26 de dezembro de 2024

Desigualdade na saúde: tempo médio para conseguir consulta em UBSs de SP chega até a 39 dias na periferia, diz estudo

Situação mais complicada é registrada Jd. Campo Grande e Cidade Líder, na Zona Sul, segundo levantamento do Instituto Cidades Sustentáveis. Porém, em bairros mais ricos como República, no Centro, Morumbi e Vila Sônia, na Zona Sul, a espera vai de zero a apenas quatro dias. Espera por consulta em UBSs da periferia de SP chega a 39 dias, diz estudo
Levantamento do Instituto Cidades Sustentáveis aponta que moradores da periferia de São Paulo são os que mais sofrem na espera por uma consulta nas unidades básicas de saúde da capital paulista.
De acordo com a pesquisa, um paciente que mora em bairros como Jd. Campo Grande e Cidade Líder, na Zona Sul, demora cerca de 39 dias para conseguir uma consulta com um clínico geral.
Porém, em bairros como República, no Centro, Morumbi e Vila Sônia, na Zona Sul, e Jardim Marsilac, a espera vai de zero a apenas quatro dias.
Estudo mostra tempo de espera para conseguir consulta em UBS em vários bairros da cidade de São Paulo.
Reprodução/TV Globo
A reportagem do Bom Dia SP visitou nesta sexta-feira (8) a UBS Camargo Novo, no Itaim Paulista, na Zona Leste, e encontrou por lá uma imensa fila de pacientes esperando para conseguir atendimento.
O bairro tem uma espera média de espera de 20 dias para conseguir uma consulta com o clínico geral. Mas na UBS Camargo Novo não existe agendamento de consulta e por isso, quem precisa passar no médico chega na frente do posto ainda de madrugada.
Alguns pacientes narraram que chegaram no local por volta das 4h da manhã entra numa fila e aguarda a distribuição de senhas.
Por volta de 07 horas, a unidade é aberta e caso o número de pessoas na fila seja maior do que o número de senhas distribuídas, essas pessoas precisam voltar para casa e ir até a UBS outro dia. Elas vão embora sem ao menos conseguir agendar uma consulta.
A situação se repete diariamente há vários meses, segundo os moradores do bairro. Há muita reclamação sobre a falta de atendimento digno na unidade (veja vídeo abaixo).
Pacientes de UBS no Itaim Paulista chegam às 4h da manhã para conseguir senha de atendimento
Segundo o coordenador geral do Instituto Cidades Sustentáveis, Jorge Abrahão, houve uma redução dos profissionais de médicos nos atendimentos do programa saúde da família nos últimos 10 anos na cidade, o que acentuou a desigualdade de atendimento na cidade.
“A gente observa que os dez distritos com melhores atendimentos em SP, nove tem o programa de saúde da família, que ajuda a prevenir os problemas, orientar as pessoas e melhora o fluxo de atendimento. Houve uma redução dos profissionais de médicos nos atendimentos nos últimos 10 anos de 11% e nesse mesmo período a cidade cresceu 1,1 milhão pessoas. A quantidade de profissionais disponíveis para atendimento também é algo que contribui pra redução do atendimento de pessoas dentro das UBSs”, disse Jorge Abrahão.
Sofrimento da população
A desigualdade na saúde da capital paulista não é medida apenas pelos números, mas também no sofrimento das pessoas que aguardam dias na tentativa de um atendimento rápido em várias partes da cidade.
A dona Francisca de Fátima Pereira da Silva é aposentada e diz que sempre dependeu do sistema público de saúde, mas ultimamente tá tendo que se virar, pagando do próprio bolso, para não ficar sem atendimento.
“Minha filha teve que correr no doutor consulta, fez o contrato, pagou e ai eu já fui atendida numa consulta. Ele passou as receitas. Aí eu fui comprar os remédios que eu tô até hoje e agora que me chamaram pra vir pegar aqui na UBS”, disse ela.
[Se precisar com urgência] você morre, morre porque não dá tempo. se precisar por conta de uma doença grave que vai aumentar muito rapidamente nesse período você já morreu”, completou.
O que diz a Prefeitura de SP
Por meio de nota, a Secretaria Municipal da Saúde disse que as UBSs atendem sem necessidade de agendamento prévio, de acordo com o quadro clínico de cada usuário.
E que as consultas são agendadas presencialmente, mas tem também a opção de marcar pelo aplicativo ‘Agenda Fácil’.
A secretaria reforçou, ainda, que as pessoas não precisam chegar antes do horário de atendimento, que é de segunda a sexta-feira, das 7 da manhã às 7 da noite.
A gestão Ricardo Nunes (MDB) se comprometeu a reforçar com as unidades que o atendimento deve ser agilizado, mesmo que haja grande procura presencial.

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