8 de novembro de 2024

‘Deus salvou a vida dele’, diz irmão de cruzeirense internado com 20% do corpo queimado e traumatismo após emboscada palmeirense


Integrante da Máfia Azul do Cruzeiro teve queimaduras e traumatismo craniano após ataque da Mancha Alviverde em 27 de outubro em Mairiporã, Grande SP. Na quinta (7) ele recebeu alta da UTI, mas segue internado no Hospital Estadual de Franco da Rocha. Ônibus foram destruídos durante briga entre torcedores de Palmeiras e Cruzeiro na Rodovia Fernão Dias, em Mairiporã, na Grande SP
Montagem/g1
O irmão do cruzeirense ferido no mês passado numa emboscada da torcida organizada Mancha Alviverde do Palmeiras contra a Máfia Azul do Cruzeiro disse nesta semana à TV Globo que “Deus salvou a vida” do torcedor.
Até a última atualização desta reportagem ele continuava internado no Hospital Estadual de Franco da Rocha, na Grande São Paulo. Já são duas semanas dentro da unidade médica. Na quinta-feira (7), o homem deixou a Unidade de Terapia Intensiva (UTI), onde estava em estado grave, e foi para o quarto. Seu estado de saúde passou a ser estável. Mas ainda não há previsão de alta.
A vítima teve 20% do corpo queimado e sofreu traumatismo craniano quando palmeirenses atacaram com barras de ferro e rojões dois ônibus onde ele e outros cruzeirenses estavam. Torcedores da Máfia foram agredidos pelos da Mancha.
A emboscada dos palmeirenses contra os cruzeirenses ocorreu no dia 27 de outubro na Rodovia Fernão Dias em Mairiporã, Grande São Paulo. Um dos ônibus foi incendiado e outro acabou depredado. Um cruzeirense morreu e 17 outros membros da Máfia ficaram feridos.
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O integrante da Máfia Azul sofreu traumatismo craniano e teve 20% do corpo queimado por conta das agressões com barra de ferro e dos rojões, segundo o irmão — que prefere não ser identificado.
“Deus salvou a vida do meu irmão. Deu outra vida para ele. Ele ficou sedado, intubado, todo machucado. Agora tiraram as medicações. Exceto antibióticos para tratar uma pneumonia. E, segundo os médicos, ele não vai precisar passar por cirurgia na cabeça”, contou.
Na segunda (4), o torcedor acordou do coma induzido após médicos retiraram a sedação. Ele também não está mais com ventilação mecânica.
O irmão contou que o cruzeirense lembra de tudo. “Ele está muito triste com a morte do colega José Victor e muito chateado pelos colegas que ficaram feridos.”
Os integrantes da Máfia Azul estavam no ônibus quando os palmeirenses atacaram e colocaram fogo. “Ele contou que foi muito rápido. Eles já chegaram atirando rojões e coquetéis molotov. Que iam matar eles, xingaram muito.”
O irmão do torcedor ainda disse que a família espera que a Polícia Civil prenda logo todos os envolvidos na emboscada. “Nós queremos que eles sejam presos, julgados, condenados e peguem muitos anos de prisão. Mesmo aqueles que estavam lá só gritando. Queremos que todos sejam presos, sem exceções.”
A família também elogiou o atendimento nos dois hospitais que o cruzeirense passou.
“Minha família queria agradecer os profissionais do Hospital Anjo Gabriel que atenderam meu irmão quando ele chegou. O primeiro atendimento foi fundamental para salvar a vida meu irmão. E queríamos agradecer também os médicos e enfermeiros do Hospital Estadual de Franco da Rocha, onde ele está agora. Eles estão sendo muito profissionais com meu irmão. Fazendo de tudo para que ele se recupere logo.”
Emboscada
Como foi planejada a emboscada da torcida Mancha Alviverde contra os rivais da Máfia Azul
Integrantes da Mancha Alviverde, maior torcida organizada do Palmeiras, usaram barras de ferro e rojões para baterem em membros da Máfia Azul, do Cruzeiro. Eles usaram miguelitos (pregos retorcidos) para furar os pneus de dois ônibus dos torcedores cruzeirenses. Um dos veículos foi incendiado e outro acabou depredado.
De acordo com a investigação policial, os palmeirenses atacaram os cruzeirenses para se vingar deles de um ataque sofreram na mesma rodovia em 2022, mas em Minas Gerais. Naquela ocasião, torcedores da Máfia bateram nos rivais da Mancha e compartilharam vídeos das agressões nas redes sociais.
No troco, os integrantes da Mancha fizeram os mesmo. A polícia analisou esses vídeos e filmagens de câmeras de monitoramento para identificar os palmeirenses que agrediram os cruzeirenses no mês passado.
7 palmeirenses identificados
Os sete palmeirenses que tiveram as prisões decretadas (da esquerda para a direita): Jorge Santos, Leandro Santos, Aurélio Lima e Alekssander Tancredi (na primeira linha); Felipe Santos, Neilo Silva e Jeovan Patini (na segunda linha)
Reprodução/Arquivo pessoal
Um palmeirense foi preso temporariamente por determinação da Justiça. Outros seis estão sendo procurados e são considerados foragidos. São eles:
Alekssander Ricardo Tancredi: torcedor da Mancha preso na sexta-feira passada foi indiciado pela polícia por homicídio, lesão corporal, dano, tumulto e associação criminosa. Está detido temporariamente por 30 dias na carceragem do 8º Distrito Policial (DP), no Brás. É investigado por suspeita de participar da execução do crime.
Jorge Luiz Sampaio Santos: presidente da Mancha é apontado pela investigação como o responsável por idealizar, planejar e executar a emboscada aos cruzeirenses. Teve a prisão temporária decretada mas está foragido.
Felipe Mattos dos Santos: o “Fezinho”, vice-presidente da torcida, também é investigado por participação decisiva na execução do plano. Segue foragido.
Leandro Gomes dos Santos: o “Leandrinho”, diretor da organizada, é foragido.
Aurélio Andrade de Lima: torcedor da Mancha, está foragido.
Neilo Ferreira e Silva: o “Lagartixa”, professor de boxe e muai thai, apontado como linha de frente da Mancha na emboscada, segue foragido.
Jeovan Fleury Patini: torcedor na Mancha e foragido.
Segundo a investigação, todos os palmeirenses que forem identificados e presos responderão por participação no homicídio do cruzeirense José Victor Miranda e nas lesões corporais contra os outros membros da Máfia. Além disso, serão responsabilizados por dano, tumulto e associação criminosa.
Quem tiver informações sobre o paradeiro dos investigados pode telefonar para o Disque-Denúncia pelo número 181. Não é preciso se identificar.
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