sua participação na obra.
Uma campanha assim é um grande descumprimento das regras, e a indicação toda foi anulada.
’13 Horas: Os soldados secretos de Benghazi’ – Indicado a mixagem de som, em 2017
O caso de “13 horas” é bem parecido ao anterior, mas teve um resultado um pouco diferente. Um dos membros da equipe de mixagem de som da produção foi acusado de ligar para colegas do segmento para falar sobre sua participação no filme durante a votação.
A indicação do time continuou valendo, mas o nome de Greg P. Russell foi desclassificado.
Menções honrosas
Em 2023, aconteceram dois casos na categoria de melhor atriz. Um deles, inclusive, com paralelos com a história de Karla Sofía.
Muito se debateu a indicação de Andrea Riseborough pelo pequeno “To Leslie”, já que o diretor da produção foi acusado de ligar para diversos membros da Academia pedindo que assistissem ao filme.
No mesmo ano, Michelle Yeoh era uma das favoritas na categoria, por sua atuação em “Tudo em todo o lugar ao mesmo tempo”. A atriz quase botou tudo a perder ao publicar um trecho de um artigo que questionava se sua concorrente, Cate Blanchett, realmente precisava ganhar um Oscar pela terceira vez.
Nenhum dos casos levou a desclassificação, mas fez a Academia revisar suas regras. A própria Yeoh, aliás, ganhou sua primeira e merecidíssima estatueta.

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